Custódia

5.5K 729 2.2K
                                    


Capítulo VII- Custódia

"Seja paciente, às vezes você tem que passar pelo pior para ser o melhor."

A padaria da esquina continuava igualzinha, destoando completamente do cenário atual que se tornou aquela rua, após tantos anos. A floricultura que ficava logo depois, era também, junto com a padaria, uns dos poucos estabelecimentos que não se renderam à modernidade, mantendo a arquitetura clássica e o ar romântico da Cranberry Street.

Namjoon sentia falta dos anos que morou naquela rua, naquele tempo, parecia que suas preocupações eram menores e seus problemas mais fáceis de resolver. Quando Hoseok lhe passou os dados de Seokjin, não ficou surpreso em saber que ele não tinha mudado de endereço.

E agora parado em frente a escada que dava acesso à porta de entrada daquela pequena casa amarela, parecida com muitas outras ali, seu coração falhava batidas e seus dedos envolviam com força o suporte do buquê de camélias que comprou — um pouco antes de chegar — naquela mesma floricultura onde comprava uma única rosa para presentear seu amor todo o dia treze de cada mês, em comemoração a mais uma data juntos.

Não sabia como Seokjin reagiria ao lhe ver depois de tanto tempo, mas independente do que fosse acontecer dali pra frente, decidiu que o queria de volta em sua vida, de qualquer forma, e dessa vez para sempre.

Dentro da residência, Seokjin estava em um estado caótico. Tinha praticamente fugido do escritório de Jungkook, travando uma briga com sua própria mente para que seu corpo não desabasse entre as pessoas no meio da rua, ou na frente do taxista.

Foi forte até por um dos pés dentro de casa, do seu refúgio, e então bastou a porta fechar-se atrás de si para a onda de contrações causadas pelo choro intenso, mesclado com uma leve falta de ar, lhe atingir como há muito tempo não vinha acontecendo, fazendo-o deslizar as costas pela porta, até deitar no chão frio da entrada, encolhido feito um bebê em posição fetal.

Ele chorava por mais uma vez não conseguir ter domínio sobre a própria vida, porque a fobia que lhe acompanhou durante toda a sua existência, estava novamente regendo a sua história e lhe lembrando das suas constantes limitações. Ele sofria, pois, por mais que a controlasse bem melhor agora, ela ainda parecia tão poderosa quanto há anos atrás. E não via solução para o problema que criou quando decidiu colocar em seu currículo que tinha a licença de contador.

Quando fez, primeiro não imaginou que funcionaria, porém quando foi entrevistado e teve um desempenho muito melhor que seus concorrentes não se sentiu errado em mentir, afinal sabia fazer o trabalho e melhor que muitos que estavam em posições acima da que almejava no momento, entretanto, sempre soube que esse dia poderia chegar, mesmo não achando justo, tinha consciência que foi um erro, porém, que escolha tinha? Estava cansado de deixar seus sonhos de lado.

Sempre que dava um passo pra frente, a ansiedade lhe puxava e fazia retroceder mais dois, e agora seu trabalho, que era a única coisa que o fazia sentir-se útil — mesmo estando somente atrás de uma tela de monitor, organizando planilhas e projeções numéricas — estava sendo retirado de si. Estava perdido, questionando e sucumbindo ao medo da solidão outra vez.

Sentia seu estômago revirar a medida que pensava no que faria, se aceitasse o acordo de demissão ganharia um bom dinheiro, mas tinha suas economias e não teria outra chance de trabalhar como diretor financeiro outra vez, não cometeria novamente o mesmo erro e já tinha aceitado que não conseguiria tirar a licença da maneira convencional como qualquer pessoa normal. E se não aceitasse e os denunciasse por desvio de verba os resultados também seriam os mesmos; sem emprego, lhe restando somente suas economias, entretanto, existia um risco acrescido aos resultados.

O Amor no banco dos RéusOnde histórias criam vida. Descubra agora