Depoente - Parte II

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Capítulo IX- Depoente- Parte II

"Às vezes os mocinhos precisam fazer coisas ruins para que os bandidos paguem."

Taehyung acordou, permanecendo alguns segundos parado tentando entender onde estava. Lembrou de estar nos braços que Jungkook antes de adormecer, ainda sentia seu cheiro e a sensação de aconchego, foi quando percebeu estar abraçado ao travesseiro dele, deitado quentinho na cama do seu quarto, com meias nos pés. Sorriu. Apesar de tudo, Jungkook ainda tinha os mesmos cuidados consigo, mas o sorriso se desfez aos poucos, lembranças contando-lhe a realidade dos fatos; tentou fugir da verdade, enterrando o nariz no travesseiro novamente.

"Por que você tinha que ser tão filha da puta, conejito? E tão bom pra mim depois."

Março de 2018

"Eram oito e meia da manhã e Taehyung aguardava em frente ao prédio desde às sete. Esperava finalmente conseguir abordar o advogado e apresentar-lhe o seu caso. Há semanas tentava agendar um horário na Hagan, mas ao que parecia a empresa estava efetuando grandes mudanças e ampliando suas parcerias, o que demandava a atenção de quase todo o contingente de funcionários, todavia ele só precisava da atenção de um só.

Jeon Jungkook.

Tinha um caso grande nas mãos e não podia arriscar entregar para qualquer advogado que pudesse ser influenciado e subornado facilmente. Precisava do melhor, e se fosse preciso passaria horas na porta da empresa esperando sua chegada.

O jovem de cabelos loiros, desalinhados e desbotados, estava em pé com uma pilha de cinco pastas volumosas nas mãos. Ele parecia abatido,o corpo magro com aspecto adoecido, olheiras fundas, pele sem brilho e lábios ressecados.

Ainda se recuperava dos meses obscuros, como seu irmão costumava chamar. Ele havia perdido tudo; a família, a carreira, seu pai se recusava a falar consigo e a única pessoa que ficou ao seu lado foi o irmão, que abdicou da própria vida para pôr a dele de volta nos trilhos.

Depois do divórcio, tudo desmoronou, uma coisa por vez, transformando sua vida em desespero, não lhe restando nenhuma opção a não ser afundar-se dia após dia em um limbo de vícios, tristeza e lamentações. E quando a única pessoa que o mantinha disposto a tentar algo foi afastada dele, tudo mudou. Sofia era a motivação que precisava para reerguer-se e lutar com todas as forças para recuperar tudo que foi arrancado covardemente de si.

— Sr. Jeon! — Andou a passos apressados quando avistou o advogado aproximar-se do prédio.

Jungkook, por sua vez, fingiu não ser chamado.

— Sr. Jeon, por favor, prometo não tomar muito do seu tempo.

Conseguiu alcançá-lo colocando-se à sua frente, fazendo-o parar e olhá-lo de uma forma tão superior que se sentiu pequeno por um instante. Reconheceu não estar nos seus melhores dias, seu cabelo estava desalinhado e em um tom de loiro ressecado, sua pele sem vida e não estava usando o seu melhor terno, já que esse estava muito folgado por ter perdido muito peso, mas, mesmo assim, aquele olhar carregado de desprezo o fez questionar se sua aparência estava pior do que pensava.

— E-eu tentei m-marcar um- — Ficou tão nervoso com a presença e o olhar imponente do advogado que todo o texto que havia decorado para convencê-lo a aceitar seu caso, fugiu de sua mente.

— Saia da minha frente, meu tempo é precioso demais, rapaz. — Já estava impaciente. Não era a primeira vez que lhe abordavam na frente da empresa, tentando fazê-lo aceitar algum caso impossível ou pro bono. — E, eu não faço caridade. — Desviou dele, tentando seguir seu caminho quando o outro lhe agarrou o braço.

O Amor no banco dos RéusOnde histórias criam vida. Descubra agora