Nulidade

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Capítulo IV- Nulidade

"Vencedores não dão desculpas quando o outro lado joga o jogo."

Paciência, eloquência, raciocínio lógico, estratégico e analítico, ser arguto, conhecedor dos artifícios dos jogos de poder e outras miríades de virtudes compõem um bom advogado.

Min Yoongi tinha tudo isso e mais uma dose generosa de charme que fazia seus subordinados temerem em respeito ou tremerem em um frenesi de admiração e até desejo.

O ambiente mudava quando ele chegava toda manhã passando pelas portas espelhadas da Hagan, como um rei a caminho do seu trono, desfrutando com satisfação a sensação de ter qualquer coisa ao alcance das suas mãos grandes e cálidas. Sensação essa que evaporava feito névoa, assim que atravessava o corredor em que ficavam os associados juniores, cada em um seu cubículo com olhares que chegavam a brilhar em admiração e lábios prontos para bajulá-lo com elogios ao seu terno novo, ao novo corte de cabelo ou a aquisição de mais alguma carteira de clientes, até avistar um certo assistente jurídico em sua mesa na ala dos sócios sêniores.

Atravessar todas as manhãs aquele corredor fazia-o sentir-se um rei adorado e reverenciado pelos súditos até sua coroa tornar-se de espinhos sob o olhar indiferente e desrespeitoso de Park Jimin e ele ter certeza de que, aos olhos dele, só teria cravos e uma cruz de madeiro. Era frustrante, pois todos os seus atributos pareciam insignificantes diante da existência cativante de Jimin, e admitia, não tinha mais formas de lutar para conseguir dele o que almejava há um bom tempo; respeito.

— Jungkook está na sala? — A pergunta saiu meio despretensiosa, já que não esperou resposta e continuou caminhando em direção ao escritório do sócio.

— Nem mais um passo, Yoongi! — A voz aveludada do assistente deixava a ordem ainda mais afiada. Ele nem ao menos fez questão de levantar o olhar do computador, pois tinha certeza de que o advogado estagnou no lugar assim que o comando lhe foi dado.

— Eu preciso falar com o Jungkook, Jimin. — Arriou os ombros. Não adiantava entrar naquela briga, iria gastar energia em vão. E não eram nem oito da manhã.

— E eu preciso da nova Gabrielle Habbo que a Chanel lançou. Ah! Mas olha... — Levantou a bolsa pequena de couro preta e detalhes dourado — Eu tenho — a ironia em sua voz era bem irritante —, mas no seu caso nem todos têm o que querem — concluiu a frase, passando os dedos por entre os fios loiros e sedosos em um movimento que fazia sua testa ficar brevemente a mostra, deixando-o ainda mais bonito.

— Eu não tenho tempo para joguinhos, Ji.

— Sr. Park — corrigiu.

— Sr. Park, eu não tenho tempo a perder. — Respirou fundo aproximando-se da mesa do assistente, apoiando ambas as mãos no balcão que os separavam.

— Então eu sugiro que o senhor se retire para a sua sala, já que eu também não tenho tempo para lhe dar ou vender.

— Qualquer dia desses você será demitido, Sr. Park — O olhar semicerrado e felino nem ao menos chegava a abalar Jimin.

— Não será não!

Estava tão compenetrado na troca de farpas e olhares com o assistente que não percebeu a chegada de Jeon. Este que estendeu o copo do Starbucks para o amigo, lhe dando um beijinho estalado na bochecha, o fazendo sorrir em satisfação tanto pelo cumprimento diário — que era praticamente um rito entre os dois —, quanto pelo sabor da baunilha em sua bebida que envolveu seu paladar.

— Melhor eu não pegar você tentando ameaçar meu assistente novamente, Yoongi! — falava um pouco mais alto por já estar entrando na própria sala.

O Amor no banco dos RéusOnde histórias criam vida. Descubra agora