Qui tacet, consentire videtur

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Capítulo XII- Qui tacet, consentire videtur

"As pessoas às vezes esquecem que existem coisas mais importantes do que o dinheiro."

Quando tomamos um susto, o nosso cérebro percebe algo inesperado acontecendo, e exige do nosso corpo uma resposta física e psicológica imediata.

Dependendo da intensidade do choque, uma onda de sensações diferentes percorrem nosso corpo e em frações de segundos, podemos sentir como se nossa alma se desprendesse de nós e alcançasse o plano espiritual, gerando a retração das pálpebras, aumento da pressão arterial, taquicardia, contração involuntária dos músculos, medo agudo seguido de raiva, ansiedade, e até vontade de chorar. Porém, em alguns casos o susto é tão extemporâneo que uma reação tardia do corpo é aceitável.

Jungkook sentiu todas as emoções pelo susto de saber que Sofia Davis era, na verdade, Kim Sofia.

Os olhos arregalados, o sobressalto que gerou o engasgo, a batedeira no coração, foram imediatos, as outras reações vieram lenta e gradativamente, seu cérebro se contraiu diante a situação e quando voltou a funcionar, sua pele empalideceu e esfriou, todo seu fluxo sanguíneo foi direcionado aos músculos do cérebro e após passar bons minutos estático olhando através de Sofia, que estava em sua frente de sobrancelhas franzidas sacudindo uma das mãos na altura dos seus olhos, tentando fazê-lo voltar ao normal.

Jeon finalmente conseguiu raciocinar e voltar a falar.

— Uma filha!

Quase morreu engasgado pelo choque que foi saber da paternidade de Taehyung e perdeu-se por um momento na inocência de Sofia. Após esse instante, Jungkook conseguiu pôr em palavras tudo que estava lhe derretendo os miolos; era como assistir à vida voltando para o seu corpo, à medida que as palavras se formavam em sua garganta e vibravam suas cordas vocais. O rubor coloriu suas orelhas, bochechas, pescoço e clavículas.

Sua alma voltara ao corpo.

— Como isso aconteceu, Taehyung?!

Despertando de um choque hiperagudo, ele falou exasperado, a voz subindo e afinando algumas oitavas, fazendo Sofia se encolher e rir logo em seguida pelo pequeno susto que levou quando Jungkook saiu do modo estátua e pareceu voltar a funcionar outra vez.

— Você não sabe nem cuidar de você mesmo! Uma filha?!

— É, Jungkook, uma filha — respondeu irritado, ele realmente estava chegando ao limite da sua paciência com a audácia do advogado. Fixou o olhar no dele. — E eu vou ter mesmo que te explicar de onde vem os bebês?

Jungkook ainda estava meio atordoado e Taehyung respirava fundo para controlar a tempestade que estava em seu peito, sentia que poderia chorar desenfreadamente, gritar até suas cordas vocais romperem, ou até conseguir pôr para fora tudo o que estava entalado há quase dois anos em seu peito, bem na cara do advogado, mas a voz de Sofia quebrou o conflito implícito iniciado entre eles com aquela disputa olho no olho de quem pisca primeiro.

— Eu sei de onde vem.

— Sabe?! — Taehyung, em um misto de espanto e confusão, perguntou.

— Sim — Acenou positivo com a cabeça.

Ele e Jungkook se entreolharam outra vez, ambos sem coragem de fazer mais uma pergunta e descobrir o quanto ela sabia sobre aquele assunto. O pai já começava a suar frio, afinal Sofia só tinha quatro anos, ela não devia saber dessas coisas. Deveria?

Sofia, que estava caladinha alternando a atenção entre o pai e o tio Jungkook, se pronunciou cautelosa. Sua avó sempre lhe alertou sobre como era errado uma criança se intrometer em conversas de adultos, mas como Jungkook parecia muito confuso, e Taehyung, bravo demais, achou válido ela mesma explicar para ele de onde vinha os bebês, como sua professora explicou na escolinha.

O Amor no banco dos RéusOnde histórias criam vida. Descubra agora