Dolo

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Capítulo II- Dolo

"Nunca aumente o tom da voz. Melhore os argumentos."

Horas antes da audiência

"E o cachorrinho?

De novo esse assunto, Tae?

Há quase um mês Taehyung insistia que deveriam adotar um cachorrinho. Pequeno, que se encaixasse nas regras do prédio, de uma raça que pudesse ser criada tranquilamente em um apartamento. Jeon foi contra. Desde então, sempre que tinha oportunidade, o fotógrafo voltava ao assunto tentando a todo custo convencer o namorado.

Conejito... falava arrastado, destacando o sotaque que Jeon tanto gostava de ouvir em sua voz rouca logo cedo.

Nem vem tentar me dobrar Estava sentado na poltrona à frente da cama calçando os sapatos sociais, achando uma graça como Taehyung ficava fofo quando era contrariado , nem fazer manha. Vamos levantar dessa cama e desmanchar esse bico. Não adianta, não vamos ter um cachorro agora, benzinho.

Hum... agora não! exclamou animado, levantando um pouco o rosto do travesseiro. Então quer dizer que a ideia não está totalmente descartada.

Acordou antes de Jungkook, e passou um bom tempo olhando-o dormir serenamente enquanto milhares de coisas passavam por sua mente, inclusive como tudo seria depois daquela manhã. Levantou, tomou banho e retornou para cama a fim de acordá-lo, depois continuou ali deitado de frente para o colchão, nu, sentindo mais um pouquinho o seu cheiro misturado ao dele entre os lençóis, tentando convencê-lo mais uma vez a adotar um filhote, enquanto o outro se vestia para mais uma audiência, como se aquela manhã não passassem de só mais uma, na qual faziam planos para o dia, para a semana... como se nada fosse realmente mudar.

Quer dizer que o senhor precisa levantar e vestir uma roupa. Puxava-o pelos pés, fazendo com que se aproximasse da ponta da cama. Não posso me atrasar, e ficar olhando essa bunda Aproximou o rosto da carne farta, mordendo com vontade, passando a língua por cima da marca dos dentes , já está me deixando duro. Vem, vamos tomar café chamou-o, deixando por fim um beijinho no lugar.

Hum..., mas está cedo, conejito.

Preciso ir ao outro lado da cidade buscar uma encomenda. Você vai querer carona?

No. Tudo bem, vou mais tarde de táxi. Colocou um roupão indo na direção da cozinha. Comprei seu leite ontem. Vou fazer tortilhas pra você.

Dispenso! Tomou rapidamente à frente do caminho para a cozinha, soltando leves risos. Põe a mesa, benzinho, deixa que hoje faço o café. Adoro você, mas não o suficiente para comer suas tortilhas todos os dias.

Pero, o leitinho todo dia você não dispensa, né? O tom sugestivo e divertido era bem claro. Só não vou me sentir ofendido, porque ver você sem camisa, vestido nessa calça social justa que adoro e ainda por cima cozinhando pra mim, é tentador demais para reclamar.

⚖️

A lembrança do café da manhã regado a flertes e carinhos veio sem permissão, atingindo-o em cheio.

Mesmo com todas as instruções, experiência, equilíbrio, posição dos pés, rotação de tronco, e anos de treinamento no boxe, nada importou naquele momento.

Apenas raiva o dominava.

Ouvir a ameaça explícita de Taehyung fez sua feição mudar, e a mandíbula travar, extremamente tensionada a ponto de seus dentes estalarem por conta do atrito da tensão. Como depois de tudo ele ainda ousa querer algo de si?

O Amor no banco dos RéusOnde histórias criam vida. Descubra agora