Veredicto - Parte I

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"Não vá a julgamento se você não vai vencer."

Assim como O Príncipe de Maquiavel, A Arte da Guerra tem por obrigação ser o livro de cabeceira de qualquer bom advogado que dedique a sua carreira a embates diretos em tribunais e que deseje obter e manter o poder. Saber as estratagemas de um conflito, onde e quando aplicá-las difere vencedores de perdedores. Saber reconhecer o campo de batalha, seu oponente e principalmente a si mesmo, lhe fará triunfar, seja em uma ou em cem batalhas.

Sun Tzu em A Arte da Guerra disse: "Apresente uma vantagem aparente ao inimigo e ele virá até sua armadilha. O ameace com algum perigo e você poderá pará-lo."

Jeongguk conhecia bem seus inimigos, sabia da própria capacidade em vencê-los, reconhecia o terreno árido do seu campo de batalha, e por isso, reconhecia que uma vitória no momento, apesar de possível, poderia gerar baixas irreparáveis em seu pequeno exército.

Atacaram a Jimin, sua retaguarda mais resistente, e ainda assim, conseguiram abalá-la. Sabia que as demais posições da sua tropa não eram assim tão sólidas, cada um deles tinha um ponto fraco específico e vulnerável. Seokjin tinha seus segredos e fobia, que afetam não só a ele como a Namjoon também; Hoseok, Jimin e Yoongi estavam totalmente interligados como partes de um único esqueleto, onde qualquer parte a ser atingida causaria um eminente desequilíbrio no todo, e Taehyung tinha Sofia e a ele, o que consequentemente se tornavam seu próprio ponto fraco. Temia sucumbir caso o inimigo direcionasse a sua estratégia a eles. Se ele atacasse a todos de uma vez, não teria como sua esquerda proteger a ala direita, tampouco a tropa da frente proteger a retaguarda. Ficariam encurralados, e mesmo estando em maior número, perderiam.

Não podia permitir que seu exército fosse um a um dizimado por Robert Davis e seus recursos perante a um julgamento. Usaria todo seu conhecimento estratégico e mudaria o cenário adverso, posicionaria suas tropas e traria o inimigo até a sua armadilha.

E a vantagem aparente que precisavam para pôr tudo isso em prática, estava ali, sentada diante a Jimin.

— Eu não sei do que está falando.

— Então deixe-me te recordar — Arrumou a postura na cadeira e sacudiu a folha em frente aos olhos — Seu verdadeiro nome é Ava Willians, contratada pela Auditore para ser os olhos e ouvidos deles aqui dentro. Sabe o que descobri, Jeongguk — direcionou a fala ao advogado ainda mantendo os olhos presos no papel —, nossa querida tem um excelente currículo, tão bom quanto o meu, tornando praticamente impossível não cogitarem ela para me substituir. Mas como eu disse, achei bem burro para uma pessoa tão esperta receber um pagamento nominal dos Davis diretamente na conta pessoal, foi fácil demais ligá-los.

— Essas informações são pessoais, seja lá como as conseguiu, tudo que está nesse papel aí é ilegal!

— Pelo jeito a sua amnésia foi curada — debochou, estendendo a folha que estava em mãos sobre a mesa, mostrando que ele estava completamente em branco. — Agora, tem algo que estou curioso...

Levantou da cadeira, deu a volta na mesa e parou ao lado da jovem, inclinou-se para ficar rente a altura da sua cabeça e questionou:

— De qual dos dois você é amante?

Ava soprou um riso, abandonando completamente seu personagem.

— Nem todas as mulheres ambiciosas precisam abrir as pernas para conseguirem o que desejam.

Jeongguk ergueu uma sobrancelha e sorriu ladino, gostava de pessoas ousadas.

— E o que você deseja, Ava?

O advogado perguntou, fazendo-a girar, levantar e voltar-se para ele, sentado no divã.

— Carreira, dinheiro... estabelecer meu lugar nesse mercado tão competitivo e principalmente injusto com mulheres.

O Amor no banco dos RéusOnde histórias criam vida. Descubra agora