O Amor no banco dos Réus

Peças

Capítulo V- Peças

"Você já amou tanto uma pessoa que faria qualquer coisa por ela? Faça essa pessoa ser você e faça tudo para conseguir o que quer.

Assim como os sistemas do corpo humano e os órgãos que o compõem são codependentes para sobreviver, os humanos também são dependentes de uma convergência de sentimentos, pensamentos, e amores para manterem-se vivos.

Por mais que, algumas vezes, tentamos nos convencer do contrário, a nossa felicidade e saúde dependem, em partes, de que os nossos relacionamentos não sejam só funcionais, mas que prosperem, sejam eles românticos, familiares ou sociais, e que possamos fechar os olhos e segurar na mão um do outro por simplesmente confiar que alguém não te deixará só em meio a escuridão.

Os nossos corpos lembram de todo o processo de cura depois de superarmos uma doença ou ferimento, aprendemos com o passado e desenvolvemos meios para conseguir triunfar caso venha acontecer novamente. Nossos corpos estão prontos para se regenerar. É basicamente: quanto mais passamos por uma coisa, mais conseguimos superá-la caso ocorra novamente, ou é o que pensamos.

Porque se existe algo que não se regenera com a recorrência é a ferida na confiança, porque a cicatriz que fica marcada em nossa pele é uma lembrança dolorosa demais para simplesmente superar.

E Kim Taehyung tinha muitas delas.

As cicatrizes da confiança cega ainda latejavam em sua derme como feridas recém-abertas. Era a dor de ter confiado em quem não merecia sequer o mínimo de seu tempo e atenção, pessoas que inevitavelmente o tornaram quem é hoje, todavia, a mais profunda das suas dores, aquela que fazia-o ter noites em claro revirando-se no colchão como se sua pele fervesse em carne viva a ponto de roubar-lhe a paz, foi ter confiado no amor e ter, não só o coração quebrado, mas como toda a sua carreira e futuro arruinados.

⚖️

Novembro de 2015

"O smoking azul-marinho o vestia elegantemente, os últimos ajustes na gravata borboleta preta já tinham sido finalizados, e parado em frente ao imenso espelho do quarto do hotel de luxo onde a cerimônia se realizaria, admirava o quão bonito estava, contendo a ansiedade, fazendo uma última ligação antes de descer para o salão de festa e dizer o famigerado, sim.

Sua noiva o aguardava.

— !No puedo creer que no vengas a la boda de tu único hermano, Namjoon! — A queixa estava sendo feita pela enésima vez em tom de completa brincadeira. Ele já sabia que não poderia contar com a presença do irmão em um dos dias mais felizes de sua vida, mas entendia os motivos dele.

— Poxa, Tae, mesmo sabendo que é brincadeira, eu ainda fico com o coração apertado em não estar aí do seu lado. Lo siento, hermanito — falava com pesar. Não estava em seus planos ficar de fora de um momento tão especial para o irmão.

— Não se preocupe, pode compensar com um puta presente de casamento, ouviu? — Ficava feliz por saber que seu irmão estava seguindo os sonhos dele. — Dime, a pesquisa tem avançado ou ainda vai viver burlando o sistema e fazendo provas para otros?

— A pesquisa tá indo muito bem, e você sabe que isso é um passatempo — dizia com a voz carregada de divertimento e sincera saudade de conversar com o irmão, mesmo sabendo que ele só estava puxando esse assunto para dissipar o nervosismo e evitar destruir as cutículas dos dedos —, e a grana é boa, estou indo agora mesmo receber o restante de um pagamento. Pelo que eu vi o carinha é até inteligente, mas-