Sally é uma interiorana acostumada com o cotidiano pacato e humilde. Apesar de aparentar força, sofre devido à partida de seu melhor amigo de infância, Luís Miguel, com quem costumava caçar sapos e compartilhar as cerejas que roubava do vizinho.
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Eles dizem que o amor é uma viagem, eu prometo que nunca irei embora. — Ruelle(I Get To Love You).
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— Não consigo te odiar, não consigo — Ally sibilou e mal conseguiu esconder a forma com que seu corpo se agitava diante dele e de sua confissão. — Talvez porque eu também tenha aprendido a te amar nesse meio tempo. Mas isso não faz com que a mágoa vá embora, entende?
Independente da dor ou da impotência, ele se empenhou para que seus lábios expusessem um meio sorriso. Queria apenas confortá-la, pois Sally havia sido a pessoa que acreditou nele. Tinha sido ela quem havia o resgatado de uma parte fúnebre e oca de sua vida.
— Não precisa dizer algo. Eu só desejo, do fundo do coração, que um dia você possa me perdoar, independente do tempo que leve. E quando isso acontecer, saiba que eu ainda estarei aqui, mesmo que seja escondido nessa sala de perversão, sempre torcendo por você — Arthur não conseguiu camuflar a angústia, pois seus olhos estavam avermelhados. Ally reparou que esse detalhe combinava com seus cabelos.
Ambos riram diante do termo usado, recordando-se do passado, quando ainda estavam se conhecendo e ela o tinha provocado por causa de sua má reputação com as funcionárias.
Tal qual um gatilho, o momento fez com que a garota decifrasse com maestria até mesmo o suspirar do rapaz. Entonava semelhante a um convite nas entrelinhas para que retornassem às memórias construídas pelos dois. Havia mensagens subtendidas até mesmo na troca de olhares e nos sorrisos nostálgicos.
— Se eu tentar provar que realmente te amo sem motivos ocultos, você me aceitaria de volta?
— Sim — ela retrucou —, só me permita... confiar em você.
Então a garota saiu do recinto e se deslocou para a sua querida e confortável mesa, bem distante do homem de cabelos alaranjados.
Arthur, porém, sorriu de forma astuciosa e retirou o celular do bolso. Imediatamente a sua primeira ligação foi para sua parceira de crime: Helena.
— Oi, papai — Lena o atendeu. Era possível escutar crianças barulhentas no outro lado da linha. — Mamãe não te enviou a lista de regras? Que não pode me ligar no horário da escola?
— No meu tempo regras existiam para serem quebradas, principalmente se for por boas razões — Arthur divertiu-se.
— Concordo. — A garotinha riu. — Mas me explica a razão, pai, aí eu digo se é boa ou não.
— Preciso da sua ajuda com a Ally.
— Certo. — Ela se silenciou parecendo considerar o pedido. — Isso vai te custar... caixas e caixas de chocolate. E, além disso, vai ter que me pôr sempre para dormir quando eu ficar na sua casa.