25 | DURMA, BORBOLETINHA

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 A escuridão está ficando vermelha, está ficando mais profunda.  Ailee (Breaking Down).


Sally estremeceu ao acompanhar Cíntia se aproximar cada vez mais da sepultura de Lourenço

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Sally estremeceu ao acompanhar Cíntia se aproximar cada vez mais da sepultura de Lourenço. Suas mãos gelaram e ela ousou abrir e fechar os olhos para ter certeza que aquela situação não era imaginária.

O coveiro se despediu, pois precisava retornar ao seu trabalho, porém não escutou uma resposta. A morena sequer conseguiu ouvi-lo, pois sua mente se atumultuava diante de tantas dúvidas.

Antes que pudesse ser avistada, por instinto, Sally se abaixou e se escondeu em um movimento rápido por detrás do túmulo de seu padrasto. Cíntia se aproximou e achou ter visto algo, mas cansou de procurar e supôs que fosse somente paranoia.

A mãe de Helena se deparou com a lápide de Lourenço e abaixou a cabeça. Em seguida, sentiu seus olhos pesarem e mal pôde conter as próprias lágrimas.

— Eu sinto muito por ter demorado tanto para vir, é que ultimamente as coisas estão conturbadas, pai — ela falou para o homem morto. Ainda escondida, Ally surpreendeu-se ao ter aquela confirmação. — Arthur descobriu sobre Helena. Silvia anda desconfiada de mim, eu percebo e não posso deixar que ela se lembre de nós. Está enterrado e tudo destruído. Arthur está sendo acusado de chefiar os Escorpiões e, cá entre nós, sabemos quem é o verdadeiro culpado. E eu... eu não posso arriscar, não quando eu também estou cheia de pecados que podem explodir a qualquer momento.

Ally entreabriu a boca e, em reação, quase saiu de seu esconderijo, mas sabia que precisava continuar para entender o que estava acontecendo, mesmo que doesse descobrir.

Cíntia fungou por conta do choro que a impelia a desabar ali mesmo. Suas pernas, fracas, sentiam o peso não somente de seus erros, mas também das coisas que sabia e não podia contar. Não arriscaria a vida da filha, a única família que havia lhe restado.

Ela caminhou até a superfície de granito, pôs o buque na estrutura e se sentou, alisando o local em que Lourenço descansava eternamente. Flexionou a perna e abraçou os próprios joelhos, enquanto chorava e escondia o rosto. Ally, atrás dela, também se sentia triste por aquela situação.

— Eu... eu... Agora vendo Arthur com Lena, percebo que ele até que é um bom pai... Às vezes eu me sinto culpada por... tudo. Tudo. — Um soluço entrecortou suas lágrimas e ela apertou ainda mais as pernas, se machucando. — Talvez a culpa também seja sua, pai. Nada disso estaria acontecendo se o senhor não tivesse abandonado a minha mãe pela melhor amiga dela. Era só não ter escolhido Ângela. Apenas isso... O senhor me deu amor na infância para quê? Me abandonar como se eu não valesse nada? Para ter sua família de verdade, só por que eu não era sua filha biológica? Eu ainda não consigo entender...

O amor que deixamos para trásOnde histórias criam vida. Descubra agora