Sally é uma interiorana acostumada com o cotidiano pacato e humilde. Apesar de aparentar força, sofre devido à partida de seu melhor amigo de infância, Luís Miguel, com quem costumava caçar sapos e compartilhar as cerejas que roubava do vizinho.
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Segredos nos seguem. Visões, você não pode esquecer (...) Está no nosso sangue, nas nossas veias, esse é o mundo que fizemos. —Ruelle (The World We Made).
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— Não, Sally, somos amigos — a loira afirmou. O olhar delineado e sua íris de um verde musgo esmiuçavam todo seu orgulho, e ela manteve a postura, no entanto, fragmentos de mágoa ainda eram expelidos em seus traços marcantes.
Nanda desviou o olhar e mirou Ravi, como se a feição inocente do menino tornasse tudo mais fácil e inofensivo. As duas caminharam pelo casarão em direção à sala de estar contornando alguns retratos espalhados pelas paredes brancas – fotos de Silvia com os netos e a bisneta, de Lourenço com os meninos e, principalmente, da nova família Ferraz formada, inclusive uma de Lena tentando dar banho no irmão.
Aos poucos enquanto adquiria coragem, Fernanda ergueu o rosto e voltou a encarar Sally:
— Sobre o passado, eu... quero me desculpar. Por tudo. Por ter tentado te enganar no hospital. Tentei fazer o certo, ou o que eu fui influenciada a achar certo. Desconfiei da situação só quando você não caiu na minha armadilha. Fabrício havia mentido para mim. Na realidade, para todos, principalmente porque ele demorou para te anunciar. Me... desculpe. Eu me sinto ultrajada só de pensar que esse miserável me manipulou e usou meus medos contra mim mesma. Se ele tivesse vivo, pode ter certeza que eu faria questão de encher os orifícios dele com pedra.
Ela riu um tanto amarga e continuou:
— E... preciso me desculpar por fazer com que se encontrasse de propósito com Luís para descobrir sobre nós, apesar de que o certo era ele mesmo ter te contado, convenhamos.
— Bem, isso eu concordo — Ally explanou no mesmo tom afiado e, cúmplices, sorriram ardilosamente. — Eu entendo suas decepções, mas Apolo é diferente de Luís. De qualquer forma, não devemos esperar muito dos homens.
No momento em que disse isso, coincidiu de Arthur e Luís Miguel descerem as escadas entretidos em uma conversa aparentemente séria. Jasmim estava atrás deles e parecia entediada, pois assoprava a própria franja para tirá-la de frente do rosto.
— Porra, Luís Miguel, já te disse que eu era o Power Ranger vermelho, você sempre foi o rosa, quer mudar só porque a Jasmim tá perto da gente — o ruivo apontou sem notar a voz alta à medida que se deslocava junto ao irmão e à cunhada, tão absorto que não reparou nas duas mulheres conversando próximas ao sofá.
— Vá se ferrar, Arthur, Jasmim está quase acreditando em você — Miguel objetou e deu um soco no braço do ruivo ao passo que já cruzava o corredor, provavelmente indo à cozinha.
Ao acompanhá-los saírem do recinto e novamente sozinhas, Ally mirou a loira com cumplicidade e confidenciou:
