16 | DERROTADO POR UMA GAROTINHA

169 35 429
                                    


Se no tempo eu pudesse voltar, eu o faria sem hesitar. E cada espaço vago preencheria o vazio por ''eu te amo'', e assim jamais te perderia.  Julie And The Phantoms (Unsaid Emily). 


Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


Na manhã seguinte, os feixes solares adentraram o quarto e Sally despertou sozinha em sua cama. Por alguma razão, sentiu-se vazia. Ela girou no colchão e, ao cheirar o forro, reconheceu uma fragrância bem conhecida. Era a que Arthur usava. Por isso, a garota simplesmente sorriu.

Sua cabeça doeu e, em simultâneo, sua mente trazia todas as memórias sobre a noite anterior. Havia o beijado. Antes que pudesse lidar com tudo que havia acontecido, ela preocupou-se em encontrar analgésicos. Sentou-se cuidadosamente enquanto esticava os braços e, de forma gradual, abriu os olhos, acostumando-se com a claridade.

— Não! Não! — ouviu gritos desesperados e agonizantes. Eram de Arthur. — Mãe! Mamãe! Não me deixa!

Em um sobressalto, a jovem pulou da cama e correu em direção ao som, encontrando o ruivo dormindo no sofá do quarto. Ele se debatia, bradava e estava banhado a suor, mas permanecia de olhos fechados. Estava tendo um terrível pesadelo e, apreensiva, ela se aproximou na intenção de acalmá-lo.

— Está tudo bem — Ally tentou soar calmaria, embora estivesse alarmada —, está tudo bem! — Tocou-o na testa, acariciando-o até a região da têmpora. — Por favor, acorde!

A expressão do rapaz era de puro terror. Seu maxilar estava rígido e seu corpo febril parecia entrar em colapso. Ally ousou contê-lo, mesmo que houvesse o risco de ser machucada acidentalmente. Não importava, pois só queria vê-lo acordar.

— Eu sou o culpado, não sou, vovó? — ele perguntou ainda absorto em seu subconsciente. Parou de repente de se agitar e abriu os olhos, mas não tinha acordado. Focalizou o teto, no entanto, não havia vida em suas pupilas, pois apenas exibiam desamparo. — É sangue na minha mão. É da mamãe.

— Não. Você não é — a garota o consolou, mesmo não entendendo a profundidade de sua intervenção. Beijou-o na bochecha e sentiu um gosto salgado nos lábios. Arthur também chorava de pavor. — Acorde, meu bem, é apenas um pesadelo. Eu estou aqui... Está tudo bem.

Como se finalmente saísse de sua própria insanidade, de seu próprio inferno, o ruivo despertou. Levou cinco minutos para que ele pudesse se localizar e digerir o que tinha acontecido, porém, não foi o suficiente. Ally preferiu permanecer em silêncio, apenas confortando-o.

— Eu me lembrei do dia em que minha mãe foi assassinada. — Arthur se sentou no sofá, apoiou os cotovelos nos joelhos enquanto escorava o rosto com as mãos. Em seguida, mirou Sally de soslaio. Lágrimas deslizavam pela sua face. — Eu estava brincando no meu quarto de carrinho, pois era muito pequeno. Ela foi para a sala e, de repente, escutei vozes. Então escutei os tiros. E gritos. Muitos gritos...

O amor que deixamos para trásOnde histórias criam vida. Descubra agora