17 | GANHOS E PERDAS

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O ganho de outra pessoa será a minha perda. — Kaleo (Save Yourself).


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— Você vai ser a noiva mais maravilhosa do mundo! — a amiga patricinha de Fernanda bradou enquanto saiam da prova do vestido de noiva. — Será o casamento do ano! Sairá até mesmo nas revistas de fofoca de outros países! Inclusive, a lua de mel de vocês na Grécia será um sonho!

Fernanda mal escutou as palavras da mulher e permaneceu taciturna. Estava tão perto da data prevista, mas ao invés de se sentir alvoroçada ou ansiosa, recuava diante da ideia.

Ela havia se olhado no espelho usando o traje branco que concretizaria todos os seus planos de anos, pois iria finalmente se tornar a Sra. Ferraz que tanto tinha buscado. Luís lhe trazia uma segurança financeira que não teve na infância e, exatamente por essa razão, tinha se aproximado dele. Mas então, com o tempo, acabou se encantando com a simplicidade do rapaz. Gostava dele até mesmo quando Luís fazia uma careta rabugenta por não conseguir abrir a lata de ervilha, ou quando roía as unhas antes de uma apresentação por nervosismo.

— O que foi, Fê? — a patricinha a questionou ao reparar que a amiga não parecia feliz. 

— Eu sempre fui muito racional e objetiva, acreditei que nada daria errado se eu não chorasse ou desistisse. — Fernanda aproximou-se da praia e pela primeira vez deixou-se sentar na areia. Desde a adolescência, nunca havia feito isso por achar perda de tempo. — Mas...

— Mas? — A amiga a seguiu.

— Agora que está tão perto eu... eu me sinto tão fraca e insuficiente.

— Por quê? Quando amamos alguém e somos amados de volta, temos que nos sentir a pessoa mais especial do mundo! — a socialite dissertou. A ilusão da amiga fez com que Nanda risse de forma amarga. Ah, se ela soubesse como o mundo não era um conto de fadas... — Eu sei que vivo em uma bolha privilegiada e assisto comédias românticas demais, mas não duvide que você merece ser feliz!

Fernanda encarou o mar e pensou no seu passado e, logo após, tentou imaginar o seu futuro. Seria feliz? Teria tudo o que precisava, mas, ainda assim, faltaria algo, porque Luís não a amava. Ela se aproveitava das circunstâncias ao seu favor para mantê-lo e, em seu íntimo, sabia que queria mais.

— Você vai continuar sendo minha amiga mesmo se eu não tiver mais o casamento do ano? — A loira lacrimejou. — Mesmo se eu fraquejar?

— Vamos para a Grécia nós duas? Está pago e, além disso, eu sou uma companhia muito melhor que o Luís!

Fernanda soltou uma risada e concordou com a cabeça. Em seguida, relaxou os ombros e compreendeu que, às vezes, desistir não é uma derrota, é apenas uma forma de voltar a se amar.

O amor que deixamos para trásOnde histórias criam vida. Descubra agora