35 | NÃO IMPORTA QUEM SEJA, META FOGO

84 11 201
                                    


  Tenho sangue em minhas mãos, você entende? Eu sou um homem procurado.  Royan Deluxe (I'm a Wanted Man).


Foi tudo muito rápido para Arthur, pois em um instante ele mirava o olhar fascinado do homem fardado, mantinha o punho cerrado e o corpo rijo, como se em preces pedisse para ter mais tempo e, no instante posterior, escutava a pergunta contraditóri...

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Foi tudo muito rápido para Arthur, pois em um instante ele mirava o olhar fascinado do homem fardado, mantinha o punho cerrado e o corpo rijo, como se em preces pedisse para ter mais tempo e, no instante posterior, escutava a pergunta contraditória do agente. 

— Inocente ou culpado?

Arthur franziu o cenho e notou certo divertimento cintilar nas pupilas do rapaz armado. Reconheceu-o como o capanga que havia o levado até aquela sala.

— Depende de que lado você está — o ruivo evidenciou inflexível. A energia do ambiente o trazia tons sombrios, porém, a presença duvidosa a sua frente o embebedava de curiosidade.

— Minhas instruções eram te exterminar. Porém, como sempre odiei escorpiões, não irei fazer isso — escarneceu com uma voz calma, embora ainda escutassem a algazarra acontecer nos arredores e os alarmes apitarem. O agente girou o corpo rapidamente e se aproximou da porta, avaliando o movimento do corredor. — Nem todos são corruptíveis e devo dizer que o seu discurso no julgamento me inspirou, amei a parte de xingar o sistema — disse com zombaria, apesar de sua declaração ser verdadeira. Voltou a atenção ligeiramente para o filho de Fabrício e, de repente, jogou uma pistola carregada para o rapaz, que por reflexo a pegou.

— Então jogamos videogame a vida inteira para momentos como esse? — o ruivo caçoou ao segurar o objeto perigoso. Seguiu para o outro lado da porta, ajudando na vigia do perímetro. Querendo ou não, apesar da situação precária e desvantajosa em que estava, sentia a adrenalina dominá-lo, correr por suas veias e forçá-lo a virar aquele jogo.

— A diferença é que aqui é mais divertido, mas só temos uma vida — o outro assegurou com o mesmo entusiasmo. — Iremos sair e atirar em quem aparecer, ouviu? Não importa quem seja, meta fogo. Precisamos sobreviver para fazermos espetinho de escorpião.

— Antes me diga seu nome — pediu enquanto se acostumava com o peso do brinquedo fatal que portava. — Sabe, para que se tudo der certo, eu te pague um jantar.

O outro riu, atirou em um detento que se aproximava e logo respondeu:

— Apolo Negrini. Aliás, não sei se notou, mas no caminho em que trouxe você até aqui, coloquei uma escuta na sua roupa e a sua conversa com o líder dos Escorpiões foi gravada.

— Puta que pariu... — murmurou sobressaltado. Tateou o próprio corpo e sentiu o objeto minúsculo pregado em seu uniforme.

— Comecei a investigar o seu caso e localizei muitas falhas, por isso fui atrás de respostas. Desde então, procurei sua avó e estou me encontrando com ela às escondidas. Descobrimos algumas coisas, principalmente sobre a morte de Cíntia. Como aceitei a propina dos Escorpiões para me infiltrar, fui encarregado de destruir uma evidência, o celular da parceira de cela da sua ex, que continha uma mensagem propondo dinheiro e liberdade.

O amor que deixamos para trásOnde histórias criam vida. Descubra agora