Vamos dar um passeio

1.2K 114 75
                                    

Blossom já estava ficando impaciente, já ia fazer quase meia hora que estavam esperando lá em baixo e nada do líder aparecer. Quando ele falou pra que esperassem orientações naquele prédio na noite passada não sabia o que esperar, dormiram novamente naquele hangar de treinamento, que descobriram ser chamado de "base da Patrulha", e mais cedo naquela manhã foram guiadas por um sentinela até aquele edifício. Ao perguntar a ele o que deveriam fazer ele sugeriu que esperassem as "ordens de cima" naquele corredor que logo logo o líder lhes direcionaria.

Não sabia se estava sendo muito crítica pois pelo que viu do relógio analógico na recepção eram um pouco mais de oito horas e haviam chegado por volta das sete e vinte cinco, então faria trinta e cinco minutos. As irmãs pelo contrário não pareciam muito incomodadas pela demora, Bubbles estava radiante como sempre, animada com o novo local e a nova oportunidade de vida que teriam ali. Claro que percebia os olhares curiosos das pessoas que passavam, tanto de curiosidade quanto de estranhamento, o pessoal da segurança que passava olhava a loira como o próprio Mike Tyson e ela não sabia bem como reagir na verdade, entretanto, nada tirava sua alegria. 

Buttercup por outro lado parecia parecia prestes a matar alguém, nada incomum se tratando dela. Quando estavam no exército tinham que acordar antes mesmo do sol nascer, pois o período de aulas no centro militar começava antes do horário usual das escolas normais, por incrível que pareça a morena era a primeira a se levantar todos os dias na casa dos Utinium, enquanto todos acordavam por volta das 5:40 a morena estava de pé ás 4:50 toda manhã sem falta. Ela sempre acordava primeiro pois gostava de correr longas distâncias pela cidade antes de começar o dia, respirar o ar puro da manhã, desfrutar do completo silêncio das ruas para pensar e por as ideias em ordem enquanto ouvia música nos fones. Claro que sempre levava deu canivete escondido no top de treino e sempre estava atenta aonde ia, mas no geral foram poucas vezes que precisou usar suas habilidades. Graças a isso sentia que seu dia era até 30% mais produtivo e seu mal humor era dissolvido nas longas passadas.

Entretanto, após a grande bagunça que estava o mundo no momento e a luta por sobrevivência junto das irmãs  ela não podia mais correr por aí sozinha e por longos períodos, tinham que estar juntas sempre, uma cobrindo a outra. Funcionava pra segurança obviamente, mas um efeito colateral perceptível era que Butter não tinha mais aquele momento pra por a mente em ordem, o que resultava num mal humor matinal mortífero e um stress insuportável. E o fato que os desconhecidos a olhavam indiscretamente com aquelas expressões de desilusão por causa da fatídica luta que perdera por um mero deslize contra a garota azul.

Argh era insuportável. Toda aquela expectativa criada em cima dela dias antes do combate a fez sentir de fato que devia alguma "grande vitória" ao público ansioso. E sendo a única das três quem perdeu o combate fez seu humor piorar umas dez vezes. Não pediu por isso mas querendo ou não ver as pessoas falando de você como se fosse uma lenda ou uma espécie de prodígio faz você inconscientemente assumir aquele papel, e ela até se empolgou bastante, acreditou realmente que era imbatível, no entanto no mesmo dia teve a surpresa de encontrar uma oponente á altura e teve o desprazer de ter seus erros expostos. 

Ela sentiu raiva, dela  mesma, sentiu-se frustrada com a própria ingenuidade, e aquela na opinião de Butter era a pior raiva que alguém pode sentir,  de si mesmo. Fazia séculos que não sentia aquele tipo de frustração, desde seus primeiros meses no quartel, na qual aquilo era constante pois era uma mera aprendiz no meio de gigantes. Algo que somente após quatro longos anos de muitos erros e aprendizado conseguiu reverter. E agora sentia de novo, aquela sensação de insuficiência, de não evolução, de ficara estagnada no tempo.

Pensar naquilo lhe trazia raiva, mas também uma enorme motivação. A partir daquela derrota faria de tudo pra voltar á forma, recuperar sua velocidade, seus movimentos, sua visão de estratégia, nunca olhar apenas os próprios movimentos, ter um olho em si e no adversário, quase um dogma de sargenta Aelin.

O RefúgioOnde histórias criam vida. Descubra agora