Porto Seguro

1.1K 131 80
                                        


Brick estava em sua sala analisando mais uma planilha detalhada de provisões feita por Boomer, não fazia ideia de que horas eram pois se enfurnou no seu escritório e não saiu da lá o dia todo, dado o trabalho que tinha para fazer. Sua vista já dava sinais de cansaço pelo tempo que estava ali lendo, analisando e planejando, mas já fazia uma meia hora que tinha perdido o foco e não conseguia se concentrar mais, certamente era o cérebro do ruivo implorando um descanso pois só assim ele pararia. Ele se encostou na sua cadeira de trabalho apoiando a cabeça no topo e fechou os olhos, sua cabeça parecia que ia explodir, massageou lentamente entre os olhos a fim de relaxar.

Estava na cara que não conseguiria ser mais produtivo do que isso naquele dia, então decidiu enfim largar o trabalho e ir espairecer um pouco. Aquele dia tinha sido muito cansativo, o Refúgio se preparava para mais uma geada que viria naquela época do ano então a administração estava uma loucura. Pois uma geada não significava apenas ficar em casa e se proteger do frio, ah não, significava multiplicar os estoques de suprimentos e praticamente dobrar a taxa das plantações pelos próximos dois meses, teriam de produzir comida para o dobro da população dali ,o que significava mais trabalho e mais stress. Mas Brick sabia que aquilo era extremamente necessário, era a sobrevivência de todos durante aqueles três meses infernais que eram os tempos de inverno. Baixas tempreturas, mudança de clima constante, desconforto e muito planejamento, por isso ele fazia seu trabalho com muito afinco nesse época.
Não que já não estivesse acostumado com aquilo, afinal não era a primeira nem a última geada que enfrentaria no Refúgio em sua vida, estava ali desde os catorze e já faziam cinco anos que ele estava à frente da organização. Mas ainda era um saco.

Ele desceu as escadas do sobrado que dividia com seus irmãos na parte mais alta do terreno, entrou na cozinha pegou sua caneca sagrada de relaxamento e a encheu de água, foi até o micro-ondas e a esquentou por um minuto, quando ele apitou e o ruivo tirou a caneca a água estava bem quentinha e fumegante. Perfeito. E agora era a melhor parte, ele foi até o armário e retirou seu ouro mais preciso, conhecido por muitos como Toddy, sim, aquele Toddy. Simplesmente o melhor achocolatado do mundo na opinião de Brick, mas ele aceita qualquer outro de boa, mas o Toddy é seu favorito. Claro que nessa realidade apocalíptica em que vivem aquele simples potinho de chocolate em pó é tão raro quanto ouro, aquele específico Butch trouxera na semana passada de um supermecado numa cidadezinha ao Sul, sempre que ia nessas missões de averiguação em outros locais Butch sempre dava um jeito de trazer esses pequenos agrados para seus irmãos e algumas besteiras pra ele claro, e achar um potinho de achocolatado restante em outra cidade ainda por cima da sua marca favorita era quase um presente de Deus. Depois de despejar uma colherzinha do seu ouro em pó e fazer seu chocolate quente, ele se sentou no sofá que tinha na sala e inspirou relaxado.

Só o aroma de chocolate fazia ele se lembrar da infância e tirava todo a tensão e o stress daquele dia automaticamente, era quase terapêutico. Normalmente quando o irmão trazia esses "achados" ele os guardava no armário para usar em poucas ocasiões, queria que o negócio durasse bastante, mas aquele dia tinha sido sufocante e ele estava exausto, realmente estava precisando de um descanso...

Passados nem dez minutos que o ruivo havia deitado no sofá Butch entra na casa pela porta da frente, e pelo que conseguia ver daquela posição ele não estava com uma cara boa. O moreno foi adentrando a sala deixando seus sapatos sujos na entrada pois sabia que Brick reclamaria e também retirando seu casaco, deixou sua pistola no balcão da cozinha junto com suas chaves passou por Brick e foi até a cozinha pegar sua vodka, voltou rapidamente com a garrafa e um copo de drink. Estava com uma expressão irritada e Brick notou que ele tinha alguns cortes no seu rosto, como se tivesse rolado no chão em uma briga, notou também que o irmão não havia o cumprimentado e nem dito nada, sinal de que algo tinha acontecido.

O RefúgioOnde histórias criam vida. Descubra agora