Os Leões do Dia

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 Quando abriu os olhos, Neji encarou o teto do próprio quarto por longos minutos.

Não estava pensando em nada específico, apenas se dando conta de que a sensação de ter Sakura aninhada em seus braços, com a cabeça descansando no peito era reconfortante. Ele não sabia explicar porque se sentia em paz quando a olhava ali, protegida pelo edredom felpudo, pequena demais para a camiseta larga do BMTH que a cobria, e que ele não podia ver agora. Suspirou, fazendo alguns fios rosa se moverem minimamente, perguntando-se o que estava fazendo com a própria vida.

Não estava nos planos do Hyuuga ficar perdido no meio de tudo aquilo. Não estava nos planos dele perder o foco, já que os dois mal lembravam do objetivo daquele teatro — e sim, ele podia dizer que o "aparente" desinteresse em Sasuke era apenas sua estratégia, que estava funcionando plenamente por sinal, e era exatamente o que o Hyuuga estava fazendo. Mas no fundo, sabia que nada daquilo era verdade.

A verdade era que Sakura Haruno era mais interessante que atormentar Sasuke Uchiha. Não era como se ele estivesse apaixonado por ela — aliás, Neji sequer sabia o que era isso, estar apaixonado — mas havia algo que o atraía, um tipo de magnetismo que ele nunca havia experimentado antes. Como na noite anterior, no banheiro. A forma como ela parecia tão perdida, mas tão segura de si. Como se não sentisse medo de nada, como se fosse a rainha de tudo, como se a Sakura que conhecera há poucas semanas nunca tivesse existido.

E o próprio Neji havia mudado tanto.

Não era como se houvesse alguém ali para notar aquela mudança, ao menos não tão rápido. O Hyuuga era tão aberto quanto uma parede, e sempre fora assim. Ele era o alicerce, sempre estável, apenas aproveitando sua plenitude vazia.

Mas agora, algo dentro dessa plenitude começara a se agitar dentro dele, uma rebelião. Algo que gritava um "nada novo, Neji Hyuuga?!" A verdade é que nunca vira alguém tão complexo em detalhes quanto Sakura Haruno, tão intenso e até mesmo descontrolado. Isso o impressionava, o fazia refletir. E ele, o que era? Apenas um estudante de medicina? A referência dentro da faculdade? O herdeiro de Hizashi Hyuuga? Todas elas pareciam respostas vagas demais.

— Hm. — Murmurou, concluindo que estava pensando demais, pensamentos perigosos demais. Olhou o relógio na mesa de cabeceira, eram quinze para uma da tarde.

Resolveu se levantar, e começou a se desvencilhar delicadamente da rosada, o que foi uma tarefa difícil. Estavam próximos demais, qualquer movimento brusco poderia acordá-la e o Hyuuga preferia estar com a cabeça mais leve quando isso acontecesse.

🌊

— Acorda, bela adormecida. — Sakura ouviu a voz de Neji, parecia longe, distante. Em contraste, assim que saiu do sono, a dor se fez presente, bem próxima. Ele chamou-a outra vez. — Amor.

— Hm. — A Haruno respondeu, levando a mão à testa na tentativa de diminuir as pontadas latejantes. Abriu um olho cor esmeralda, encontrando o Hyuuga sentado ao seu lado na cama. Os fios castanhos estavam presos em um coque despojado, usava uma bermuda confortável, e em uma olhada mais minuciosa, ela percebeu que havia uma bandeja sobre o colchão.

— Dor de cabeça? — O tom da voz dele era baixo, quase um sussurro. — Trouxe café da manhã para você.

Por algum motivo, aquilo fez o coração da rosada se aquecer. Ela até deu um sorrisinho, arriscando em abrir os olhos para aquela claridade sufocante.

— Sim, insuportável. — Sussurrou, levando a mão à xícara. — Obrigada.

— Vou pegar uma aspirina. — Declarou, deixando-a ali. Sakura estava um pouco melhor quando ele voltou, mas ainda apertava os olhos para os atrevidos raios de sol que invadiam aquele quarto.

Qᴜᴀɴᴅᴏ (Nãᴏ) Cᴏɴᴛʀᴀᴛᴀʀ Uᴍ Nᴀᴍᴏʀᴀᴅᴏ ᴅᴇ Aʟᴜɢᴜᴇʟ, NᴇᴊɪSᴀᴋᴜOnde histórias criam vida. Descubra agora