Qᴜᴀɴᴅᴏ (Nãᴏ) Cᴏɴᴛʀᴀᴛᴀʀ Uᴍ Nᴀᴍᴏʀᴀᴅᴏ ᴅᴇ Aʟᴜɢᴜᴇʟ, NᴇᴊɪSᴀᴋᴜ

Expert em se apaixonar

Eram sete e quarenta da noite.

O apartamento de Sasuke estava silencioso, o que o garoto apreciava. Era bom ter um momento de paz, um momento só para ele, e desde que assumira o bendito relacionamento com Ino, o Uchiha certamente não havia tido um momento de paz. Não se considerava uma má pessoa, mas poder mastigar uns amendoins e observar o próprio quarto sem ser obrigado a ouvir o quanto todas as garotas daquele curso invejavam a Yamanaka — e por Deus, estava começando a detestar botânica — era uma sensação simplesmente libertadora.

Passou os olhos cor ônix pelo cômodo, demorando-se no quadro disposto na parede marfim. Ossário era uma de suas pinturas favoritas de Picasso e aquilo não se devia apenas a capacidade de reflexão que a obra o dera, mas a carga emocional que o quadro tinha para ele. Não queria, mas era impossível olhar para aquela tela em tons de preto e branco e não se lembrar do dia em que a escolhera com Sakura, muito menos da forma como decoraram o quarto que agora era de Sasuke. A mudança para o apartamento fora por uma razão perturbadora, mas o fato de que os dois estavam começando seus sonhos juntos mascarou toda a tristeza, e agora o Uchiha se permitia pensar em como tudo havia acabado. Quando tudo tinha se tornado tão insuportável? Quando a presença de Sakura passou a levantar sua ira?

Olhou as portas de correr que guardavam o closet do garoto, praticamente deserto depois que a Haruno levara todos os seus pertences, bugigangas e detalhes que — mesmo a odiando tanto — ele conhecia como a palma da própria mão. Sozinho ali, finalmente se perguntou a razão de todo aquele ódio. Não sabia responder, apenas sentir.

Sasuke costumava lhe jurar amor eterno, e agora tudo o que conseguia fazer era chamá-la de vadia maldita. Mas ele amava aquela maldita vadia, sabia que a amava. Um dia tiraria Sakura de seu coração, mas o fato de que a rosada ainda estava lá o machucava, porque mesmo sabendo disso — e ele tinha certeza que ela sabia, já que o conhecia tão bem quanto ele a conhecia — ela havia se entregado completamente para outra pessoa. Não apenas para outra pessoa, para Neji Hyuuga.

Ela desfilava por aí, amando seu inimigo mais filho da puta, e ele apostava que ainda tinha a coragem de dizer que o Uchiha era o vilão, o cruel. Ela era dele, e de repente estava passando por cima disso e contando a todos que agora pertencia ao Hyuuga. E Sasuke? Sozinho.

Ino tinha razão. No fim, ela o deixaria sozinho, mesmo depois que Sasuke moldara sua vida, sua família para se adequar a ela. No fim, a única que se importava com ele era Ino. E o pior nem era isso — o pior havia sido aquela maldita festa, aquele maldito teatro que serviu para abrir seus olhos e mostrar que não era uma farsa, que Sakura e Neji estavam juntos.

Ele perdeu o controle. Quem não perderia? Perdeu o controle assistindo a mulher de sua vida rebolar no colo de outro, agindo como se ele não estivesse ali. Todos sabiam que Sasuke era estourado, impulsivo, e ninguém soube reconhecer que ele estava machucado — porque quem fazia isso era ela. Era a Haruno que decifrava Sasuke melhor do que ele mesmo. Ninguém o compreendeu, ninguém quis escutá-lo, e ninguém o deu o espaço que precisava. E ela pisou em Sasuke como ninguém nunca havia feito antes.

E ele havia magoado Ino. A única que havia ficado.

— Inferno. — Xingou, pegando o celular largado no colchão. Continuou deitado, encarando o teto e pensando no que faria para que a garota o perdoasse. Precisava dela mais do que nunca. Era sua única chance para fazer Sakura implorar por ele outra vez.

Sabia que uma hora ou outra eles teriam de se acertar, e também sabia que simplesmente aparecer na casa dela na segunda de manhã para levá-la para a Universidade de Konoha, como se nada tivesse acontecido, não funcionaria daquela vez. Certo, ele havia extrapolado os limites. Não havia sido uma discussão boba, ou mais um de seus ataques de estresse.