Capítulo 39

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Capítulo 39 (Reta final)

CHRISTOPHER UCKERMANN

O clima fúnebre parecia predominar a cidade inteira, olhar o caixão fechado onde o corpo de Maite estava doía. Doía muito porque poderia ser eu, poderia ser Alfonso, ninguém estava seguro investigando essa história. O velório estava vazio, aumentava o sentimento de solidão que a morte trazia, Alfonso sentado o tempo inteiro com a mão sobre o tampo, ninguém veio, nenhum amigo, nenhum parente, absolutamente ninguém. 

Dulce tinha ficado em casa, Alex era muito novinho e ela ficou extremamente abalada quando soube da morte, mais tarde ela ia comigo ao cemitério prestar a nossa última homenagem. Uma figura loira passou pela porta, Anahí colocou a mão confortavelmente em meu braço, transmitindo carinho. Lhe dei um beijo na testa, com calma afastou-se de mim e dirigiu-se a Alfonso, 

- Eu queria vir prestar minhas condolências, mesmo com todas as circunstâncias. - ele não esboçou reação, continuou olhando fixamente para o caixão. - Alfonso? Por que o caixão está lacrado? - estranhei sua pergunta, até porque considerei indelicado perguntar como ela tinha morrido. 

- Por que o corpo foi queimado, não tem nada de bonito pra ver. - Anahi olhou com cuidado, passando a mão delicadamente sobre a madeira brilhosa. 

- Vá em paz minha amiga, que Deus guarde sua alma. - deixando um ramo de flores, saiu da capela. 

- Quem queimou o corpo? - perguntei quando ficamos apenas nós dois. 

- Eu, pessoas mortas podem falar, não sabia? - senti um enjoo com suas palavras, ele tinha queimado ela? 

- Por que? 

- Eu não confiava nela, você sabe melhor que eu que o único jeito de destruir todas as provas é queimar. - é, eu sabia muito bem.

- Quando for a hora do enterro eu apareço com Dulce. - fui até ele lhe dando tapinhas nas costas. - Se despede da sua esposa. 

Anahí Puente

Estacionei o carro em frente da casa luxuosa, desci ainda vestida toda de preto, entrei sem nem bater na porta, andei apressada até a sala onde eu sabia que Manuel estaria. 

- Como foi lá? - ele me perguntou bebendo de seu whisky.

- Melhor que o esperado, ele ainda queimou o corpo dela para não deixar pistas. - dei a volta e me sentei em seu colo. - Agora falta apenas nossa recompensa. - falei pegando seu copo e provando do líquido âmbar. 

- Negativo meu amor. - distribuindo beijos pelo meu pescoço soltou a última ordem. - Vamos juntar marido e mulher no inferno, nada mais justo. 

- Quer que eu mate o Alfonso? - senti minha pulsação acelerar, ele seria difícil. 

- Quero, faria isso? Tudo pelo ápice, certo? 

Como explicar tudo o que acontece em minha vida, bom para começar eu sempre tive ganância, muita ganância, imaginava minha vida perfeita, casada com um homem rico, governante, que tinha poder, filhos perfeitos, casa perfeita, era tudo que eu queria. Conheci Manuel e ele tinha os mesmos anseios que eu, não demorou para entrássemos em um caso louco, na época ele era apenas secretário de governo. Foi então que recebemos o primeiro trabalho sujo, vimos ali nossa chance de crescer no estado, de ter poder perante muitas pessoas. Um trabalho sujo atrás do outro, até chegar na secretaria de segurança pública, lá recebemos a promessa de Manuel ser indicado como governador, precisávamos apenas tirar uns policiais de circulação. 

Parecia fácil, principalmente quando eu comecei a ajudá-lo, foi então que o nome de Christopher entrou na lista, nesse momento eu vivi um conflito interno gigante. Como eu iria trair a minha melhor amiga? Bom, mas se eu quisesse alcançar tudo que eu queria eu precisava, certo? Então eu fiz, sem nenhum esforço, graças a minha aproximação com os dois, só que eu fui fraca, não consegui dar a ordem de matar apenas de sequestro. E esse foi meu erro, falhar por sentimento, mas agora já está feito. 

Para tirar minha falha tive que apagar Maite e agora Alfonso, seria feito hoje mesmo, o sangue do casal pode se misturar junto no inferno. Sai do escritório e subi as escadas, peguei no cofre a arma que já era minha, escondi na roupa e sai. Hoje eu mataria Alfonso e ainda iria convencer Dulce e Christopher a mudar de estado, era a melhor opção para nós quatro. Dei um beijo em meus filhos que estavam com babá no gabinete e fui, o sentimento de angústia me consumia, talvez por ser a última parte de toda a glória que eu tanto busquei. 

Esperei escondida na parte detrás do cemitério, Manuel ia certificar de deixar todos os funcionário fora do local, eu não podia ter testemunhas, eu nunca me imaginei sujando as mãos de sangue só que descobri prazer em fazer o trabalho sujo, quando Christopher e Dulce saíram de perto de Alfonso comecei a andar em sua direção, tinha que ser rápido um tiro e acabou. Eu estava em uma ótima posição, bem em suas costas, arrumei a arma, engatilhei e me preparei para o disparo. 

- Se eu soubesse de tudo que você era capaz enquanto te fodia, eu sentiria muito mais prazer. - sua voz me faz parar, meu coração acelerado outra vez. - Jogar uma cadeirante pra morrer afogada é sujo, uma morte indigna, mas o que esperar de você? Mandou matar o Christopher depois o colocou como padrinho do seu filho mais velho. 

- Não fala dos meus filhos. - ele se virou em minha direção, um vento frio me fez arrepiar sobre seus olhos verdes atentos. - Acabou pra você Alfonso, do mesmo jeito que acabou para a Maite. Fui apertar o gatilho, o barulho alto de disparo correu o ambiente, barulho de passos igualmente altos também, ao longe vi Christopher e Dulce, ele puxou ela de encontro ao seu peito, tampando seu rosto. Ela era inocente demais para entender tudo, ela era apaixonada demais para me ter como amiga, meus sentimentos não tinham limites, infelizmente eu preferia ter poder a ter amor.  Senti meu corpo pesar e cair no chão, exaustão me consumiu, finalmente. Estava concluído, a justiça tinha sido feita!

𝓔𝓼𝓽𝓪𝓻𝓪́𝓼 𝓮𝓷 𝓶𝓲 𝓬𝓸𝓻𝓪𝔃𝓸́𝓷Onde histórias criam vida. Descubra agora