Capítulo 37

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Capitulo 37

Dulce Maria.

Desde que Christopher me contou o que Paco havia feito eu decidi seguir minha vida sem me importar com mais esse problema, agora minha prioridade seria meu filho e mais ninguém. Já tinha se passado dois dias que eu soube da notícia e apesar do baque eu continuei bem, me recuperando lentamente da minha Cesária e tendo o maior apoio do único homem que sempre ficou ao meu lado.

- Vai querer que eu dê banho em Alex? - Christopher perguntou aparecendo na porta.

- Faria isso? Já passei muito tempo em pé hoje. - era quase 17h e costumava dar banho em Alex pois ele mamava e dormia, acordando apenas pela madrugada.

. Claro, vamos lá garotão? - ele pegou o bebê no berço que agitou as perninhas reconhecendo a voz do padrinho e praticamente pai. - Gosta de banho é? - os dois saíram enquanto eu resolvi mexer no celular.

Alguns minutos depois ouvi o barulho da porta sendo aberta, a única pessoa que tinha a chave além de mim e do Christopher era minha mãe então deduzi na hora que era ela. Os passos iam se aproximando do quarto que tinha a porta entre aberta, meu coração acelerou por algum motivo desconhecido, uma mão empurrou a madeira revelando quem acabava de chegar e o meu batimento cardíaco acelerado fez todo sentido.

- Lembrou que tem casa Paco? - perguntei quando ele ficou parado me encarando deitada. - Ou você não planejava pisar aqui após pegar todo meu dinheiro?

- Eu vim me explicar... - ele andou até se aproximar do berço. - Cadê meu filho?

- Tomando banho...

- Quem está dando banho nele, se você está deitada? - neguei com a cabeça, achei que isso fosse obvio. - Tá deixando ele cuidar do meu filho como se fosse dele?

- É que o pai biológico dele é um plagiador que pra não ser preso ficou ausente na primeira semana. - falei com deboche e ele soltou uma respiração brusca. - Por que nunca me contou isso?

- Eu tenho vergonha dessa parte da minha vida, ok? Nunca contei pra ninguém. - ele sentou na beirada da cama, nesse momento Christopher vinha caminhando no corredor com Alex quando viu Paco e travou, fiz um sinal para que ele retornasse ao quarto do bebê. - Eu quero ver o menino. - ele fez menção de levantar, mas com esforço puxei sua mão para baixo forçando-o a se manter sentado.

- Você vai ficar e me explicar tudo o que aconteceu, depois eu te mostro seu filho. - ele fechou a cara, apesar de tudo sei que filho é um ponto fraco para ele. - Estou esperando, pode falar.

Após me contar tudo o que Christopher já havia dito, revelou que ficou esse tempo para conseguir acertar toda a dívida, havia empenhorado minhas joias, junto com o dinheiro do seguro de Christopher e mais uma quantidade que o banco cedeu. Conseguiu acertar uma quantidade suficiente para que ela o deixasse em paz por enquanto.

- Eu não queria que isso afetasse você, muito menos meus filhos. - assenti e continuei calada. - Não vai dizer nada?

- Se eu soubesse disso tudo jamais teria me casado com você, jamais teria permitido que meu filho nascesse nessa loucura. Eu não quero você na minha vida.

- Eu trouxe loucura para sua vida? - levantou-se irritado. - E aquele vagabundo? Em? - apontou para onde Christopher estava. - Sempre metido em merda, investigado pela polícia, um homem declarado morto que se escondeu...

- Sabe qual a diferença? - o interrompi. - Eu sempre soube o que teria me envolvendo com Christopher, ele nunca me deu falsas esperanças ou mentiras, pelo contrário. Agora você....

- Então vai ser assim? Nosso relacionamento vai se resumir a isso? Dinheiro?

- Não é sobre dinheiro, é sobre mentira, engano, eu não consigo te reconhecer Paco...

- Isso tudo começou quando aquele merda voltou para sua vida.

- Sim, acho que no fim eu ainda o amava, ainda o queria. - falei sincera com ele, chega de mentiras. - Eu me acostumei a você, nunca vou mentir sobre isso, o que tivemos foi algo bonito e eu reconheço. Você sempre me fez sentir única e especial, me amou e me adorou, você foi o único homem que eu permiti entrar depois do luto. Mas isso só aconteceu porque eu não sabia dessa parte da sua vida.

- Você é uma...

- Me respeita Paco! - falei me sentando rápido e sentindo a dor na cirurgia. - Eu estou sendo sincera, já falei tudo que eu queria agora sai!

- Não vou sair, essa casa é minha também. - ele me olhou e se aproximou colando o rosto no meu. - Que aliás foi comprada com esse dinheiro do livro, dinheiro esse que você desfrutou muito bem nesses anos, nossas viagens, passeios, restaurantes, seu carro, nosso casamento. Hipócrita!

- SAI!

- NÃO VOU SAIR!

- Ótimo, Christopher vem aqui. - ele apareceu de imediato na porta. - Pega a mala rosa no closet e coloca todas as minhas roupas lá, antes me ajuda a ir no quarto do Alex.

- Tudo bem. - Paco continuava nos encarando com rosto vermelho em raiva. - fazendo o que eu disse fui ao quarto de Alex e comecei a dobrar suas coisas, Paco o pegou no colo enquanto eu mesmo cansada arrumava suas roupinhas com cuidado.

- Não vai levar meu filho, ele fica. - falou com a criança no colo, isso pra mim foi atingiu o último fio que faltava.

- Seu filho o caralho, só porque veio dessas suas bolas que você é o pai? Inútil. Passei horas numa sala de cirurgia para ele nascer, tive meus pontos arrebentados e fui descosturada e costurada duas vezes, todos esses dias eu estou cuidando dele com a ajuda do Christopher e da minha mãe, e nada disso é obrigação de nenhum dos dois. Era sua obrigação, então não me venho com essa, meu filho fica COMIGO!

No caminho até a casa do pai de Christopher eu ia no banco detrás com Alex no colo, era mais seguro para nós dois. Lágrimas caiam de meus olhos enquanto eu acariciava o rosto inocente do meu filho, se fosse por mim essas coisas jamais o afetariam, Christopher me olhou pelo retrovisor e ofereceu um olhar terno, palavras não eram necessárias elas já foram despejadas em demasiado hoje.

. Bem-vindo ao novo lar meu garoto. - Christopher abriu a porta e mostrou uma casa com poucos móveis, saiu andando com Alex no colo mostrando tudo. - É pequena compara com sua antiga e nem tem tanto luxo, mas depois damos um jeito nisso.

Eu sempre tive medo de não ter uma família, meu amor por Christopher sempre foi algo muito além, era doce, puro, cativante. Meu amor por Alex era indescritível, nunca passou pela minha cabeça amar alguém como amo meu filho, por amá-lo assim que eu queria que ele tivesse uma família com mãe e pai, um lar estável, um pai a quem confiar, uma mãe a quem pedir colo, vendo agora ele com Christopher um homem que o segurava com tanto carinho, tanta delicadeza me fazia sentir todas as emoções que uma pessoa pode sentir, que finalmente senti a paz que tanta procurava na minha vida e finalmente pude admitir ao meu coração:

Eu tenho uma família e ela está bem na minha frente!  

𝓔𝓼𝓽𝓪𝓻𝓪́𝓼 𝓮𝓷 𝓶𝓲 𝓬𝓸𝓻𝓪𝔃𝓸́𝓷Onde histórias criam vida. Descubra agora