Expedição secreta para...

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Um grito me acordou, juntamente com um barulho de água.

— Você só pode estar de sacanagem?! — Berrou um menino, indignação marcando sua voz levemente esganiçada.

Mesmo sem abrir os olhos eu já sabia o que tinha acontecido. Tentei esconder o sorriso do rosto, mas foi em vão, uma vez que todo o Chalé de Hermes começara a gargalhar.

Assim que senti que meu envolvimento no caso não seria descoberto pelo intruso, me sentei assim como todos os outros.

Louis, o filho de Hermes que me ajudou a soltar as aranhas no Chalé de Atena ontem, estava parecendo um gato molhado. A pontada de surpresa em seus olhos levou a ainda mais risada, gritinhos e zoação.

A menina de Atena segurava o balde vazio nas mãos trêmulas de ódio. Seu cabelo estava todo para cima, como se tivesse acabado de sair da cama, o rosnado assassino que saía de seus lábios me fazendo inconscientemente a relacionar com um pincher.

Permaneci sentada, mantendo as risadas controladas na medida do possível. Não faço ideia de como ela descobriu que Louis estava por trás de tudo.

Ontem, depois da aula de canoagem que ele acabou sendo meu parceiro, perguntei se toparia alguma diversão com a trupe de loiros. Mantendo tudo o mais discreto possível, lhe entreguei um pote com duas aranhas, um brilho travesso marcando nossos olhares diante da fogueira dos campistas.

— Quem foi o outro bastardo que te ajudou nessa? — A menina rosnou.

Louis piscou, fingindo uma confusão.

— Perdão?

— Quem te ajudou? Eu sei que não fez isso sozinho. Vocês nunca fazem.

— Fazer o que? Gostaria de entender primeiro o porquê do balde que a senhorita despejou em minha cabeça. — Disse, o olhar zombeteiro tornando a situação 5 vezes mais cômica.

A garota tremia tanto que temi que abrisse um buraco no chão. Ela provavelmente foi a escolhida da vez para tirar satisfação. Todo mês atacávamos o chalé de Atena, em uma espécie de rotina. Quanto melhor fosse a pegadinha, melhor seria o mês.

Ela girou, os cabelos loiros armados sendo ainda mais bagunçados com a brusquidão do movimento.

— Travis, isso é um absurdo! Na última reunião dos conselheiros foi combinado que qualquer ato de guerra tinha que ser formalmente apresentado!

Os gêmeos, tentando manter a boca fechada para impedir a risadinha malvada, disseram:

— Olha, Celine, isso não foi combinado não. Eu não fui comunicado por ninguém dessa pegadinha.

— Qualquer um que tenha sido o responsável por isso agiu contra as leis das pegadinhas. — Eles acenaram com a cabeça, uma falsa seriedade marcando suas feições.

— "Qualquer um que tenha sido"? Foi ele! — Apontou para Louis, que agora já tremia de frio. — Ele não agiu de acordo com as regras, e deve ser punido!

Trevis e Connor pararam, o olhar de Travis passando rapidamente por mim, uma pequena repuxada de lábios me mostrando que ele sabia com toda a certeza quem estava por trás daquilo.

— Celine, minha querida... — Louis levantou, os lábios meio roxos — Não fiz nada fora da lei. Foi discutido no conselho que um aviso de guerra deveria ser dado. Esse foi o aviso! Não achou realmente que uma pequena aranha seria tudo desse mês, não é?

Gritos de incentivo preencheram o chalé, fazendo a pobre coitada arregalar os olhos em terror. Ela virou para os gêmeos, buscando algum tipo de consolo naqueles que deveriam ser os mais responsáveis. Mal sabia ela que eles eram os piores.

A filha de PãOnde histórias criam vida. Descubra agora