Fique com a cama

540 67 7
                                    

Abri os olhos lentamente, tentando identificar onde eu estava. Olhei tudo ao redor, com uma dor martelante na cabeça.

Observei que eu estava em um quarto bem pequeno, embora fosse aconchegante. Ao lado de minha cama tinha um copo com algum liquido de aparência muito boa dentro.

Apoiei ambos os braços na cama e me firmei, tentando levantar, e não obtendo sucesso.

— Eu te ajudo. — Uma voz conhecida falou.  Foquei meu olhar na pessoa que estava vindo e minha direção e...

— Você! Saia já de perto de mim.

            - Eu estou indo te ajudar. Será que você pode parar de ser uma cobra um momento, por favor. - Retrucou, parecendo estar cansado. Não respondi mais nada, o que acho que ele encarou como um sim, já que veio mais para perto, e firmou a mão em minhas costas, ajudando-me a sentar.

            Assim que eu estava acomodada, ele pegou o copo que estava ao meu lado.

            - Beba. - Ordenou

            - Ambrosia? - Perguntei, animada.

            - Como você sabe o que é... Quer saber? Esquece. Apenas beba.

            Peguei o copo da bebida divina e levei aos lábios, sentindo logo o gosto de arroz com feijão deliciosos do meu pai.

            Sorvi todo o copo em segundos, sentindo uma quentura por todo o corpo. Lhe entreguei novamente o recipiente, me sentindo bem melhor.

            Comecei a levantar da cama, já buscando com os olhos meus sapatos em algum lugar. Foi aí que me dei conta.

            - Desde quando você fala a minha língua? - Perguntei.

            - Eu não falo seu idioma.Você fala o meu.

            - Haha! Conta outra... Eu não sei falar uma palavra de inglês.

            - Você pode não saber, mas o bracelete encantado que você está usando certamente sabe.

            Assim que ele falou, me atentei a pulseira que realmente estava em meu braço. Quíron deve ter me dado quando eu estava apagada.

            Quando me abaixei para pegar meus sapatos ao lado da cama, todas as lembranças da noite passada voltaram com um turbilhão, me fazendo sentir uma raiva cada vez maior pelo garoto que estava comigo.

            - Posso saber o nome do indivíduo que quase me enforcou?

            - Gabriel. Eu perguntaria qual o nome da garota que chutou meu saco, mas já sei que é Alice.

            - Você está falando errado. - Falei. - Não é Álice, e sim alíce.

            - Eu falo Álice, problema seu se está incomodada.

            - Você é realmente um...

            - Veja quanto amor! - Dionísio adentrou o quarto gritando. - Vocês não conseguem ficar um minuto juntos sem brigar não, é?

            - Ele me enforcou ontem! - Berrei.

            - E já foi devidamente punido por isso, agora venha- Disse o deus do vinho.

            Sem nem precisar perguntar,eu sabia exatamente onde Dionísio estava me levando. Minha vontade de discutir era imensa, porém, por alguns outros ângulos, eu conseguia ver alguns benefícios.

A filha de PãOnde histórias criam vida. Descubra agora