A filha de Pã

Uma proposta irrecusável

A próxima semana passou como um borrão. Eu ia para as aulas, brigava com Gabriel, fazia planos com os meninos de Hermes e implicava com os filhos de Atena. E... organizava uma expedição não autorizada pelos deuses para uma floresta tropical com um bando de sátiros.

Por incrível que pareça a parte da expedição nem era a mais estranha. Não. A parte mais estranha era a dos sátiros. E essa ainda nem é a parte mais estranha (de novo, por incrível que pareça).

Confesso que como filha de Pã eu deveria dar mais o braço a torcer a eles. Diabos, meu próprio pai era um deus sátiro. Acontece que eles simplesmente não conseguem. Eles são altamente recomendados como acompanhantes nas missões. Não como parte dominante da tripulação.

Cinco noites atrás eu cheguei para o encontro noturno e tinha um sátiro engasgado com uma mosca. Mosca que estava habitando a bunda peluda de um companheiro. Outros dois sátiros estavam furiosamente socando o peitoral do coitado engasgado, tudo isso enquanto Luan chorava de desespero. Dá para entender o apelo?

Essa foi a situação que me fez perceber que eu não poderia de jeito nenhum ir sozinha com eles. E essa foi a situação que me fez tomar uma medida drástica, dolorosa, sacrificante e idiótica.

Em minha defesa, eu estou fazendo isso mais pelo bem deles do que o meu. Pelas informações que temos, tem alguém causando discórdia com os espíritos da natureza de lá. E por discórdia, entenda: Cortando uma cacetada de árvore e fazendo uma bela de uma baderna.

Quando chegarmos lá, o que os sátiros vão fazer? Tacar açaí na cabeça dos infratores? Tocar a flauta e encantar o curupira? Pelo o amor. Mais provável alguém engasgar com um mosquitinho da dengue.

Então eu tive que...

- Terra para Nanica?! Me mostra de novo em qual parte do Amazonas desagua esse riozinho aqui.

Pois é. Convidei o La Rue. E essa foi, definitivamente, a parte mais estranha.

2 noites atrás...

- Se a gente coloca a geleca em cima da porta, pode acabar caindo na cabeça da Annabeth. Amanhã é o dia de visita dela com o Percy e eu gosto bastante de estar vivo, obrigado. - Resmungou Louis.

- Exatamente por isso que a gente deveria colocar! Se cai na cabeça dela, a gente leva para um outro nível. Vai mostrar que a gente realmente não tem medo. - Contrariou Connor.

- Ou que a gente é bem idiota - Travis se meteu.

- Para de ser frouxo, cara! É só a Annabeth - Connor disse, e depois tascou um pescotapa no irmão.

- Pffff, só a Annabeth. Se ela faz um compilado com a Alice pode esquecer. O acampamento vem abaixo. - Algum deles disse. Eu não estava prestando muita atenção, e muito menos assimilando o que eles diziam.

Eu estou com o meu sentido aranha estourado. E claro, enquanto o sentido do verdadeiro homem aranha alertava ele do perigo para ele ir salvar as pessoas, o meu me alerta do perigo para eu me juntar a ele.

- Alice?

- Oi, to aqui. Olha, depois a gente conversa, tenho que ir resolver uma coisa. - E sem mais muita explicação, eu saí.

Não, eu nunca fui mordida por uma aranha radioativa. Vamos só dizer que eu nasci com o talento que algumas crianças tem de se meter em confusão. E o meu "talento" me levou direto para o chalé de Ares.

O caminho estava escuro, o que só servia como mais uma indicação de que eu deveria estar quietinha no chalé de Hermes, discutindo planos para irritar os semideuses de Atena. Só.