Girls Like Girls (hiatus!)

capítulo 1

Macarena

Sabe, sempre achei muito clichê esse papo de se apaixonar pela melhor amiga. Achava que só acontecia em filmes e livros clichês de romance, afinal, quem não adora um bom clichê?

Mas acho que de tanto eu achar isso uma baboseira, o carma veio para mim e bum! Me apaixonei pela minha melhor amiga.

Zulema e eu nos conhecemos desde o jardim de infância. Se dissessem que aquela menina árabe que jogou uma borracha na minha cabeça seria minha melhor amiga, eu não acreditaria. Mas cá estamos, melhores amigas desde pequenininhas.

Sempre tive um carinho muito enorme por ela e ela por mim, quem nos via sempre achava que éramos um casal de tão carinhosas que somos uma com a outra. Enfim, acabei percebendo algo muito estranho nas últimas duas semanas.

Toda santa vez que eu estava com Zahir, sentia um frio na barriga — de modo bom — e meu coração acelerava. Tentei à todo custo acreditar que era coisa da minha cabeça mas esse sentimento só crescia mais e mais. Quando fui perceber, já estava apaixonada. No momento, estou deitada na cama com o celular em mãos, digitando e apagando um texto para mandar para Zulema e confessar meus sentimentos.

— Não, não, não! — Bufo e largo o celular no colchão, afundando a almofada em meu rosto e soltando um grito abafado. — Joder, eu devo ser idiota.

— Rubia? — Tiro a almofada do meu rosto e sorrio ao ver Kabila na porta do quarto. — Tá tudo bem? Ouvi seu gritinho lá da sala.

— Tá sim, relaxa. É apenas eu sendo estúpida de novo e não conseguindo falar o que sinto. — Admito de modo derrotado, revirando os olhos e me encostando na cabeceira da cama.

Kabila e eu nos conhecemos no segundo ano do ensino médio. No início não gostava muito dela por ser temperamental, mas acabamos nos dando bem. Claro que a nossa ligação não é a mesma que tenho com Zulema, mas ela é uma ótima amiga.

— Ei, relaxa. — A cacheada se aproxima e senta ao meu lado na cama, passando o braço em volta dos meus ombros e me puxando para me aconchegar em seu peito. — Mas por que você quer contar pra ela? Sabe que Zulema namora o Hierro, não sabe?

— Sei... — Murmuro, abraçando a cintura alheia. — Não queria sentir isso, é doloroso demais. — Completo minha fala.

— Tudo na vida é temporário, inclusive esse tipo de sentimento. Você vai superar, tá bom? Tudo passa, até uva passa.

— Você parece uma tiazona fazendo esse tipo de piada. — Reviro os olhos e deixo uma risadinha fraca escapar. — Mas obrigada por estar aqui, sua companhia me faz bem.

Kabila não responde, apenas leva sua mão até meus cabelos loiros e deixa um leve carinho no local. Ficamos assim por alguns minutos até que ouço meu celular vibrar, pegando o mesmo e desbloqueando.

"Oi, loirinha. Vem pra minha casa, vamos beber um pouco :) aproveita que estou sozinha.

Seu escorpião, Zulema."

Automaticamente abro um sorriso de orelha à orelha ao ler a mensagem, me desvencilhando do abraço alheio e indo te meu armário para pegar uma roupa.

— Quem era?

— A Zule, ela quer beber comigo na casa dela. — Olho para Cachinhos e meu sorriso se desmancha ao ver uma expressão estranha em seu rosto. — Tá tudo bem?

— Sim, tá sim. — A mais alta sorri e levanta da cama, alongando os próprios braços. — Bom, então já vou indo. Tenho certeza que ela não me convidou.

— Deixa disso, Cachinhos. — Digo com um beicinho nos lábios. — Na próxima a gente te chama, tá bom?

Ela apenas dá de ombros e beija meu rosto, dando um aceno com a mão e saindo do quarto. Solto um leve suspiro e volto a mexer em meu armário; opto por um vestido de alcinhas florido e uma sapatilha preta, logo prendendo meu cabelo em um rabo de cavalo.

— Perfeito. — Sorrio para meu reflexo no espelho e passo um pouco de rímel nos cílios, pegando minha bolsa e saindo do quarto.

Desço as escadas e no momento que vou pegar na maçaneta da porta da frente, alguém a abre.

— Oi, loirinha. — Zahir diz com um sorriso alegre nos lábios, apoiando o braço no batente da porta. — Vim te buscar, o que acha de batermos um papo enquanto andamos até a minha casa?

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