capítulo 9

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Macarena

Hijaaaa! — Ouço minha mãe me chamar do primeiro andar em um tom de voz alto. — Suas amigas estão aqui!

Os dias da semana passaram voando e antes que eu pudesse perceber, já era sábado. Zulema e Kabila entraram em um acordo de aparecer aqui em casa nesse dia, e eu concordei. Coloquei meus chinelos e saí do quarto, descendo as escadas e indo até a porta da frente onde elas estavam.

— Já sabem, né? Se comportem e nada de bagunça. — Encarna nos alerta. Honestamente, é fofo o jeito que ela se preocupa. — Voltarei em breve, e darei notícias de você para sua tia. — Ela completa a fala e beija meu rosto, acenando e saindo da casa.

— Bom... — Kabila começa a falar, juntando as mãos atrás das costas. — Aqui estamos, rubia.

— Chegamos no horário combinado, isso já é um avanço. — Zulema comenta e olha de canto para a outra. — Trouxemos as coisas para o trabalho, vamos começar?

Assenti e subi para o quarto com as duas. Combinamos o que cada uma iria  fazer: Zulema ia fazer as pesquisas, eu iria anotar e Kabila iria passar à limpo em outra folha. Estava tudo indo bem até a cacheada ler uma das perguntas.

— Essa parece ser fácil. — Ela sorri. — O sucesso dos experimentos de Mendel está diretamente ligado ao material para sua pesquisa sobre ervilhas. Diga pelo menos duas vantagens do uso dessa espécie.

— Oh, é fácil. — Zulema comenta. — É de fácil cultivo e possui muitas variedades.

— Ser de fácil cultivo eu concordo, mas acho que não possui muitas variedades. — Kabila suspira enquanto balança o lápis entre os dedos e me olha de canto. — Na verdade, eu acho que produz poucos descendentes.

— Você ao menos prestou atenção nas aulas de biologia, Estefânia? — A árabe revira seus olhos escuros. — Obviamente, ervilha possui muitas variedades.

— Já que é assim, gênia, diga algumas variedades de ervilha.

—  Triofin, Mikado, Cobri, Amélia, Dileta, Viçosa, Kodama. — Zulema responde cheia e si e de modo seco enquanto coloca as mãos na cintura. — Tá bom ou quer mais?

Respirei fundo e tentei controlar o impulso de cortar a discussão no meio. Por um lado, era engraçado ver as duas brigando por algo tão tosco. Mas por outro, eu só queria focar no trabalho e evitar brigas. Dios, que situação de merda.

— Ok, não precisa ficar se achando por isso. — Kabila revira os olhos.

— Você quem começou discordando de mim e acabou como errada, então estou no meu direito de me achar. — A outra sorri ironicamente. — Não é, Maca?

— Oi? — Pisco algumas vezes. — Não m-me metam nisso, eu só estou anotando as perguntas!

— Certo, certo. — Ela suspira e nega com a cabeça. — Vamos acabar logo com isso.

Passamos o resto da tarde fazendo o trabalho sem trocar nenhuma palavra, apenas quando necessário. Depois de terminar tudo, guardei o trabalho na minha pasta e avisei às meninas que iria levá-lo na próxima aula. Kabila precisou ir embora pois sua mãe detestava quando a filha chegava tarde em casa, então ficamos apenas eu e Zulema.

Guardei meu material na mochila e joguei fora as folhas com os rascunhos das respostas já que não seriam mais úteis. Feito isso, deitei na cama e encarei o teto por alguns segundos até ouvir Zahir me chamando.

— Me desculpa por mais cedo... — Ela começa a falar e passa a mão pela nuca. Zulema costuma fazer isso quando está constrangida ou arrependida de algo. — Kabila consegue me tirar do sério com tão pouco.

— Relaxa. — Dou tapinhas no colchão e ela deita ao meu lado, pousando as mãos em cima da própria barriga. — Sente mesmo ciúmes?

— Oi? — Zulema rapidamente vira seu rosto para me encarar e consigo sentir o quão próximas estamos.

— A-Ah, eu só queria saber se você realmente s-sente ciúmes de mim com a Kabila. — Coço a garganta, desviando o olhar para os lábios da árabe.

— Sinto um pouco, não nego. Você é minha melhor amiga e eu detestaria ser trocada por outra.

"Você é a minha melhor amiga."

Essas palavras doeram mais que o esperado.

— Você também é a minha melhor amiga. — Digo com um pequeno sorriso no rosto. Sinto meu coração acelerar quando a ideia de me confessar naquele exato momento surge em minha cabeça. — Zulema...

— Pode falar. — Ela coloca uma mecha atrás da minha orelha e deixa um leve carinho em minha bochecha com o polegar.

— Eu–

Minha fala é interrompida quando ouvimos o celular da garota vibrar. Ela se levanta para pegá-lo na bancada ao lado da minha cama e aproveito para recuperar o ar em meus pulmões.

— É a minha mãe. — Diz resmungando. — Preciso ir, rubia. Vamos marcar algo para o próximo final de semana, tudo bem?

— C-Claro, sem problemas. — Dou uma risadinha sem graça.

Zulema se estica para me alcançar e deposita um beijo demorado em minha bochecha, pegando suas coisas e saindo do quarto.

Mais uma oportunidade perdida, porém, mais uma vez salva pelo gongo.

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Opaa, atualização quentinha para vocês! Me perdoem se demorei para atualizar, foi difícil desenvolver esse capítulo pois eu estava com bloqueio criativo :/ E em relação ao trabalho de biologia das três, eu usei um trabalho que meu professor me passou KKKKK estava com preguiça de procurar algo na internet.

Votem e comentem se estão gostando <3

Girls Like Girls (hiatus!)Onde histórias criam vida. Descubra agora