capítulo 10

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Macarena

Ok, eu sabia que faltar às aulas era algo ruim e que ninguém deveria fazer. Sabia que iria ficar com a consciência pesada depois, mas e daí? Só se vive uma vez.

E era impossível recusar um convite de Zulema Zahir.

Estávamos eu, ela e seu — fiel cachorrinho — namorado. Hierro nos levou até uma parte deserta da cidade onde ninguém passava. Conseguia sentir a areia sujando meus tênis, mas não me importava muito. O moreno balançava o taco em sua mão e logo bateu o mesmo em uma garrafa vazia de cerveja que foi arremessada para cima, a deixando em pedacinhos.

Porém, eu só conseguia focar em Zulema.

A árabe dançava como se não se importasse com o que iriam pensar — e de fato não ligava. Ela balançava seus braços no ar enquanto mexia seu quadril. Seu casaco amarrado na cintura balançava de um lado para o outro enquanto o cabelo escuro caía sobre seu rosto, no qual tinha um sorriso estampado. Era um sorriso que esbanjava liberdade, Zulema se sentia totalmente livre na presença das pessoas que amava.

Meu coração esquentou ao lembrar que eu era uma dessas pessoas.

— Maca, vem! — Ela me chama. Seus cabelos balançando ao vento me distraem de prestar atenção em qualquer outra coisa. — Dança comigo, bobinha!

Respondi à sua fala com um sorrisinho bobo, brincando com a manga do meu casaco verde musgo. Depois de muita insistência, decidi aceitar o convite. Eu me mexia de modo desajeitado, mas pouco me importava. Aquilo não era um concurso de dança, era apenas um momento agradável com minha melhor amiga.

E é claro, Hierro.

— Ei, eu vou correr e você me pega no colo. — Zulema diz de modo tão rápido e eufórico que quase não consigo entender. Ela corre um pouco para longe de mim e me pede para abrir os braços.

— Joder, a gente vai cair! — Exclamo em um tom que ela me ouça. Zahir não responde, apenas corre em minha direção e dá um salto. — Zulema!

Caí para trás na areia e a morena caiu em cima de mim, me arrancando uma risada escandalosa que ela acompanhou. Zulema apoiou suas mãos uma de cada lado da minha cabeça e usou uma delas para levar o próprio cabelo para trás.

— Eu disse que íamos cair, mas você não me ouviu. — Finjo estar triste e dou um tapinha em seu braço. — Besta.

— Besta é você. — Ela ri e mostra a língua.

— Você é ainda mais. — Faço beicinho, cruzando os braços.

— Somos duas bestas então, combinado?

— Perfeito.

Nossas risadas cessaram quando percebi o modo que minha melhor amiga me encarava. Ficava totalmente perdida em seus olhos intensos e intimidantes, era como um transe impossível de sair. Conseguia notar seu olhar intercalando entre meus olhos e meus lábios, e não conseguia evitar de corar com isso.

— Por que me olha tanto? — Arrisco perguntar.

— Não posso olhar para uma mulher bonita? — Ok, agora isso me deixou sem palavras.

— C-Claro que pode! — Respondo rapidamente, sentindo minhas bochechas adquirirem um tom mais forte de vermelho. — Me acha bonita, Zule?

— Mais que bonita, você é linda. — Consigo sentir seu hálito mentolado invadirem minhas narinas. É um cheiro viciante, por mais que eu não seja a maior fã de cigarros.

— Você também é linda... — Coloco uma mecha atrás da sua orelha e pouso minha mão em sua nuca, aproximando nossos rostos enquanto fecho os olhos lentamente.

— Meninas!

Por impulso acabei empurrando a mais alta do meu colo assim que ouvi a voz de Hierro, afastando totalmente nossas faces. Olho para o mais velho com as sobrancelhas erguidas e uma expressão frustrada, e ele apenas dá de ombros como se não tivesse entendido o que eu quis dizer.

— Vocês estão sujas, hein? Deveriam tomar um banho. — Hierro comenta e eu rolo meus olhos.

— Culpa sua que nos trouxe para esse lugar com areia. — Resmungo e me levanto, limpando um pouco minha roupa. — Zule?

— Oi?— A árabe pisca algumas vezes e logo se levanta também. — Desculpa, eu estava viajando.

— Acho que deveríamos ir embora, está ficando tarde. — Suspiro. — Minha mãe vai me xingar. — Completo com uma risadinha.

— Relaxa, pode colocar a culpa em mim. — Hierro sorri e balança seu taco. — Vamos logo.

Ele abriu um pequeno sorriso e caminhou em direção ao seu carro. Olhei para Zulema e mordi o lábio inferior, tentando conter meu sorriso. Quase nos beijamos. Quase. A morena dá um leve soco no meu braço e segue Hierro. Caminho até o carro e entro no banco de trás do veículo, encostando a cabeça na janela.

Eu senti ela que ia ceder, de alguma forma eu sentia isso.

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Att dupla hoje porque estou de bom humor, e muito grata pelas mais de 500 leituras ♥︎ Fico tão feliz que vocês estejam gostando, isso aquece demais meu coração. Obrigada por isso, meus amores!!

Girls Like Girls (hiatus!)Onde histórias criam vida. Descubra agora