Macarena
Levou um tempo até conseguir me acostumar com a claridade no quarto. Senti os braços de Zulema entrelaçados em minha cintura e de repente não quis mais levantar. Queria ficar ali, me perder naquele abraço que trazia de volta todas as minhas forças.
— Bom dia. — Sua voz é rouca e cansada. Linda. — Parece que está bem cedo, não quer voltar a dormir?
— Não, tudo bem. — Me viro de costas para a árabe novamente, assim ficando de conchinha. Nos mexemos muito enquanto dormíamos, então trocamos de posições várias vezes. Ela aperta meu corpo contra o seu e meu coração palpita. — Sua mãe costuma entrar no seu quarto de manhã, acho que seria estranho ela me ver aqui.
Zulema ri e apenas puxa a coberta de modo que nos cubra até a cabeça.
— Agora ela não vai mais ver. — Mesmo de costas, consigo enxergar seu sorrisinho de lado. — Como você está? Sabe...depois de tudo.
— Hm...Bem?— E é verdade. Zulema foi sincera comigo, então não haveria motivos para não estar bem. — Relaxa, não estou chateada nem nada. Você me contou tudo, então estou mais tranquila. Vale?
— Vale. — Ela não falou mais nada e caímos no sono novamente.
Acordamos uma ou duas horas depois com leves batidas na porta. A mãe de Zulema sempre fora muito calma, o que me fazia gostar mais ainda dela.
— Zulema? Ainda está dormindo? — Outra batida. — Hija?
Me viro para o outro lado e ouço Zulema roncar. Merda.
Sem ter outra opção, me levantei e vesti a camiseta de Zahir, caminhando em passos lentos até a porta e a abrindo.
— Oi... — Mordo meu lábio inferior. O que essa mulher vai pensar de mim agora?
— Maca? — Ergue a sobrancelha. — Você aqui? Oh...Bem que ouvi alguns barulhos na madrugada passada.
Meu rosto fica vermelho em questão de segundos e minha vontade é de me enfiar em um buraco e não sair mais.
— B-Barulhos, senhora Zahir?
— É, mas nada demais. Foram só barulhos de portas abrindo e fechando.
Suspiro aliviadamente.
— Vim acordar Zulema para ir à escola, mas ela anda tão triste esses dias... — Ela suspira. — Que bom que você apareceu aqui. Tomei um susto, mas pelo menos vai fazer bem à ela. Cuide da minha filha, vale?
A mãe de Zulema aperta levemente meu ombro e sai do quarto.
Não queria nem imaginar como ela estava. Se eu já me encontrava mal por causa de Zulema e seu estado, imagine a mãe dela. O coração deveria estar apertado de ver a filha assim e não conseguir fazer nada.
Após me recompor, viro para a cama e encontro Zulema sentada e tentando ajeitar os cabelos bagunçados.
Com certeza não me importaria de acordar com essa visão todos os dias.
— Acordou, dorminhoca? — Solto uma risadinha nasal e subo na cama, me aninhando em seu colo. — Não se preocupe, sua mãe veio aqui porém não mencionou nada sobre você precisar ir para a escola.
— Mas você precisa. Sabe que não pode parar sua vida por mim, não sabe, Maca? — Zulema ergue meu rosto. — Precisa ir à escola, precisa ter a sua rotina, precisa viver. Não pare tudo isso só por minha causa.
— Como vou para a escola sabendo que você está enfiada debaixo das cobertas e sem um pingo de vontade de levantar? — As lágrimas começam a brotar automaticamente e mordo minha bochecha. — Zule, por favor, o vazio enorme que sinto quando você não está perto de mim é doloroso. Almoçar no refeitório sem você brincando com a comida é doloroso. Tudo dói, tudo.
Zulema não responde. Ao invés disso, faz eu me encolher mais ainda em seu colo e envolve os braços em meu corpo, como uma mamãe pássaro que protege seu filhote.
Sei que ainda é uma longa caminhada até ela ficar melhor e se sentir 100% disposta de novo. Mas é um risco que vale a pena correr.
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Oi :)
Sei que ando BEM sumida daqui. Minha inspiração foi pelo ralo (mais uma vez, nada novo sob o sol) e estou lidando com alguns problemas pessoais, mas nada demais. Bom, espero que alguém ainda esteja acompanhando a fic.
Quero voltar a escrever aqui, ler os comentários de vocês e rir com os surtos. E obrigada, mais uma vez, pelos mais de 2k de leituras. Me deixa nas nuvens saber que tem pessoas que apreciam minha leitura :)
Até o próximo capítulo. ♥︎
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Girls Like Girls (hiatus!)
FanficMacarena Ferreiro e Zulema Zahir são melhores amigas desde a infância; sempre fazem tudo juntas e nunca se desgrudam. Com o passar do tempo a loira percebe que um sentimento estranho cresce dentro do seu peito em relação à Zahir, e quando se dá cont...