Macarena
Fui conduzida até a pista do salão por Zulema. O contato de nossas mãos enviava uma corrente elétrica pelo meu corpo, aquilo me deixava totalmente agitada. Paramos no meio da pista, onde ela levou as mãos para minha cintura e eu entrelacei meus braços em seu pescoço. The Time Of My Life tocava no local, o que só tornava o clima melhor.
—Adoro essa música, você não? — Zulema indaga.
— S-Sim, ela é ótima. — Coço a garganta e desvio o olhar para qualquer lugar que não sejam seus olhos.
— Meninas! — Helena aparece e a árabe larga minha cintura, me fazendo resmungar um palavrão. — Nós vamos beber na parte mais afastada da cidade, querem ir?
Olhei para trás de Helena; Kabila, Saray e Anabel estavam com ela. Zahir apenas concordou com a cabeça e me olhou como se perguntasse se eu queria ir junto.
— Ah...Por que não, né? — Respondo e abro um pequeno sorriso.
— Beleza, vamos nos embebedar!
Saímos do baile com as outras meninas. Helena estava carregando sua mochila que parecia bem pesada, presumi que as bebidas estavam lá dentro. Fomos à pé até uma parte mais deserta da cidade. Havia algumas árvores e um pequeno bosque, o que me deixou tranquila era o fato de que era raro ver pessoas passando por ali. Nos sentamos na grama, fazendo uma pequena rodinha. Martín tirou as garrafas de bebida da mochila e distribuiu para todas; Para Kabila e Anabel, ela deu duas garrafas de cerveja. Para Saray, uma garrafa de vodka. Para mim e Zulema, vodka também. E por fim, para ela, uma garrafa de gin.
— Sabe, isso pode ficar melhor. — Saray comenta após abrir a vodka e dar um grande gole. — Vamos jogar verdade ou desafio.
— No me jodas, vocês tem o quê? Treze anos? — Anabel gargalha.
— É, gente...Que infantil. — Murmuro, mas por dentro estou gritando de desespero.
— Tem algo a esconder, rubia? — Cachinhos pergunta com a sobrancelha erguida.
— Não tenho, e você? Tem algo a esconder? — Rebato, franzindo o cenho.
— Ei, ei! Acalmem os ânimos. — A árabe se intromete. Olho para a garrafa de vodka em sua mão e arregalo os olhos. Eu mal pisquei e ela já bebeu quase metade. — Vamos apenas ficar conversando, vale?
— Vale. — Dizemos em uníssono, exceto Kabila que fica com a boca fechada.
Anabel e Kabila conversavam sobre coisas da escola enquanto Saray e Helena dividiam o gin e a vodka. E eu e Zulema. Bom, estávamos em completo silêncio. Na verdade, ela estava resmungando coisas desconexas. Talvez fosse culpa da vodka que ela bebeu rápido demais e já estava dando efeito.
— Rubiaaaaa! — Ela exclama com a voz arrastada, abraçando meu pescoço. — Não devia ter bebido tanto.
— É, não devia mesmo. — Acompanho sua risada e pego a garrafa da sua mão, bebendo um gole e torcendo o nariz. — Joder, é forte.
— Quer ver uma coisa legal? Vem cá.
Zulema se levantou desajeitadamente e estendeu a mão. Olhei para as meninas e suspirei de modo aliviado ao ver as mesmas tão envolvidas em suas conversas. Segurei na mão alheia e me levantei, permitindo-me ser puxada para dentro da pequena floresta. Estava um pouco escuro, mas a lua iluminava de leve o ambiente. Depois de caminhar por alguns minutos, meu coração acelerou quando Zulema me empurrou contra uma das árvores.
— Eu quero muito te beijar agora. — Ela sussurra em meu ouvido, pousando as mãos em minha cintura e dando um leve aperto. Não consigo me mover, estou totalmente paralisada e sem reação. — Só um beijinho. Por favor, Macaaa! — Zulema resmunga e me sacode.
— Dios, calma! Não faça nenhum escândalo, elas podem nos ouvir. — Seguro em seus ombros e consigo sentir o quão próximos nossos rostos estão. — Zule, por favor...Você namora.
— Ele não vai saber. — Por mais que a iluminação seja pouca, ainda é possível enxergar o sorriso de lado estampado em seu rosto. — Eu preciso de você, tem ideia de como tenho ansiado pelo seu toque?
Senti uma palpitação em meu peito. Aquela frase me afetou mais do que eu imaginei que afetaria, e de repente as borboletas em meu estômago voltaram a ficar agitadas. Dizem que a bebida entra e a verdade sai, mas como eu poderia ter certeza disso? Eu queria beijar Zulema, era meu maior desejo naquele momento, porém ela estava bêbada e eu sabia que precisava respeitar isso.
Eu precisava ser racional.
— Zule, n-não dá... — Gaguejo e balanço a cabeça. — É sério, vamos voltar para perto das meninas.
— Tenho tanto ciúmes de você com Kabila, detesto aquela garota. — Por que ela tem que trazer esse assunto à tona de novo? — Não quero dividir o meu bebê com ninguém — Ela completa com uma voz infantil e abraça meu pescoço.
Foco, foco, foco!
— Ok, fica tranquila. Ela não vai me roubar de você. — Dou uma risadinha nervosa, sentindo meu coração bater rapidamente dentro do peito. — Vamos voltar.
Com muita dificuldade, arrastei Zulema de volta para onde estávamos. Por sorte, ninguém perguntou sobre nosso sumiço. Ficamos mais um tempo no bosque e logo decidimos voltar para o baile. Quando chegamos, avistei o carro da minha mãe estacionado na rua.
— Meninas, eu preciso ir. — Supiro. — Kabila, sua mãe vem te buscar?
— Sim. — A cacheada responde de modo seco.
— Tá...Se cuidem, a festa foi muito divertida.
Me despedi de todas e dei um beijo rápido na bochecha de Zulema. Ela tentou virar o rosto para juntar nossos lábios, mas por sorte fui mais rápida. Caminhei até o carro de Encarna e entrei no veículo, soltando um suspiro aliviado.
— Como foi o baile, mi amor? — A mais velha pergunta e não consigo conter um sorriso.
— Foi ótimo.
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Gente, quase 1k de leituras!! Eu tô muito feliz, sério. Obrigada, obrigada, obrigada!! Que bom que vocês estão gostando, isso aquece demais meu coração ♡
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Girls Like Girls (hiatus!)
FanfictionMacarena Ferreiro e Zulema Zahir são melhores amigas desde a infância; sempre fazem tudo juntas e nunca se desgrudam. Com o passar do tempo a loira percebe que um sentimento estranho cresce dentro do seu peito em relação à Zahir, e quando se dá cont...