capítulo 13

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Macarena

Fui conduzida até a pista do salão por Zulema. O contato de nossas mãos enviava uma corrente elétrica pelo meu corpo, aquilo me deixava totalmente agitada. Paramos no meio da pista, onde ela levou as mãos para minha cintura e eu entrelacei meus braços em seu pescoço.  The Time Of My Life tocava no local, o que só tornava o clima melhor.

—Adoro essa música, você não? — Zulema indaga.

— S-Sim, ela é ótima. — Coço a garganta e desvio o olhar para qualquer lugar que não sejam seus olhos.

— Meninas! — Helena aparece e a árabe larga minha cintura, me fazendo resmungar um palavrão. — Nós vamos beber na parte mais afastada da cidade, querem ir?

Olhei para trás de Helena; Kabila, Saray e Anabel estavam com ela. Zahir apenas concordou com a cabeça e me olhou como se perguntasse se eu queria ir junto.

— Ah...Por que não, né? — Respondo e abro um pequeno sorriso.

— Beleza, vamos nos embebedar!

Saímos do baile com as outras meninas. Helena estava carregando sua mochila que parecia bem pesada, presumi que as bebidas estavam lá dentro. Fomos à pé até uma parte mais deserta da cidade. Havia algumas árvores e um pequeno bosque, o que me deixou tranquila era o fato de que era raro ver pessoas passando por ali. Nos sentamos na grama, fazendo uma pequena rodinha. Martín tirou as garrafas de bebida da mochila e distribuiu para todas; Para Kabila e Anabel, ela deu duas garrafas de cerveja. Para Saray, uma garrafa de vodka. Para mim e Zulema, vodka também. E por fim, para ela, uma garrafa de gin.

— Sabe, isso pode ficar melhor. — Saray comenta após abrir a vodka e dar um grande gole. — Vamos jogar verdade ou desafio.

— No me jodas, vocês tem o quê? Treze anos? — Anabel gargalha.

— É, gente...Que infantil. — Murmuro, mas por dentro estou gritando de desespero.

— Tem algo a esconder, rubia? — Cachinhos pergunta com a sobrancelha erguida.

— Não tenho, e você? Tem algo a esconder? — Rebato, franzindo o cenho.

— Ei, ei! Acalmem os ânimos. — A árabe se intromete. Olho para a garrafa de vodka em sua mão e arregalo os olhos. Eu mal pisquei e ela já bebeu quase metade. — Vamos apenas ficar conversando, vale?

— Vale. — Dizemos em uníssono, exceto Kabila que fica com a boca fechada.

Anabel e Kabila conversavam sobre coisas da escola enquanto Saray e Helena dividiam o gin e a vodka. E eu e Zulema. Bom, estávamos em completo silêncio. Na verdade, ela estava resmungando coisas desconexas. Talvez fosse culpa da vodka que ela bebeu rápido demais e já estava dando efeito.

Rubiaaaaa! — Ela exclama com a voz arrastada, abraçando meu pescoço. — Não devia ter bebido tanto.

— É, não devia mesmo. — Acompanho sua risada e pego a garrafa da sua mão, bebendo um gole e torcendo o nariz. — Joder, é forte.

— Quer ver uma coisa legal? Vem cá.

Zulema se levantou desajeitadamente e estendeu a mão. Olhei para as meninas e suspirei de modo aliviado ao ver as mesmas tão envolvidas em suas conversas. Segurei na mão alheia e me levantei, permitindo-me ser puxada para dentro da pequena floresta. Estava um pouco escuro, mas a lua iluminava de leve o ambiente. Depois de caminhar por alguns minutos, meu coração acelerou quando Zulema me empurrou contra uma das árvores.

Eu quero muito te beijar agora. — Ela sussurra em meu ouvido, pousando as mãos em minha cintura e dando um leve aperto. Não consigo me mover, estou totalmente paralisada e sem reação. — Só um beijinho. Por favor, Macaaa! — Zulema resmunga e me sacode.

— Dios, calma! Não faça nenhum escândalo, elas podem nos ouvir. — Seguro em seus ombros e consigo sentir o quão próximos nossos rostos estão. — Zule, por favor...Você namora.

— Ele não vai saber. — Por mais que a iluminação seja pouca, ainda é possível enxergar o sorriso de lado estampado em seu rosto. — Eu preciso de você, tem ideia de como tenho ansiado pelo seu toque?

Senti uma palpitação em meu peito. Aquela frase me afetou mais do que eu imaginei que afetaria, e de repente as borboletas em meu estômago voltaram a ficar agitadas. Dizem que a bebida entra e a verdade sai, mas como eu poderia ter certeza disso? Eu queria beijar Zulema, era meu maior desejo naquele momento, porém ela estava bêbada e eu sabia que precisava respeitar isso.

Eu precisava ser racional.

— Zule, n-não dá... — Gaguejo e balanço a cabeça. — É sério, vamos voltar para perto das meninas.

— Tenho tanto ciúmes de você com Kabila, detesto aquela garota. — Por que ela tem que trazer esse assunto à tona de novo? — Não quero dividir o meu bebê com ninguém — Ela completa com uma voz infantil e abraça meu pescoço.

Foco, foco, foco!

— Ok, fica tranquila. Ela não vai me roubar de você. — Dou uma risadinha nervosa, sentindo meu coração bater rapidamente dentro do peito. — Vamos voltar.

Com muita dificuldade, arrastei Zulema de volta para onde estávamos. Por sorte, ninguém perguntou sobre nosso sumiço. Ficamos mais um tempo no bosque e logo decidimos voltar para o baile. Quando chegamos, avistei o carro da minha mãe estacionado na rua.

— Meninas, eu preciso ir. — Supiro. — Kabila, sua mãe vem te buscar?

— Sim. — A cacheada responde de modo seco.

— Tá...Se cuidem, a festa foi muito divertida.

Me despedi de todas e dei um beijo rápido na bochecha de Zulema. Ela tentou virar o rosto para juntar nossos lábios, mas por sorte fui mais rápida. Caminhei até o carro de Encarna e entrei no veículo, soltando um suspiro aliviado.

— Como foi o baile, mi amor? — A mais velha pergunta e não consigo conter um sorriso.

— Foi ótimo.

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Gente, quase 1k de leituras!! Eu muito feliz, sério. Obrigada, obrigada, obrigada!! Que bom que vocês estão gostando, isso aquece demais meu coração

Girls Like Girls (hiatus!)Onde histórias criam vida. Descubra agora