Capítulo 20

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Dois dias haviam se passado desde que FP chegara ao apartamento, e a gritaria corria solta.

Mas não eram mais Jughead e Betty quem gritavam; era o moreno e seu velho, que por tudo discutiam.

-Porra, não acredito, cara! -Jughead gritou- Mano, fumar maconha na varanda?! Essa porra é ilegal!

-Você tem que relaxar mais, filhão... Está desperdiçando a vida seguindo as regras!

-Não são regras, são leis! -ele gesticulou exageradamente- Aquela coisa que se você não segue, vai preso!

-Ah, -ele deu de ombros- Alguns meses no xadrez nunca fizeram mal à ninguém...

-Fizeram sim! -ele franziu a testa, indignado.

-Quer saber, moleque? -o mais velho catou o casaco, pisando duro até a porta- Vou dar uma volta, esperar você esfriar a cabeça.

-Só volta quando esse cheiro de maconha sair de você! -Jughead gritou- Viciado!

O pai bateu a porta, e Jughead suspirou pesadamente, sentando no sofá.

Betty, que estava no batente da cozinha, assistindo a cena, tentou acalmá-lo:

-Está tudo bem... é só a gebte abrir os vidros da varanda e espirrar aquele aromatizante que às nossas mães gostam... -ela disse enquanto o fazia- Viu só? -sorriu- O cheiro ruim já saiu...

-O problema não é o cheiro... -ele murmurou- É o viciado que encheu a casa com esse cheiro.

-Ah, Jug... -Betty parou em frente a ele, apoiando a cabeça do moreno na sua barriga. Ele esticou os braços pela cintura dela, e ela acariciou seu cabelo. Então ela se separou, se sentando no canto do sofá- Vem cá. -ela se deitou, almofadas deixando seu tronco mais alto- Vem. -ela sorriu, gesticulando com a mão direita para que ele se aproximasse.

O moreno engatinhou no sofá, e apoiou o lado direito do rosto acima do peito da garota, encaixando a cabeça abaixo do pescoço dela. Sorriu, deitando de bruços sobre ela. Esticou os braços para cima no sofá, alcançando os ombros da garota. Fechou os olhos suspirando. Ela acariciou seu cabelo e beijou o topo de sua cabeça:

-Eu estou aqui com você. Sabe disso, não sabe? -ele assentiu, ainda com os olhos fechados- Sempre.

-Você é incrível. Simplesmente incrível. -ela sorriu.

Jughead tinha saído para ir no mercado, e Betty estava na cozinha devorando uma maçã. Folheava uma revista "Mundo estranho", sobre os maiores serial killers americanos. Ela estava intrigada, mas ao mesmo tempo com um pouco de medo.

Então abriram a porta de entrada, e Betty gritou:

-Jug? -mas ninguém respondeu.

Se levantou, deixando a maçã na mesa e foi ver o que era. Provavelmente Jughead estava com os fones de ouvido, como sempre. Mas não era ele:

-Ah, FP. -ela deu um sorrisinho amarelo- Oi.

Ele se virou, e na hora ela percebeu o que havia de errado; ele estava bêbado. Sorriu para ela. Um sorriso sombrio e assustador.

-Oi, Beth.

-Betty. -ela murmurou- É Betty.

-Sim, claro. Betty. -ele deu um passo para frente- Você cresceu muito desde a última vez que te vi. Antes era uma criancinha, e agora... -ele desceu os olhos sedentos por Betty- agora tem o corpo de uma mulher. -deu mais um passo em direção à garota.

-FP, você está me assustando...

-Não precisa ter medo. -negou com a cabeça, a testa franzida- Não vou te machucar. Na verdade, você vai adorar.

Ela andou de ré, tentando se afastar do homem que se aproximava cada vez mais. Até que trombou contra a bancada da cozinha. Ele segurou na cintura dela, a apertando, e ela protestou.

-Não..! -tentou se soltar, mas ele segurou as duas mãos da menina com força- Me solta, seu nojento! -ele riu e desceu beijos pelo pescoço dela, logo depois beijando perigosamente perto de seu seio- Argh! -cuspiu na cara dele.

-Vadia! -lhe deu um tapa no rosto, e ela gritou- Eu vou te comer de jeito e você não vai fazer nada para me impedir, está ouvindo?! -bateu nela mais uma vez- Nada!

Nessa hora, Jughead abriu a porta. Ele teve um choque com a cena; Elizabeth com os olhos marejados, a cara vermelha e a marca de uma mão em sua bochecha. Os pulsos firmemente segurados por uma mão forte, e um homem com o rosto afundado nos seios da loira.

E só então ele percebeu; o homem que a agarrava a força era seu pai.

Ele o empurrou para longe de sua namorada, o jogando no chão.

-Mas que porra?! Seu arrombado! -correu até a loira- Você está bem? Ele te machucou?-pegava en todos os seus membros e analisava a procura de hematomas ou ferimentos, mas ela parecia fisicamente bem.

-Estou bem, estou bem. -ela assentiu.

-Oi, filhão. -ele logo sentiu o cheiro do álcool, e o assistiu se levantar- Veio atrapalhar a diversão?

-Canalha! Você aparece do nada, pede perdão e então tenta estuprar minha namorada?! -ele empurrou o grande homem novamente- Que caralho de perdão quer que eu te dê?!

O homem o encarou em silêncio.

-Me diz o que é que você quer, por que está na cara que não é uma segunda chance o que procura.

-Preciso de dinheiro. -ele falou, na lata- E um lugar para dormir por alguns dias. -se virou para o filho com um ar sarcástico- Não achou mesmo que vim aqui para fazer as pazes, achou?

O moreno engoliu em seco, cerrando os punhos.

-A mocinha está zangada, é? -ele provocou, e o moreno explodiu, dando um soco no queixo do mais velho, que cambaleou até o batente da porta, e por um momento vacilou. Mas então sorriu, parecendo se divertir com aquela cena.

-Sai da minha casa. -ele falou baixinho.

-O que foi?

-Eu disse SAI DA MINHA CASA! -o moreno deu um berro grosso, que fez Elizabeth se arrepiar até a costela- Sai daqui, antes que eu te mate. E se algum dia, por qualquer motivo, você tentar tocar na minha namorada de novo... eu juro. Eu juro que eu te mato.

O mais velho cuspiu o sangue do soco, e riu.

-Está bem, grandão. Eu vou. -Andou até a porta da casa, mas antes de sair, se virou para ele- Você me julga, mas como acha que você vai ser quando crescer? -negou rindo- A maçã não cai tão longe da árvore. -bateu a porta, e Jughead se apoiou na bancada, uma lágrima escorrendo pela bochecha vermelha do moreno.

-Está tido bem, agora. -Betty o acalmou, colocando a cabeça do mais alto em seu ombro- Eu estou bem.

Ele chorou no ombro dela por algum tempo, deixando tudo extravasar.

Eles estavam bem.

Ele cuidou e mimou a garota pelo resto do dia, e ela parecia ter melhorado. Ele sabia que ela logo ficaria melhor - Betty era uma menina muito forte.
Ao fim do dia, ps dois pareciam já ter deixado os acontecimentos do começo da tarde no passado.

Bem ao fim da noite, quando os dois sorriram para as mães do outro lado da tela, souberam da grande notícia, contada pelas duas ao mesmo tempo:

-Vocês vão passar o feriado no navio com a gente! -bateram palminhas.

Os dois se se entreolharam sorrindo.

Aquilo ia ser divertido.



AMINIMIGOS -bugheadOnde histórias criam vida. Descubra agora