Capítulo 6

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-Eu estou grávida. -foi a primeira coisa que Josie falou assim que Jughead fechou a porta de seu quarto.

Josie e ele não namoravam. Jughead Jones nunca namorou nenhuma de suas ficantes. Elas eram somente isso; ficantes.

Mas não negava a possibilidade de algum dia gostar tanto de alguém que nunca mais precisaria de outra pessoa.

Mas Josie com certeza não era a garota certa que ele tinha em mente. Ele e ela tinham combinado havia algum tempo -a única coisa entre eles seria sexo. Poderiam ficar com quem quisessem, e se encontrariam quando tivessem vontade.

Ele saía com outras garotas também.

Mas agora, o que Josie dissera mudava tudo.

-O-o que?

-Eu estou grávida. Minha menstruação está um mês atrasada. -ela murmurou baixinho.

-Isso não pode estar acontecendo.... nós, nós usamos proteção!

-Proteção só tem eficácia em 97% das vezes. -ela o olhava com desespero.

-Eu sou novo demais para ser pai... só tenho dezessete anos! Nem sou legalmente maior de idade!

-Eu também não queria isso!

-Você já fez um teste para confirmar? -ele passava as mãos pelo cabelo apressadamente.

-Não, ainda não.

-Eu vou comprar um teste. Espera aqui.

-Certo. -ela se sentou na cama. Antes de sair, ele lhe lançou um último olhar- Eu estou com medo. -ela murmurou, os olhos marejados.

-Eu também.

Ele seguiu corredor a fora.

-Sua mãe e Gladys vão ficar quanto tempo fora?

-Uns dois meses. -Betty esticou a mão para pegar um dos bombons que suas amigas trouxeram, mas então suspirou e puxou a mão vazia de volta.

"Sem doce. Você sabe que depois se arrepende". Aconselhou-se mentalmente.

Nesse momento, Jugjead atravessou a sala como um furacão:

-Oi, Jughead. -Cheryl cumprimentou.

-Estou com pressa. -bateu a porta e foi embora.

-Jughead Jones, como sempre um amor. -Veronica fez piada.

-Tão delicado quanto um coice. -Toni zoou.

Cheryl deu uma cotovelada de brincadeira em Toni, e as duas riram:

-As vezes dá vontade de largar o crush que não me nota e virar lésbica. Macho dá muito trabalho. -ela revirou os olhos- E com vocês duas é... é amor de verdade, sabe?

-Mas macho também pode ser muito gostoso. -Veronica comentou.

-Eles são muito chatos! -a loira bufou.

Todas ficaram em silêncio, e o olhar da loira focou nos bombons novamente. Como queria pegar um deles.....

A porta se escancarou e Jughead voou apartamento adentro, sem uma palavra sequer, deixando as meninas em uma curiosidade absurda.

Jughead seguiu corredor adentro, entrou no quarto, e estendeu a sacola a Josie:

-Eu comprei três diferentes para termos certeza.

Ela se fechou no banheiro, e em alguns minutos voltou.

-Temos que esperar o resultado agora.

-Quanto tempo?

-Três minutos.

-Certo. -ele se sentou no sofá.

Era ridiculamente irônico como aqueles três minutos poderia mudar a minha vida inteira.

Meu corpo todo tremia. Parecia já ter passado uma hora; o tempo se arrastava lentamente. Não escutava mais Elizabeth e o bando de matracas irritantes, o que significava que elas tinham saído.

-Falta quanto tempo? -me virei para a morena, que vigiava o relógio como uma águia.

-30 segundos.

Prendi a respiração, pensando no que faria se o resultado fosse positivo.

O timer apitou e ambos nos olhamos desesperados. Marchamos lentamente até a bancada do banheiro, e o palito mostrava a verdade.

-Dois palitos significa o que? -perguntei.

-Positivo. -Josie engoliu um soluço.

-Temos mais dois testes ainda. -ela assentiu.

Não sei de onde ela tirou tanto xixi, mas foi necessário.

O problema foi que os dois testes tiveram o mesmo resultado que o primeiro.

-Puta merda.

-Puta merda.

O resto da tarde foi um borrão. Não me lembro exatamente da conversa que tivemos, me lembro de xingar e gritar, de socar a parede e quebrar o gesso.

Me lembro de termos decidido que ela faria um aborto em uma clínica.

Me lembro dela abraçada a mim, chorando desesperadamente. Me lembro de ter segurado o choro por muito tempo.

E, de repente, Josie já não estava mais lá, e eu estava sentado no sofá da sala, o rosto entre as mãos e as lágrimas rolando pelas bochechas.

Betty girou as chaves de casa e abriu a porta, já tirando seu casaco.

O comum aroma de livro novo e papel queimado que tinha seu apartamento pairava no ar, com uma pequena diferença -o perfume forte e masculino de Jughead se misturava ao aroma de eu lar.

Ao olhar para as cotas do sofá, viu o moreno.

-Eu quis ser gente boa e deixei ligar para você aprontar com a Josie. Viu como eu consigo ser legal? Eu tirei as meninas daqui.

-Eu estou pouco me fudendo para as suas amigas esquisitas, Elizabeth. -ela logo de cara percebeu que havia algo de errado. Jughead estava chorando?

-Jughead? -ela deu a volta no sofá e parou em frente a ele.

O moreno tirou as mãos do rosto, secando o queixo cheio de gotas penduradas, e com o rosto vermelho e os olhos marejados, disse:

-Josie está grávida.

Betty arregalou os olhos. Abriu a boca, depois fechou, e então murmurou:

-Jughead... eu sinto muito...

-Não sinta. -ele fungou, tentando parar de chorar, mas não funcionou- Ela vai abortar o feto.

A loira não disse nada, simplesmente se sentou ao seu lado e o abraçou. Ele também não hesitou, se acomodando no peito da garota. Ele fungava e chorava alto, e ela simplesmente ficou lá, acariciando seus cabelos:

-Vai ficar tudo bem, eu sei que vai.

-Eu espero que fique. -ele fungou- Betty?

-Oi?

-Você pode ir à clínica com a gente?

Ela hesitou por um momento, e então sorriu tristemente:

-Sim, Jughead, claro que posso.

Ela sentiu ele a abraçar mais forte, a puxando para mais perto.

Seguiram a noite lá; ele chorando de desespero, e ela, o reconfortando.

Talvez eles pudessem ser amigos afinal.



AMINIMIGOS -bugheadOnde histórias criam vida. Descubra agora