AMINIMIGOS -bughead

Capítulo 9

Jughead logo percebeu que havia algo estranho com sua... aminimiga.

Todos os dias, cerca de dez minutos depois deles jantarem, ou durante a tarde, a loira se trancava no banheiro.

Mas como eles não era realmente amigos, não falou nada. Se ela precisasse de algo, falaria com ele. Não falaria?

As coisas também estavam um pouco confusas para a loira.

Betty não tinha comido nada além de uma uva o dia inteiro. Era errado ela se sentir orgulhosa por se fazer passar fome? Como se, quando não comia, logo se sentia mais magra?

Ela não sabia.

Se pesou. Apesar de ser alta, ainda sim era pesada: 82 quilos. Bom, ela havia emagrecido um pouco, chegando a 81. Sorriu para o espelho, se sentindo mais magra. Se matar de fome estava valendo a pena.

Durante o jantar, os dois permaneceram em silêncio. Durante os poucos dias que se passaram, ela rinha tentado não repetir aquilo que fez no banheiro de Veronica, mas nem sempre conseguia.

Jughead levantou e foi lavar a sua louça, oferecendo-se para lavar a da ruiva também.

-Nossa, quem olha até acha que você é fofo.

-Eu sou um amor! Só não com você. -ele deu um sorriso amarelo e ela retribuiu com um dedo do meio, rindo.

Ligou seu telefone, e começou a assistir os stories de seus colegas, quando, passando pelo instagram de Josie, viu: em uma festa, Archie Andrews aos beijos com Veronica Lodge.

A loira engoliu um soluço, e desceu da banda onde estava sentada:

-Eu... preciso ir ao banheiro. -ela correu corredor adentro.

Bateu a porta e a trancou. Parou em frente ao espelho; a barriga inchada da comida, os olhos vermelhos e o rosto quente. Olhou novamente o vídeo: Veronica com uma blusa curta, exibindo sua barriga chapada e o corpo escultural.

A comida parecia zombar dela. "Você nunca será ela."

"Archie gosta de meninas magras, baleia!" Sua própria mente a xingava.

Ela engoliu em seco. Não conseguia controlar. Esticou a mão até o pote com as escovas de dente.

-Eu te odeio. -sussurrou para o próprio reflexo no espelho- Feia. Gorda. -apertou a escova fortemente nas mãos.

Se virou para a privada, ajoelhando. Uma lágrima escorreu pelo rosto.

O garoto que ela amava, amava a meninas magra.

E ela não era uma menina magra.

Enfiou a escova na goela. Forçou até vomitar. Deu descarga.

Não era suficiente.

Enfiou a escova de novo, o choro escorrendo fortemente. Vomitou. Deu descarga.

Veronica era magra e ela não era. Só aquilo não era suficiente.

Forçou novamente. Já não tinha mais o que vomitar. Seu corpo implorava para que parasse. Mas ela não logava para limites.

Vomitou novamente, somente billie e uma espuma laranja. Suco gástrico. Não era suficiente.

Estava quase se enforcando com a escova na goela, quando a porta se abriu.

-Elizabeth! -Jughead repreendeu.

Betty se assustou, ainda forçando a escova, e acabou vomitando em si mesma. Ela não tinha trancado ambas as portas? Teria esquecido a porta dele?

Ela soluçou, passando a mão no queixo para limpar o excesso:

-Vai embora. -ela se levantou, as lágrimas escorrendo.

-Betty, o que você está fazendo?

-Eu disse para ir embora! Saia daqui! Me deixe em paz! -ela tentou empurrar o moreno para longe, mas ele a segurou pelos braços.

-Você está toda vomitada, Betty... porra! -ele a arrastou pelo banheiro, enquanto ela se debatia- Vem se limpar. -ele tirou a camiseta, ficando só de bermuda, e a puxou para dentro do chuveiro com ele. Logou a água quente e a gelada, deixando a temperatura morna.

-Eu não sou um bebê para você me dar banho! -ela brigou, tentando se soltar. Ele a esticou para debaixo d'água:

-Se precisar tira essa camiseta.

-Não vou ficar de sutiã na sua frente. -ela semicerrou os olhos.

-Eu já te vi, esqueceu? -ela continuou o encarando de cara feia- Tá, fica com a camiseta de vomito então. -deu de ombros.

A garota o encarou por um momento, e por fim disse:

-Eu tiro. -ela esticou a camiseta na água, o vomito caindo direto no ralo. Então bufou- Por que você não pode me deixar sozinha?!

-Não vou correr o risco de você tentar fazer aquilo de novo. -negou.

-Puta merda, me deixa! -ela gritou. Se ajoelhou no chão, debaixo da água, e começou a chorar. O moreno se ajoelhou ao lado dela, e puxou o elástico do seu rabo de cavalo. A menina dobrou o pescoço, deixando a água escorrer por seu cabelo.

-Há quanto tempo isso vem acontecendo? -ele falou tão baixo que quase não era possível escutar no meio do som da água.

A loira se ajoelhou e desligou a água, suspirando findo sem encarar o moreno:

-Mais ou menos cinco dias.

-Cinco dias!? -ele quase gritou- Elizabeth, você precisa parar com isso!

-Eu tento, mas... não consigo!

-Por que faz isso consigo mesma?!

-POR QUE EU QUERO SER BONITA! -ela gritou. Ele suspirou, ajoelhado no boxe.

-Ah, Betts... -Puxou a toalha da loira, pendurada no vidro, e a ajudou a se levantar. Enrolou-a na toalha e se enrolou na própria.

Os dois ficaram em silêncio, assistindo o vidro embaçado do vapor voltar ao normal, e refletir os dois. Ele a encarou pelo espelho, e então se virou para ela:

-Betty. -ele falou baixinho- Você não devia se achar feia. Por que você é linda, está me ouvindo? -ele tirou uma mecha do cabelo loiro e molhado do rosto da menina- Você é lindíssima. Estonteante. Só você não enxerga isso. E se alguém também não enxergar, com certeza é cego.

Ela fungou e sorriu de leve. Ela deu um passo para mais perto dele.

-E ninguém, pode falar nada de você. Por que senão vai se ver comigo. Quer dizer, ninguém além de mim, óbvio. -ele deu um risinho, e a encarou sério- Mas você está tão linda que não consigo mais nem criar defeitos em você. Não dá para botar defeitos ma perfeição.

Ele sorriu para ela, doce e tenro. Ela se esticou, e por um momento, ambos esperavam que fossem se beijar.

Mas também sabiam que aquilo nunca aconteceria.

Ela beijou sua bochecha:

-Obrigada, Jug.

-Não, o sermão não começou ainda. Aquilo foi para te fazer se sentir melhor. Agora, já que a sua mãe não está aqui, vou fazer o papel dela. Para o quarto, agora! Você vai levar uma bronca!

-Jughead, não preciso disso!

-Você fez burrada e agora vai escutar meu discurso! -ele a empurrou rindo em direção ao seu quarto.