Capítulo 29: DESACORDADA

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Marcos Narrando

— Senhor Marcos Espinosa? - um outro médico me chamou depois de algumas horas de espera.

— Sou eu. - respondi me levantando do sofá da sala em que eu estava.

— Me acompanhe por favor. - ele saiu andando e eu o segui.

— Então doutor como ela está? - perguntei apavorado quando chegamos em uma sala mais reservada.

— A cirurgia foi bem, mas a Lisa estava sem cinto e bateu a cabeça muito forte no meio-fio, ela esta desacordada e não sabemos quando ela vai acordar, ou se ela vai acordar, tudo que nos resta é aguardar. Pode ser que ela acorde hoje, pode ser que acorde amanhã, pode ser daqui um mês, pode ser daqui 3 meses, ela vai acordar quando o cérebro dela estiver preparado e recuperado da lesão. - o doutor falava e eu nem acreditava, parecia que eu estava no meu pior pesadelo.

— Onde ela está agora doutor? Eu posso vê-la? - Perguntei. As lágrimas insistiam em rolar novamente.

— Ela está em uma Unidade de Terapia Intensiva UTI. O homem do carro em que ela bateu, que ligou pra emergência e a acompanhou, está aqui e pediu um quarto reservado pra ela e os melhores cuidados e estamos fazendo o melhor, mas ele quer se desculpar com o senhor ou com alguém da família, ele está muito mal, se sentindo muito culpado.

— Depois eu converso com ele, agora não estou com cabeça, mas ele não precisa pagar nada doutor, faça tudo que tiver que fazer, independentemente de quanto custar, eu vou arcar com toda a despesa do hospital e não quero que vocês poupem esforços pra que ela fique bem logo. - respondi. — Será que eu posso vê-la?

— Sim, pode vê-la, mas o senhor tem que saber que ela está com a cabeça enfaixada e ligada a vários aparelhos. Também está com diversos cortes no rosto, ombros, braços e esfoliações por todo corpo, então esteja preparado.

— Eu estou preparado doutor. - eu não estava. — Só quero vê-la.

Ele assentiu e me pediu para acompanhá-lo.

Nós entramos em um quarto que ficava na ala da Unidade de Terapia Intensiva e Lisa estava lá, com seu rosto perfeito, cheio de cortes superficiais, com a cabeça enfaixada, algumas partes do rosto e corpo cheio de hematomas.
Quando eu a vi, meu peito doeu, com certeza foi uma das piores sensações que senti na minha vida toda. Ela é tão nova, tão inteligente, nós tínhamos tantos planos.

Me aproximei da cama que ela estava e segurei sua mão e por um instante imaginei como seria a nossa vida se tudo fosse diferente se eu a conhecesse em outras circunstâncias, se a gente ficasse, saísse pra jantar, namorasse, casasse e tivesse vários filhos.

Fiquei ali um pouco com ela, só a observando, era horrível ver ela daquele jeito, mas eu não queria deixar ela sozinha ali.

— Você vai sair dessa, você vai ficar bem meu amor, vai dar tudo certo e quando você acordar eu vou estar aqui te esperando. - disse dando um beijo na testa dela com muito cuidado.

Sai do quarto e peguei meu celular pra tentar falar com a Estela, eu sabia que ela não estava nem aí pra Lisa, mas ela precisava saber.

Avisei Estela sobre o estado da Lisa e ela disse que iria vê-la depois do trabalho pois tinha muito serviço acumulado.

Que droga de trabalho é esse que não dispensa a funcionária mesmo com sua filha em uma UTI após sofrer um acidente de carro?

Peguei meu celular imediatamente e puxei o número de contato da empresa em que Estela trabalhava na internet, disquei e liguei. Eles iriam ter que liberar ela de um jeito ou de outro.

— Empresa Rivianers, boa noite. - uma moça atendeu o telefone.

— Olá boa noite, aqui é o Marcos Espinosa, marido da funcionária Estela LeBlanc, gostaria de ver com vocês porque não podem dispensar ela do serviço? A filha dela sofreu um acidente grave e está na UTI, precisamos dela aqui.

— Desculpa senhor, mas já tem 5 meses que Estela LeBlanc pediu demissão, ela não trabalha mais aqui, o senhor deve estar confundido. - respondeu.

Encerrei a ligação sem responder, onde estava Estela? Que droga ela estava aprontando? Pra onde ela está indo nesses 5 meses quando diz que vai trabalhar e quando diz que vai viajar a trabalho?

Liguei imediatamente pra Giovan, meu detetive particular e pedi pra que ele investigasse Estela. Giovan me pediu para que eu não a interrogasse ainda pra não atrapalhar a investigação e que iria a seguir durante 1 semana e me daria todos os detalhes.

Liguei pra amiga dela, Gabi e a informei sobre o acidente, ela disse que já estava vindo pro hospital e que avisaria alguns amigos de Lisa.

Me sentei na sala de espera pra relaxar um pouco, era quase impossível ficar lá dentro daquele quarto, vendo o amor da minha vida naquele estado.

— Oi Marcos. - Gabi chegou ofegante na sala de espera. — Como ela está?

— Ela está em coma Gabi. Isso tudo é culpa minha. - comecei a chorar me lembrando da hora que deixei ela sair pela porta sem lutar por ela.

— Calma Marcos, porque é sua culpa? O que aconteceu na sua casa? O que você fez? - Gabi perguntava apavorada.

— Nada. A Estela contou pra ela que estava grávida e a Lisa deduziu que eu estava somente brincando com ela, que eu não a amava de verdade. Eu disse que teria que ficar com a Estela, até ela ganhar esse bebê, porque eu não sabia o que Estela seria capaz de fazer se eu a largasse agora.

— Espera, a Estela está grávida? - Gabi perguntou.

— Sim, ela está grávida, quando ela me contou eu fiquei sem saber como agir com a Lisa perante a situação e por isso eu sumi. Fiquei apavorado pensando que Lisa me odiaria.

— Entendi, mas você ficou sabendo que a lisa  está grávida né? Ela te contou? - perguntou.

— Não, ela não me contou, assim que ela ficou sabendo que Estela estava grávida e depois de tudo que eu disse a ela sobre ficar com a Estela por mais 7 meses, ela saiu correndo e entrou no seu carro e por isso aconteceu o acidente. Eu podia ter impedido, eu devia. - eu falava chorando me lembrando do momento. — Quando cheguei no hospital, os médicos me disseram que ela perdeu o bebê que estava esperando e aí sim fui saber que ela estava grávida.

— Calma Marcos, a culpa não foi sua, foi do moço que parou o carro no meio da rua. - me consolou. — A Lisa tinha ido na sua casa te contar que estava grávida. Ela perdeu o bebê? Meu Deus, ela queria tanto essa criança. - Gabi começou a chorar.

— Esse bebê era meu filho Gabi? - perguntei, mesmo sabendo que a resposta era sim.

— Sim, depois do Ricardo a Lisa nunca mais ficou com ninguém e ela estava de 5 semanas e 3 dias quando descobriu, a data bateu mais ou menos com o dia que vocês se reconciliaram e parece que vocês não usaram camisinha.

— Sim, eu me lembro, não usamos e também teve outras duas vezes que não usamos no mesmo mês, realmente esse bebê era meu filho. - eu chorava de soluçar pensando no trauma que a Lisa ficaria, como seria quando ela descobrisse que perdeu o bebê que tanto queria. — Ela nunca vai me perdoar Gabi, eu acabei com a vida dela, por minha culpa ela perdeu esse bebê. Eu queria tanto ter esse filho com ela, construir uma vida com ela e agora quando ela acordar não vai nunca mais querer olhar na minha cara. - Gabi veio até mim e me abraçou.

— Calma Marcos, ela vai precisar de tempo, mas ela ama você, ela vai te perdoar sim, algum dia, eu sei que vai.

Fiquei conversando com a Gabi um tempo e logo a enfermeira autorizou a Gabi a ir no quarto de Lisa vê-la.

Me apaixonei pelo meu padrastoOnde histórias criam vida. Descubra agora