Cinco

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Eu trabalhava meio período em uma gráfica, mas não qualquer gráfica, logo quando vim morar com minha mãe César me indicou para que eu trabalhasse com sua irmã em uma gráfica dela. Era uma loja de cartão, foi ali que tive minha ideia mais maluca a respeito de César García, usar o quarto escuro da loja para revelar as fotos que eu tirava de meu vizinho era o meu mais novo hobbie. As vezes César ficava enchendo o saco na gráfica e não que fosse um problema, eu gostava, mas ele me deixava de certo modo extremamente constrangido pois não sabia o quão era excitante ver ele usando aquela roupa cinza com insígnias do seu trabalho, eu só conseguia vê-lo vestido daquele modo quando ele passava pela gráfica antes ou depois de ir trabalhar no período da tarde. Mas ele tinha um horário nada eclético as vezes seis da manha e as vezes saia para o trabalho seis da tarde e eu o assistia de minha janela, e voltava meia noite. Quando não voltava eu preferia acreditar que ele passou a noite no quartel de bombeiros, melhor pensar desse modo do que ter que acreditar que ele estava transando com alguma garota ou dormindo com sua chata namorada.

A irmã de César, Daniela, era uma mulher muito divertida, ela tinha 21 anos e eu gostava de ser o ajudante dela e gostava mais ainda do quarto escuro na qual eu revelava as fotos da maquina escondido.

Claro que eu não tirava fotos apenas de César, eu gostava de fotografar pessoas, as vezes os alunos da escola em seus momentos mais íntimos sentados consigo mesmo naquela solidão jovem. Amava o fato de poder rever as fotos e criar historia com elas, e as historias que eu criava com César era sempre voltadas a mim pois eu era o único que podia imaginar através de suas fotos o quão ele me amaria e o quão eu o amaria caso um dia ele me notasse. É claro que isso era impossível, mas sonhar com as coisas não te torna um alguém ruim.

Embora eu parecesse um maníaco.

— Acende — ordenou Cesar em cima do banco.

Daniela passou o dedo no interruptor e acendeu a luz. Ele havia acabado de trocar a lampada anterior que havia queimado. Ele saltou do tamborete como se fosse um jovem de 15 anos sem dores no joelhos. Se é que ele realmente tinha. Ele saia para correr toda quarta-feira de manhã pelo condomínio, as sextas passeava com seu cachorro vira-lata o Bob, trabalhava de segunda a sexta sem horário fixo mas as vezes que trabalhava ficava 6 horas fora raramente 12. César gostava de dormir e cuidar da manutenção do seu carro sempre, quase todos os sábados ele lavava seu carro em sua garagem, abria a mesma e eu podia assistir a cena que eu mais gostava: sua camisa molhada colada na pele (quando acontecia, não era sempre que ele se molhava).

Embora ele tivesse problemas com bebidas, ele era um bom amigo e eu tentava ser o mesmo para ele. Ele ainda usava o curativo que fiz no seu corte acima da sobrancelha.

Daniela perguntou a ele o que aconteceu mas ele não disse a ela, sorte que estava vestindo sua farda senão ela veria seus braços arranhados da histeria sua namorada.

— Prontinho.

— Valeu maninho — disse ela à ele.

— Agora vamos indo, você está saindo do trabalho? Nos dê uma carona — pediu Daniela pegando sua bolsa de trás do balcão.

— Claro.

Eu estava em silencio, peguei minhas coisas também, eram 18:00 eu trabalhava das 13:00 as 18:00 e hoje César havia ido trabalhar as 7 da manhã quando sai para ir para escola.

***

Mais tarda após o jantar minha mãe pediu para que eu tirasse o lixo. Assim fiz, coloquei as sacolas mal cheirosas no sexto do lado externo e amanhã cedo o caminhão de coleta levaria para longe.

A noite estava calorenta, no chão entre o meio fio encontrei um pedaço de cartaz da Disco, um bar-balada no estilo anos 70, que rolaria na cidade. Não era nada liberado para jovens, mas eu iria e já havia combinado, o barulho do latão do outro lado me chamou a atenção. Era ele, em camisa, eu não chegava perto dele quando ele estava sem camisa, era um baita risco.

— E aí vizinho — brincou ele como se não tivesse me visto maia cedo.

— Oi — falei com os olhos fixos no panfleto.

— Valeu por ontem.

— Ah nada...

Ele se aproximou e meu coração se agitou como se fosse explodir. Eu fiquei corado certamente, ele estava com um cheiro de suor, levemente e fraco. Não era algo mal cheiroso, pelo contrário testosterona parecia fluir de seus poros revelando o cheiro de homem no ar. Parecia cheiro de acasalamento, como os animais fazem quando querem pretendentes. Minhas pernas pareciam estar apoiadas sob bambus finos e molengas.

— O que isso? — ele pegou o panfleto. — Aahh, a Disco. Parece legal.

— É... Vou ter de arrumar outro RG falso para ir.

— Eu posso ate devolver o seu — disse ele com um sorrisinho malicioso — Se voce não causar problemas.

— Problemas? Da ultima vez você quem começou.

— Ta maluco? Fui te defender. Beleza eu estava bêbado mas você ia levar um coro.

— Nada disso. Sei me virar.

— Qual é Nicolas, você estava mais bêbado que eu, eu até estava alterado, mas quem começou aquela confusão foi você.

— Alterado? E ontem? Também estava só alterado?

— Ontem eu estava bem bêbado. Mas no dia da briga eu não estava tanto. Cê sabe que fico 2x pior bêbado. E outra você nem pode beber... Se sua mãe souber.

Dei um riso. Aproveitei para encostar a mão em seu peitoral, eu nunca havia feito aquilo, tocado em sua pele nua, mas eu estava com anseio daquilo, senti a textura suada, os pelos macios e aparados crescendo de volta, o músculo duro e maciço.

Por esse motivo nunca chegava perto do César quando ele estava sem camisa.

— Está rindo do que?

— Era o meu primeiro porre. Foi legal.

Ele negou com a cabeça, tirei a mão dele sentindo meu órgão querer crescer dentro da cueca.

— Vou entrar, boa noite César

— Boa noite Nico — disse ele usando a entonação na palavra Nico novamente

Eu ri, ele deu um riso. Eu podia prolongar o assunto mas ao mesmo tempo não podia. Não queria ficar ali com ele, era capaz de eu cometer algum delito do qual eu não queria.

A DescobertaOnde histórias criam vida. Descubra agora