Cheguei em casa ao fim da tarde, após o trabalho. Minha mãe me viu pela primeira vez naquela segunda enquanto eu estava sentado na minha cama fuçando na maquina polaroid.
— Cesar trouxe sus roupas. Como foi ontem?
— Divertido, jogamos, fizemos a janta...
— Seu corpo não está dolorido não? Ele falou que você dormiu no colchão. Pensei que tivesse cama la.
— A não o quarto la virou um quartinho da bagunça.
— Ele quem te deu isso? —perguntou ela se aproximando — Lembro quando voce estava no hospital.
— Sim. — mirei a camera nela e tirei foto.
Ela riu.
— Para, garoto bobo. — minha mãe se sentou na beirada da cama — Cesar gosta de você não é. Eu vi o jeito que ele ficou quando você sofreu o acidente, parecia pai.
— É — falei acanhado — ele gosta. Ele é legal.
Ela passou a mão nos meus cabelos. Sorriu docemente.
— Seu irmão esta vindo para ca, ficar uns dias.
— Por que voce ainda insiste nele mãe? Ele não se importa com a gente.
— Não diga isso ele so tem muita cosias da vida dele para resolver. Trabalha muito.
Minha mãe sempre aliviava para o Luca, eu odiava o fato de ela nunca observar as falhas dele. Ele foi contra a separação dela com meu pai, eu fui a favor. Ela merecia ser feliz. Ele era egoísta, literalmente um irmão mais velho. Por fim Luca chegou na quinta, ele estava bem diferente, muito. Agora ele era um homem assim como César, quando minha mãe lutou no tribunal para pegar minha guarda Luca foi contra, isso a quase oito anos atrás, ele tinha minha idade. Eu não entendo como ela conseguiu perdoar? Eu não perdoei, tive que viver com um pai alcoólatra parte de minha infância e adolescência, sem cuidado algum. Ainda lembro que a visita de meu pai no hospital foi a mais irrelevante.
César e estava papeando com meu padrasto na calçada de casa naquela tarde, eu havia chegado do trabalho e estava fazendo lições da escola o observando. César sabia que estava sendo observado, afinal, eu e ele trocávamos olhares constantes através da janela. Eu sabia que era saudade, estávamos sem se ver direito por conta da rotina. No final nosso namoro seria ao fins de semana, sabiamos disso.
Luca desceu do seu carro, cumprimentou-os, e começou ali uma amizade que eu sabia que iria me irritar. Ele e César eram semelhantes, primeiro pela idade, depois a maturidade das conversas.
Parte de mim corroeu no ciume. Deixei meu posto de vigia e decidi participar da conversa de homens, desci ao andar de baixo. Cumprimentei Luca com desdenho, enquanto ele e minha mãe descarregavam algums de suas mochilas.— Não sabia que sei irmão era legal Nicolas — dise César inflando o ego.
— Mais que esse pestinha aqui! — ele agitou meus cabelos. — Vai ser bom ter alguém para trocar ideia já que ficarei aqui atoa, não é Capitão Garcia? — Disse Luca.
César me olhou com um sorriso sem graça e se desmanchou, ficou corado. Ele sabia que eu estava o matando com o olhar, me comendo de ciúme. Em um momento que todos se distraíram ajudando meu irmão com as coisas dele no carro César sussurrou quase sem emitir som:
— Que foi? Ta bravo comigo?
Fiz que não com a cabeça. Eu estava, mas não podia assumir. Ele ficou me encarando, sabia que eu estava mentindo e seu olhar de irritação escapou sob o meu. Ficamos nos encarando com odio um do outro, eu com raiva do meu irmão descontando nele, e ele com raiva por eu estar sendo indiferente.
— Vamos entrar, quer entrar César? — perguntou minha mãe
Ele continuava me encarando.
— Não dona Carmen. Vou para casa
Ele não estava falando para ela em si, estava falando para mim. Luca tocou no ombro dele.
— Bora tomar uma amanha? É sexta, não conheço muito a cidade. Se você quiser é claro.
César continuou me encarando. E eu o olhando fundo. Merda eu estava queimando. Queria voar naquele pescoço troncudo e enforcar ele.
— Pode ser — disse ele.
No outro dia, não deu outra. Quando cheguei do trabalho no fim da tarde, César, que havia ido trabalhar de manhã, não me ofertou carona como sempre fazia pelas manhãs na qual saíamos no mesmo horario, havia saido de carro com meu irmão. Esperei pelo retorno de ambos na janela por horas. Até pegar no sono naquele inicio de madrugada.
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A Descoberta
RomanceNico tem uma paixao secreta e obsessiva pelo seu novo vizinho. Após Nico um acidente tudo muda, César deixa aflorar dentro de si um sentimento guardado pelo jovem Nicolas