Dez ♥

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E então aquilo era remorso? Arrependimento? Pena? Certamente ele estava com pena de mim? Nessa duvida incessante o empurrei de leve. Mas sentir sua boca, sua barba densa roçar em minha pele, seu cheiro de homem, sua pegada, quase me fez subir pelas paredes.

Me levantei confuso e sem jeito, cocei a testa.

— Vou ir... Para casa... Descansar tal... Dia cheio.

Ele apenas me encarou sentado com os braços entorno dos joelhos e eu sai o mais rápido que consegui. Quando entrei em meu quarto desmoronei em felicidade e ao mesmo tempo em um sentimento confuso do que aquilo poderia significar, mas eu não sabia o que fazer, não tinha amigos para quem contar, nem ninguém que me ajudasse a entender tudo aquilo que parecia de novo ser tudo novo.

Minha rotina já havia voltado ao normal, e eu gostava disso, eu trabalhava, tirava fotos de outras coisas ainda gostava de revela-las, por alguma razão desencanei do meu modo maníaco de perseguição, evitar um pouco César me estava fazendo manter a sanidade, e não que eu estivesse fazendo de proposito, mas ainda sim não focava o assistindo em horas vagas, também não torci para vé-lo, com isso passou-se 3 dias depois do beijo que me dera na noite solene. Estava começando a pensar até onde tudo aquilo estava certo.

 Estava completamente distraido desenhando formas geográficas em cima de um catão de visita, apoiado no balcão. Entrou na loja fazendo o barulho do sino da porta tocar.

— Boa tarde — disse César ao passar pela porta com uma grande caixa de papelão — São cartões em branco. —  Meu avô foi generoso

—Ah, deixa que eu guardo. — falei saindo de trás do balcao para pegar a caixa.

— Está bem pesado, deixa que eu carrego para você, a onde colocam?

Ele pegou a caixa novamente, parecia pesada a força em seu braço fizera seus musculos do biceps saltaram na manga da camisa vernelha de seu trabalho.

— Lá trás no deposito — falei tomando a frente como se ele não conhecesse a loja.

— Cade a Dani?

— Hã, foi almoçar...

— E você já almoçou?

— Sem fome — respondi abrindo a porta do deposito.

Ascendi a luz e ele entrou na frente eu em seu encalço pedi para que deixasse a caixa no chão mesmo eu guardaria tudo, afinal há varios tamanhos e tipos de cartão, devo coloca-los em ordem nas prateleiras do deposito.

— Não pode ficar sem comer nada Nocolas.

— Ta bom papai — falei em tom jocoso e ele riu.

Enquanto eu abria a caixa ele cruzou os braços e encostou no batente da porta me assistindo. Eu não gostava de o olhar daquela forma, camisa vermelha do corpo de bombeiros, chapéu de aba torta preto, botas de coturno, calça cinza e o suspensório. Era um vestimenta fetichista da qual eu não queria alimentar perversidades mesmo sabendo que eu já fantasiava aquilo há um longo tempo.

— Está com raiva de mim?

— Raiva? Nãão.

— Está meio desaparecido.

Dei um riso e o encarei. Realmente eu estava evitando o César nas ultimas horas.

— Claro que não.

— Está chateado, não é? — issistiu.

— Chateado não, pensativo um pouco. — falei enquanto colocava os cartões em branco nas prateleiras corretas.

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