Oito

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Aos poucos a vista foi sendo recuperada, o sol iluminava com plenitude o quarto, uma dor de cabeça por conta da claridade invadiu. Eu não estava mais na rua, claro que não. Escutei uma voz distante e depois um rosto familiar na minha vista embaçada.

— Filho?! Querido está me escutando?

Minha mãe acaricia minha cabeça e segura minha mão, apertei a mão dela o mais forte que eu podia mas me sentia fraco, então ela deu sorriso largo emocionada, seus olhos deixaram escapar lagrimas do que parciam tristes e felizes. Eu não conseguia falar, não que eu não estivesse com algo na boca, na verdade só estava sem muita força ou coordenação.

Minha mãe se retirou, por um momento tive medo que ela sumisse, mas aquele tempo começou a me fazer recuperar o sentidos. A maquina ao meu lado monitorava os batimentos, dores leves em todas as partes do meu corpo, eu olhava diretamente para o teto mas mexia cabeça sutilmente aos lados, analisei meu corpo naquela cama de hospital.

Uma enfermeira baixinha entrou na sala acompanhada de minha mãe, ela observou o conta gotas dos remédio ligados a minha pele por uma agulha.

— Bem vindo de volta Nicolas — disse ela em tom de voz doce.

Analisou meus olhos, depois tocou meu pé perguntando se eu estava sentindo, fiz que sim com a cabeça. Eu sentia minha boca seca e pelo visto era nítido.

— Olha agora não vamos poder te dar agua, mas vou deixar um algodão com água aqui — disse ela deixando um pequeno copo descartável com minha mãe. Dentro havia agua e um algodão ensopado. — Daí ela vai molhando seus lábios aos pouquinhos. Você esta sentindo alguma coisa?

— Só meu corpo... Doi — falei num baixo tão sem força que parecia que minhas cordas vocais estava atrofiadas.

— Vou aumentar um pouco a dose da medicação mas é assim mesmo ok? Se voce sentir náuseas me informe. O médico chega para te examinar no fim da tarde. Vou liberar as visitas rapidas mãe — disse ela a minha mãe — Mas somente pode vir uma pessoa, você e mais uma ok? Sei que tem amigos querendo vê-lo então solicito somente a família e a exessao do namorado.

— Tá — disse minha mãe

Naquele instate comecei a me questionar se eu estava no ambiente certo, no corpo certo se eu era eu mesmo o que estava acontecendo, se eu havia sonhado. Se eu devia fingir uma perda de memoria repentina até entender tudo, eu reconhecia minha mãe, mas estava perdido no espaço.

A infermeira saiu, minha mãe começou a passar o algodão nos meus labios e acaricia meu rosto. Ficamos ali se olhando feito dois estranhos, eu não sabia se eu devia falar ou perguntar algo, se sim o que? Eu desmaiei? Eu tive um infarto? Avc? O que me aconteceu?

— Está sentindo algo? — ela balançou seu celularzinho, estava em alta, aquele treco móvel — Enviei um sms para seu pai subir o elevador, ele veio.

Meu pai havia criado diversos problemas antes de eu o deixar. Problemas que eu tambem prefiria esquecer.

— Não, não estou sentindo nada.

A visita do meu pai fora inquestionavel, não houve nada além de sua demonstração de estar ali por uma simples obrigação. Não perguntou nada além de se eu estava bem. No fim foi quando meu padrasto chegou para a sua vez de me visitar que descobri que fui atropelado. Eu não havia me dado conta, por fim eu descobri que eu havia ganhado um namorado no acidente, e aquele termo se tornou uma piada, da qual eu não estava achando graça, da qual eu não estava entendendo, eu não havia dito a minha mãe que eu era gay, e por que aquilo parecia engraçado? Após a saida do meu padrasto que era o mesmo de antes e me confortava saber que não era um sonho, foi a vez do tal namorado. Quem eu estava esperando e já suspeitava.

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