Onze

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Descobri que nossas rotinas se divergiam mais do que eu podia imaginar, havia se passado 3 dias, e mesmo morando lado a lado estávamos sem se ver desde então. Digo, a gente se via, mas não acontecia nada pois sempre havaia pessoas ao nosso entorno. Ou era algo corriqueiro, eu podia escapar nas noites para invadir sua casa, mas a escola era algo do qual me obrigava a acordar cedo no dia seguinte. As vezes ele me dava carona, e no fim da mesma um beijo e um bom dia.

Eu estava ansioso para o final de semana e quando finalmente chegou, de manhã, observei atraves da janela. Senti o sangue me queimar nas veias, Gabi estava la, em sua porta esperando ser atendida. A porta se abriu, ela entrou, e não vi mais nada. Por horas pensei em bater em sua porta, por horas pensei em surtar, mas não queria parecer um cara louco, afinal não eramos namorados so estavamos se pegando. O que eu diria?

Aquele dia foi um completo caos, pois a minha ideia era ir lá e passar a manhã com ele, eu estava com saudades do seu abraço, do seu cheiro, dos lábios. Ela foi mais rápida e isso não me confortava. Por fim das 9 da manhã ela se manteve lá, e eu na escrivaninha de minha janela tentando tirar aquilo da minha cabeça, perpetuou até as 12h, quando os dois saíram de carro juntos. O que me fez ficar ainda mais irritado, eu quis chorar, mas apenas engolhi o choro, decidi esperar ele retornar, do lado de fora.

Fiquei sentado na calçada após o almoço, perto do meio fio esperando e esperando por um longo tempo, até que finalmente seu carro virou a esquina, me levantei. Estava fervendo por dentro. Eu não queria brigar, nem cobrar nada, mas estava a ponto de fazer isso. Meu coração estava explodindo, ele desceu do carro e me encarou.

— O que esta fazendo ai?

— Se divertiu muito?

— Ciume? — ele bateu a porta do carro enquanto me aproximava.

Fiquei em silencio.

— Quer entrar? — ele indicou a porta de sua casa com o queixo

— Ah! Minha vez de ir ao abatedouro.

— Para com isso Nicolas — ele riu mas estava tão irritado com minha atitude que era nítido sua perda de paciência.

Ele me segurou pelo braço e me arrastou para dentro de sua casa. De inicio relutei mas acabei entrando tentando me livrar de sua mão que segurava meu braço feito garras.

Eu havia entrado em sua casa duas ou três vezes, mas quase nunca entrava, era bem organizada, mas também escura, sem muitas cores, a casa de um homem solteiro, sem plantas ou vida.

— Ela veio tentar reatar — disse ele me colocando contra a porta.

Ele beijou meu pescoço, tentei o empurrar, mas ele insistiu em pressionar seu corpo contra o meu. Só então senti o cheiro de álcool de seus lábios.

— César — resmunguei enquanto ele forçava a barra —Para está me... — o empurrei com maximo de força e ele bateu contra a parede do corredor de entrada —Machucando!

Falei mordendo os dentes. Ele riu me encarando de um modo perverso, por instante senti medo, ele limpou o canto dos lábios e em seguida sua risada virou um choro. Fiquei ainda mais impressionado. Encostado na parede ele foi desmoronando e tapando o rosto.

— Vai embora. — ele disse baixinho — Vai embora! — gritou

Neguei com a cabeça e me aproximei, tentei tocar sua cabeça, mas segurou na minha mao irritado e com força.

— Mandei você ir!

— Eu devia mesmo

— Então vai, merda. Faz igual a todo mundo sempre faz, vai.

A DescobertaOnde histórias criam vida. Descubra agora