IX - A Titã Fêmea

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— Stella? Está ocupada?

Respondo que não para a voz do lado de fora do quarto e Sasha entra, o olhar indo direto para o caixote em cima da minha cama. O que havia sobrado dos pertences dos meus pais havia chego nessa manhã, há alguns livros e cartas entre outras coisas. Nesse momento estou as guardando novamente, olhar para tudo isso faz meu estômago doer e me dá vontade de chorar. Daqui a pouco sairemos em uma expedição de verdade e não me parece uma boa ideia trazer as memórias dos meus pais à tona agora.

— Hora ruim? — Sasha pergunta. — Hange disse que isso chegaria hoje para você e que eu deveria te fazer companhia se precisasse.

— Você me faria companhia até mesmo se eu não quisesse. — Digo me levantando e Sasha me empurra de leve. — Mas está tudo bem. Não quero pensar nisso agora, precisamos descer para os estábulos.

Sasha assente e caminhamos pelos corredores de pedra até o lado de fora do quartel. Há bastante movimento, um mar de capas verdes se move de um lado para o outro aprontando os cavalos e as carroças de suprimentos. Sasha e eu ficaríamos em lados opostos da formação, sei que é hora de nos despedirmos e lhe dou um abraço apertado. Em seguida a seguro pelos ombros e a encaro com seriedade.

— Se você morrer, eu mato você. — Digo, e ela ri.

— Não vou, e você muito menos. — Sasha retribui meu abraço e somos interrompidas por Jean:

— Não precisa se preocupar com essa daí. — Ele apoia o cotovelo em meu ombro. — É mais fácil Sasha comer o titã do que o contrário.

Me afasto dos dois entre risos e caminho em direção a Carlos. Está um pouco agitado por conta da movimentação mas eu sei que ele irá se sair bem. Assim que o selo, avisto um pouco mais a frente Reiner e Bertholdt. Vou até os dois, puxando Carlos devagar pelas rédeas em meu encalço. O loiro está de costas, falando algo baixo com o garoto moreno.

— Reiner? — Ele se vira, nem um pouco amigável quando para os olhos sobre mim. Tem os braços cruzados e o cenho franzido.

— O que foi?

Dou um passo para trás diante se sua resposta curta e seu tom de voz. Reiner continua imóvel.

— Não era nada. Só vim dizer para tomar cuidado lá fora. — O respondo.

— Sei me cuidar muito bem, Stella. Não preciso da sua preocupação.

Arregalo os olhos diante de sua reação. Penso em me sentir triste, mas um comichão subindo de meu estômago até meu pescoço não permite. Sinto o rosto queimar, cerro os dentes e o encaro de volta.

— Vá se foder então, Reiner.

Dou as costas aos dois. O loiro me encara perplexo e me observa montar no cavalo. Toco a barriga do animal com os calcanhares e ele segue em frente, indo assumir seu lugar na formação. Ficarei no lado direito, em um grupo com alguns veteranos e poucos outros cadetes. Ninguém que eu conhecesse o suficiente para ter algum contato. Afasto de mim todo e qualquer pensamento que não fosse a expedição para a qual estamos partindo momento. A prioridade é recuperarmos a Muralha Maria com as habilidades de Eren. Sinto o vento contra meu rosto e após algum tempo observando a paisagem verde a minha volta, minha mente se esvazia.

Tudo o que ouço é o vento em minhas orelhas, os cascos de Carlos contra o chão e, atrás de mim, um disparo de sinalizador. Viro a cabeça para trás a tempo de ver a fumaça preta subir em direção ao céu azul e com poucas nuvens. Um titã anormal? Estico a mão até o meu sinalizador e também o disparo para cima, vendo ao longe outros rastros de fumaça vermelhos e pretos também.

The Fallen Warrior | Reiner Braun (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora