XVI - O Segredo de Ymir

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É noite e aqui estou eu tão próxima do inferno que posso jurar que estou morta. Me pergunto quantas vezes eu teria de vivenciar aquilo, sentir esse medo que se espalha pelas minhas entranhas fazendo-as se retorcerem. Havíamos nos reagrupado e a noite nos instalamos em um castelo abandonado, para seguir para a muralha Rose de manhã. Não era o lugar mais confortável do mundo mas ao menos estávamos a salvo, afinal, titãs não se movem a noite.

Ao menos foi o que pensamos.

Não haviam se passado muitas horas até que Gelgar nos gritasse para o terraço. No topo da torre estávamos nós observando o bando de titãs correndo em nossa direção, sobre a luz prateada da lua. Os gigantes se aproximaram rápido e meu medo era grande o suficiente para ignorar o fato de que um titã completamente diferente de qualquer que eu já havia visto agora escala a muralha, todo coberto de pelos como se fosse um animal, minúsculo ao longe. O primeiro impacto dos titãs contra a torre fez qualquer indagação desaparecer. Eu precisava ficar viva.

–– Escutem, eles entraram! –– Nanaba gritou. –– Desçam e façam uma barricada com o que puderem. Em último caso recuem até aqui.

Assentimos e descemos correndo as escadas. Não tenho sinal de Reiner quando adentro uma sala empoeirada com Ymir e Krysta. A mais baixa puxa um pedaço de tecido para longe e este revela um antigo canhão. Está sobre uma plataforma, não seria difícil de mover.

–– Podemos usar isso. –– Ela diz e balanço a cabeça, começando a empurrar o canhão junto a ela e Ymir.

Enquanto arrastamos o canhão até a porta, ouvimos uma breve gritaria no andar de baixo. Ao chegar damos de cara com Reiner e Bertholdt, empurrando um ancinho contra os olhos do titã que estava do outro lado da porta, cujas escadas dão diretamente sobre.

–– Saiam da frente! –– Grito aos garotos, que olham para cima e se afastam da porta quando empurramos o canhão em direção a ela. A madeira se faz em pedaços e o titã permanece imóvel abaixo dela e do objeto de ferro pesado.

Minha respiração está ofegante. Olho na direção de Reiner, que também olha para mim. Me pergunto se um de nós ainda estaria vivo até a manhã seguinte. Sou tirada de meus pensamentos pela voz trêmula de Connie.

–– E agora? Nós só temos essa faca. –– Ele encara o objeto que tem em mãos. –– Deveria cortar a nuca dele?

–– Não. –– Reiner responde de imediato. –– Não vale a pena o risco.

–– Ele está certo. –– Krysta diz alguns degraus acima, tomando uma tocha em mãos. –– Deveríamos voltar para cima.

Concordo com ela e me viro para subir, olhando por cima do ombro na direção da porta a tempo de ver o rosto enorme e o corpo do titã que havia acabado de sair da escuridão em direção a Connie. Os olhos ansiosos o encaravam pelas costas e as mãos se esticavam em sua direção.

- Connie, cuidado! - Grito para o alertar e teria sido tarde demais se Reiner não o tivesse empurrado, tendo seu braço abocanhado pelo titã no lugar do garoto menor.

Droga.

Um grito sai de sua boca e seu rosto se contorce em dor enquanto o titã segura a carne de seu braço entre os dentes com força. Sinto meu coração disparar e sem saber ao certo o que faria, começo a descer as escadas na direção dele, mas interrompo meus passos com a cena que se segue.

- Mas que merda... Reiner! - Grito, indignada e incrédula.

O loiro havia erguido o titã em seus ombros, e agora caminhava até a escada, na direção da janela. Como, por tudo que existe, ele conseguia levantar um titã daquele tamanho em suas costas? Não surpreendia que o treinamento nunca fora grande coisa para ele. Sinto meu corpo inteiro gelar quando percebo o que Reiner pretendia fazer. O ar falta em meus pulmões mas ao ver que ele não parecia ponderar, resolvo intervir:

The Fallen Warrior | Reiner Braun (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora