XV - Queda da Muralha Rose

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Reiner Braun

Acordo assustado e encaro o teto do quarto. Outro pesadelo, eles estão se tornando cada vez mais recorrentes. Me sinto brevemente perturbado mas qualquer sensação ruim desaparece quando vejo a figura adormecida de Stella ao meu lado, os cachos castanhos caindo sobre o rosto tranquilo. Sorrio ao ouvir sua respiração pesada. Poderia ficar ali com ela para sempre. Está dormindo sobre meu ombro, então me viro um pouco para poder a abraçar melhor, ela não acorda e se aconchega mais em meus braços.

Sua respiração quente contra meu pescoço faz com que um arrepio se espalhe pelo meu corpo. Fecho meus olhos aproveitando mais daquela sensação. Há pouco havia lhe dito que a amo, tive medo de a assustar mas Stella sorriu, e me beijou. Sei que ela não está pronta para dizer aquilo, mas também sei que seus sentimentos por mim são verdadeiros e aquilo me é suficiente.

Se ao menos eu pudesse ser verdadeiro com ela...

Vê-la ali adormecida ao meu lado era a melhor coisa que eu já havia vivido até então. Mas perceber o quanto ela confia em mim faz com que eu me sinta ligeiramente nauseado. Penso que a verdade pode estar perto de ser revelada, afinal, eles iriam capturar Annie. Ligar os pontos até mim e Bertholdt não seria uma tarefa muito difícil. Não sai da minha mente o pensamento de que Stella me odiaria. De que sentiria repulsa por mim. Era impossível não me sentir culpado por estar ali deitado ao lado dela depois do que havíamos feito. Ela pensaria que eu estou apenas a usando?

Aperto meus olhos com força ao sentir uma lágrima solitária descer pelo meu rosto. Sinto meu peito se contorcer em uma agonia da qual penso que nunca vou me livrar. Solto Stella, que se ajeita entre os travesseiros com um suspiro longo. Tão linda. Abriria mão de ser alguém importante em Marley para passar o que restava da minha vida curta ao lado dela.

Mas, infelizmente, não depende somente de mim. Há minha família, minha mãe sofreria pelos meus atos caso eu resolvesse ficar, tentar me aliar a eles ou simplesmente fugir. Stella morreria assim que colocasse os pés no continente, além de que me parece impossível a ideia de ela abandonar a Tropa de Exploração. Suspiro e decido que ainda não era a hora de me preocupar tanto com isso. Já havia tomado algumas providências a respeito e tudo o que podia fazer nesse momento é aproveitar o sono ao lado da garota que amo.

Só espero que Armin cumpra a promessa que havia me feito há alguns dias.

Stella Muller

–– Não aguento mais isso. –– Resmungo novamente, apoiando os cotovelos sobre as mãos. Já é mais de meio dia e todo meu bom humor por ter passado a noite ao lado de Reiner outra vez estava se esvaindo diante de tanto tédio. Haviam se passado apenas três dias mas pareceram três meses, arrastados e sem muito que pudéssemos fazer. Sei que é uma questão de segurança mas ás vezes era como se desconfiassem de nós. Entretanto estava mais do que confirmado que não haviam mais titãs na centésima quarta.

–– Eu sei, estamos aqui de bobeira. –– Connie também reclama, revirando os olhos.

Deixo a cabeça sair sobre o ombro do garoto ao meu lado e observo Reiner e Bertholdt conversando do outro lado da sala, próximo a uma janela. Imagino sobre o que falavam.

–– Isso é tão estranho, ficar aqui em roupas normais, sem treinar, nem nada. –– Sasha diz, se inclinando para apoiar a cabeça sobre a mesa de madeira.

De certo, havia me acostumado tanto com o uniforme que a saia comprida e a camisa de botões escura me incomodaram bastante nos primeiros dias. De todo jeito, espero apenas poder voltar para o quartel general e me sentir útil novamente.

–– Estou ouvindo passos! Há titãs aqui! –– Sasha grita, chamando atenção de todos no cômodo. As cabeças se viraram em nossa direção no mesmo instante.

The Fallen Warrior | Reiner Braun (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora