XI - Conflito

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As palavras de Reiner parecem me atravessar e o ar escapa de meus pulmões por alguns segundos; Não consigo tirar meus olhos dos seus quando ele me promete que não me deixará. Meus batimentos estão descompassados e tudo o que consigo fazer é beijá-lo de volta, uma mão de cada lado de sua cintura enquanto sinto seus dedos acariciarem meu rosto com ternura. Seus lábios são macios e não tardo a sentir o toque de sua língua sobre a minha também, fazendo com que um arrepio percorra meu corpo em segundos.

Parece uma eternidade até que o ar falte e nos separamos, um pouco ofegantes. Olho para Reiner e não posso deixar de sorrir, eu estou neste momento completamente anestesiada, longe demais de qualquer problema para me preocupar com qualquer coisa. Ele me envolve em um abraço e retribuo, pousando outra vez a cabeça sobre seu peito para ouvir o seu coração bater. Sinto suas mãos passearem pelo meu cabelo e então um beijo suave é deixado sobre o topo da minha cabeça. Reiner se separa outra vez de mim, e continua me encarando em silêncio mas desta vez mantém minhas mãos entre as suas.

–– Por que está me olhando assim? –– Pergunto a ele, um pouco constrangida. Reiner parece acordar de um transe e então me responde:

–– Não quero me esquecer desse momento.

Sorrio novamente e junto nossos lábios.

–– Vai ter outros momentos como este para se lembrar. –– Digo, sendo tirada daquela bolha pelos passos e conversas paralelas dos soldados que passam aqui perto em seu caminho para o refeitório. Olho para o céu e já deveríamos estar lá também. –– Precisamos ir, o Comandante solicitou a presença de todos hoje.

Reiner assente e caminhamos em direção aos outros, mas paro de súbito e ele me olha confuso.

–– Será que isso poderia ficar...

–– Apenas entre nós? –– Ele completa com um sorriso compreensivo.

–– Isso. –– Respondo. –– Não entenda mal, é só... Muita coisa acontecendo.

–– Eu entendo, Stella. Está tudo bem.

Reiner sorri outra vez e sinto como se meu corpo inteiro estivesse tomando forma líquida. Nos afastamos um do outro e seguimos por caminhos diferentes em direção ao refeitório. Não quero o esconder, mas naquele momento a última coisa que eu precisava era de olhares curiosos e das perguntas intrusivas de Sasha e Connie. Caminho por entre os cadetes e vejo entre vários, o rosto de Jean. Me sento ao lado dele e não tarda até outros rostos conhecidos se virarem para mim.

–– Onde estava? –– Sasha pergunta.

–– Precisava calibrar meu equipamento novo. –– Respondo sem muitos detalhes. –– Sabe que odeio fazer isso.

–– Ás vezes é um saco mesmo. –– Connie responde, em seguida se aproximando mais de nós. Está sentado ao lado de Sasha de frente para mim e Jean. –– O que acham que Erwin quer com a gente?

–– Não sei. –– Digo roubando a caneca de Jean e tomando um pouco de sua água. –– Mas deve ser algo importante. Acho que vamos saber agora...

Me interrompo ao ver a figura imponente de Erwin Smith adentrar o ambiente, como sempre, acompanhado de Hange e Levi. Estava imóvel em frente a todos esperando que se fizesse silêncio, o que não tardou a acontecer. Me sinto tensa por um momento, a realidade na qual estou vivendo voltando a se fazer nítida diante de meus olhos. Tivemos muitas baixas, eu mesma quase fui uma delas. Meus olhos passeiam pelo refeitório e entre alguns olhares abatidos, encontro o de Reiner direcionado a mim. Desvio assim que ouço nosso comandante começar a falar:

–– Sinto muito em os incomodar agora. Sei que foi um dia difícil e que precisam descansar, mas assuntos urgentes devem ser tratados de imediato. Vou ser direto, uma vez que estamos todos muito abatidos por nossas perdas. –– Ele suspira. –– Descobrimos que a Titã Fêmea, que nos atacou hoje, pertencia à 104ª turma de cadetes. Sei que a maioria de seus colegas vieram para o Reconhecimento e peço que venham até mim caso saibam de alguém que possa parecer suspeito.

The Fallen Warrior | Reiner Braun (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora