XVII - Começo do Fim

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Meus olhos se recusam até mesmo a piscar ou a se desviarem da cena que se desenrola logo abaixo de nós. Ymir, em sua forma de titã pula entre os outros monstros que nos atacam, rasga suas nucas com os dentes afiados e se agarra a torre novamente, derrubando alguns de seus tijolos de pedra no caminho. A voz de Krysta parece estar em todo lugar, a garota havia subido na amurada e incentiva Ymir a lutar, até que então sua seguinte fala faz meu coração quase parar:

Derrube a torre se precisar, acabe logo com eles!

– Se ela derrubar a torre para onde você acha que nós vamos? – Connie grita ao lado dela, os olhos arregalados. – Se não morrermos na queda, vamos ser devorados pelos titãs.

– Ele está certo, mas que merda. – Resmungo, me virando para o loiro ao meu lado, me interrompendo logo em seguida assim que meus olhos o encontram. – Reiner?

Ele está imóvel, posso o sentir tenso e apreensivo. O sinto apertar meus dedos com força entre os seus. Reiner encara o horizonte e então seu olhar assustado cai sobre mim. Olho de volta para ele com o cenho brevemente franzido, não me lembro do que ia lhe perguntar quando seu aperto sobe para meu pulso e o viro tentando me soltar, o que não acontece.

Reiner! – Digo mais alto e ele me solta rapidamente como se despertasse. – O que aconteceu?

– Stella, me desculpa. – Ele diz. – Eu não sei o que fazer.

Ele dá alguns passos para trás quando a sombra do titã cresce sobre nós. Me viro para trás a tempo de ver os olhos grandes de Ymir passar sobre cada um. Ela abre a boca e o ruído gutural que emite logo se transforma em palavras:

– Segurem em mim... se quiserem viver.

Krysta sem hesitar, agarra os fios compridos de cabelo castanho do titã, seguida por Connie e Bertholdt. Olho por cima do ombro e vejo Reiner se aproximar também. Subo na amurada e sinto a mão dele sobre minha cintura para me dar apoio. Seguro no cabelo de Ymir e ele logo em seguida faz o mesmo. Aperto as mechas entre meus dedos quando a sinto se mover e fecho meus olhos para não ver a descida da torre, apenas sinto o vento contra meu rosto e a sensação de que meus órgãos flutuam dentro de mim. Não demora até que venha o impacto contra o chão, e abro meus olhos novamente.

O sol já está nascendo, começa a clarear e o cenário a nossa volta é de destruição, o que havia sobrado da torre agora termina de cair. Nos soltamos do titã e nos afastamos. Me sinto cambalear e caio sentada sobre o chão de pedra a tempo de ver Ymir voltar para sua luta, mas muito longe de a ganhar de fato. Está sendo devorada pelos outros titãs, se debate como um animal mas eles parecem não sentir seus golpes. Até que ela se desvencilha e se afasta, voltando a atacar e por fim, caindo entre as pedras.

A nuvem de vapor se destaca entre a poeira baixa. Ela havia saído da nuca do titã?

Me levanto devagar, não a tempo de impedir Krysta de correr em sua direção. Connie tenta a segurar mas também não consegue. Não há titãs a vista, e logo as palavras da garota loira se tornam quase inaudíveis. Reiner está ao meu lado e percebo que seu olhar está voltado para baixo, mais precisamente, para meu pulso, que agora já ganha uma coloração avermelhada em contraste com minha pele pálida onde ele havia a segurado com força.

– Stella... – Ele murmura, mas eu o interrompo:

– Não se preocupe com isso agora. Nós precisamos... ah, merda!

Interrompo minha fala ao ouvir o barulho de pedras e ver o gigante se levantando, próximo demais das garotas. Meu coração dispara e olho em volta, não há nada que possamos fazer a não ser jogar pedras nele. Entretanto não é necessário fazer coisa alguma pois seguido do vulto que passara atrás dele e o chiado do DMT, o titã cai debilmente para o lado e a figura de Mikasa se faz visível acima de um pilar de pedra.

The Fallen Warrior | Reiner Braun (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora