O ano é 1900, Paradis é um pais governado militar, a rainha é usada como um mero bode expiatório. S/N Yeager finalmente está voltando para sua família na capital Mitras, depois de passar longos anos vivendo no campo com sua avó materna. Ela tem um c...
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- Está tudo bem? – A senhora Mary, a minha preceptora que cuida de mim, perguntou um pouco preocupada.
Eu estava há horas naquele carro desconfortável, comecei a sentir um pouco de enjoo. Mitras ainda estava longe de minha vista, e minha antiga casa também já estava longe. Balancei a cabeça negativamente para a preceptora, era obvio que nada estava bem. Eu queria vomitar, estava saindo do conforto da minha casa e indo a uma cidade grande e industrializada. Era claro que eu não estava bem. Queria voltar para a casa de minha avó.
- S/N, conforme-se! Seu casamento já foi arranjado, as famílias estão claramente animadas com essa união. Você não tem escolha.
Não respondi esse desaforo, fiquei quieta olhando pela janela a estrada um pouco molhada pela chuva. O senhor Yeager era realmente cruel. Nunca precisou de mim por ser uma bastarda, ele apenas me mandou para longe para não ter que lidar comigo, mandou-me uma preceptora e só. Muitas vezes eu achava que ele realmente me odiava, nunca mandava cartas, sem presentes. Soube a pouco tempo que tinha dois irmãos. Agora que ele precisava de uma filha mais velha ele decidira me chamar para viver com eles.
Eu não era uma filha, e sim um gado que ele poderia vender. Grisha era um leviano. Teve duas esposas, mas ainda sim teve a pachorra de trair as duas diversas vezes. Em uma dessas vezes eu fui concebida, infelizmente. Mas nunca havia colocado os olhos no meu pai, na realidade eu sempre soube que minha mãe guardava uma foto dele no fundo de uma gaveta de meias, mas nunca tive o interesse de olhar. A verdade era que eu não queria saber do homem que me abandonou.
Agora eu era obrigada a me casar com um Ackerman, um homem que eu nem conhecia, nem ao menos sabia o nome. O que eu podia fazer? Aceitar meu destino como gado. Era a única opção. Eu comecei a chorar de repente, me sentia tão injustiçada, eu só queria viver tranquilamente com a minha avó, porque eu tinha que me casar?
- S/N, não chore... – Mary tentou inutilmente me consolar, colocando sua mão sobre meu ombro, mas eu o tirei rapidamente.
Por uma fração de segundos eu senti meu corpo sendo jogado para o lado bruscamente, olhei para a fora e vi o carro rodar pela janela. Quase vomitei ali mesmo, mas segurei ao máximo ao perceber que estávamos tendo um acidente. O quer tinha acontecido? Eu não sabia.
