Cap. 12 - O Paraíso

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ANNA

- É muito bom ouvir a sua voz. – Disse ele.

- Como conseguiu o meu número?

- Sou um senador agora, tenho os meus meios. – Seu tom despreocupado.

Philip usou do cargo para conseguir meu número pessoal, isso é errado em várias maneiras.

- Não volte a me ligar. – Minha mão está trêmula de nervoso. – Eu não tenho nada para falar com você.

- Gata, não faça isso! Estou com saudades.

Antes que ele pudesse dizer algo mais eu desliguei, bloqueando. O que não é muito efetivo, Phillip tem meu número. Deus, como uma noite tão maravilhosa se transformou em uma manhã horrível.

Tive uma sensação ruim ao ouvir a voz dele. Agora, livre da paixão e do amor, percebo algumas atitudes estranhas. Tudo muito sútil, um comentário vez ou outra sobre minha aparência. Longas ausências, controle sobre meus passos e com quem eu estava. Meus amigos eram os amigos dele, com três anos de relação ele nunca se interessou por conhecer a minha família. Quando estamos apaixonados, temos a tendência de enxergar apenas o lado bom. A pessoa alvo de nosso afeto se torna perfeita, sem defeitos ou falhas. Por isso, para os manipuladores e abusivos é fácil disfarçar sua verdadeira face. É apenas quando nos livramos do sentimento que somos capazes de enxerga-la. Philip não é o homem que eu idealizei, disso eu tenho certeza.

- Srta. Harris, recebemos uma ligação dos federais. – Georgia veio ao meu encontro no corredor. – Eles exigem que o corpo seja liberado imediatamente.

Seguida por ela entrei na minha sala, com tranquilidade coloquei a bolsa de lado e puxei minha cadeira. Georgia está olhando para mim com cara de espanto.

- Artigo 47 do código. Essa foi usada em um caso semelhante, onde a vítima não tinha parentes ou amigos para reclamar o corpo. A promotoria reivindicou a posse até que caso fosse a julgamento.

- Não pensei nisso! – Ela vociferou.

- Eu preparei um ofício com base nesse artigo, está no seu e-mail. Imprima com minha assinatura digital e peça ao juiz de plantão para autorizar. Faça cópias para o xerife, o legista chefe e envie outra para o agente do FBI encarregado.

- Agora mesmo. – Ela disparou para fora.

No mundo das leis é preciso saber usar as regras a nosso favor.

BRIAN

O burburinho da tarde na delegacia é a promotora, a invertida jurídica que deu nos federais lhe gerou um fã clube. Me mantive de fora das conversas, apesar de ter comemorado internamente. Ela é boa no que faz e joga duro.

Pesquisei a placa do carro que nos seguiu, é de Chicago e pertence a uma companhia de segurança privada. Vou usar alguns contatos que tenho lá para descobrir quem está pagando por isso. O padrão deles é alto, seja quem for é cheio da grana.

Daryl, o ex-policial e agressor terá seu caso julgado amanhã, Anna enviará o advogado dela para cuidar de tudo. Sinto apenas pelos filhos dele, eles não têm culpa do canalha que é o pai.

- Rock, conversou com a Liza? – Estamos aguardando o pessoal tático da força tarefa.

- Sim, ela fingiu os sintomas, acredita! Mulher tem cada ideia.

- Por que ela fez isso? – Não me parece algo que Liza faria.

- Não sei. – Respondeu sossegado.

Anna MaeOnde histórias criam vida. Descubra agora