Cap. 05 Confusão

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ANNA MAE

Depois de muitas ameaças a empresa responsável pelos móveis, enviou uma equipe para fazer a montagem. Finalmente terei meus armários, mesa de jantar e aparadores. A casa começa a ficar em ordem, só falta Jesse aparecer e dar um jeito na lavadora. Consegui um jovem para cortar a grama do quintal e da entrada. O aspecto melhorou mil vezes.

- Olá, vizinha! – Acenou a senhora que vive na casa à frente.

- Olá! – Acenei de volta, sem muito entusiasmo.

- O gramado ficou ótimo. – Ela atravessou a rua e se aproximou. – Eu estava pensando em avisa-la, por aqui temos regras para decoração e cuidados com manutenção das casas.

A fitei incrédula.

- Sério, o corretor não listou nenhuma. – Tenho certeza de que vou detestar o restante da conversa.

- Que incompetente! Pois nós temos, somos um bairro de bem. Os moradores daqui, em sua maioria, são famílias. Não admitimos balbúrdia ou pessoas desleixadas. – Senti meu estômago revirar. – Faço parte do conselho de moradores, semana passada uma mulher foi convidada a se retirar do bairro.

- Por quê? – Ela sorriu animada, aquela senhora adora uma fofoca.

- Um caso proibido, com o marido da outra vizinha, um ultraje. – Ela fez uma careta de nojo.

- E o homem, também foi convidado a se mudar?

- Não, ele tem família. A mulher é divorciada, esse tipo de pessoa não deveria ser aceita aqui.

Deus! Quanto baboseira.

- Eu sou solteira, será que não sou bem-vinda? – Fingi temor.

- Eu não disse isso, mas temos muitos pais de família, mulheres solteiras por perto podem ser um problema. – Ela sorriu.

- Ouça, eu odeio pessoas que traem, mas se os homens deste bairro não sabem manter o pênis dentro das calças, que também sejam responsabilizados. – Ela ficou rubra. – Ninguém comete traição ou tem um caso sozinho, a mulher não é a única culpada.

A mulher disparou de volta para a casa dela, estou certa de que serei assunto entre as fofocas das redondezas. Digam o que quiser, odeio pessoas como ela, uma mulher machista, que absurdo.

Vou colocar uma cerca viva na entrada, nenhuma das casa por aqui têm, quero ver qual dos abelhudos irá tentar me barrar. Pois que venham, Anna Mae Harris está pronta!

Georgia trouxe todos os arquivos que pedi, além de conseguir uma cópia da ata feita na reunião que decidiu sobre a concessão das terras indígenas. Algumas coisas não batem, datas de contratos e estudos feitos na região. Um dos nomes que repete na maioria deles é do atual prefeito. Vou precisar de mais tempo para análise, fiz cópias e guardei na bolsa. Não temos permissão para levar arquivos oficiais, deste tipo, para casa.

O meu celular começou a vibrar. Não gosto de atender ligações pessoais durante o horário de trabalho, mas vi o nome de minha mãe na tela.

-Mãe, estou no trabalho. – Disse ao atender.

- Venha para casa, é urgente. – Seu tom nervoso.

- O que aconteceu? – Fiquei preocupada.

- Raymond está ameaçando o homem do banco, eles querem tomar a fazenda. – Senti o terror na voz dela.

- Estou a caminho. – Saltei da cadeira.

Saí correndo, sem avisar Georgia.

Estava dirigindo muito acima do limite permitido, fiz o trajeto até a fazenda na metade do tempo.

Anna MaeOnde histórias criam vida. Descubra agora