Cap. 14 - Porto Seguro

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ANNA

O banco não agiu ilegalmente. Vender uma dívida que está gerando conflito para ser paga, os manteve no lucro. A empresa que tem sede em Nova Iorque. Pelo pouco que LaToya e eu conseguimos descobrir eles não estão no mercado a muito tempo. São do ramo imobiliário, mas qual o interesse em uma fazenda no meio de Montana. LaToya foi para Nova Iorque, ela marcou uma reunião com eles. Meus pais estão aflitos, para distraí-los estamos os encorajando a organizar o festival de outono. Sara se prontificou a ajudar no que for preciso, quando Jesse e eu estivermos ocupados. Holly não demostrou muito interesse, às vezes acho que ela não se importa com os nossos pais.

No trabalho estamos analisando as informações recentes em sigilo, apenas Brian, Peter, o perito em computação e eu sabemos. Brian conseguiu mandar as garotas para uma instituição, que cuida de mulheres em situação semelhante, lá elas têm o apoio e a segurança que precisam. Elas preferiram não contatar a família, como possuem idade legal, não podemos intervir.

Compartilhei com Brian as minhas descobertas sobre o prefeito e a reserva, ele não ficou surpreso. Ainda preciso encontrar a ligação entre eles, para provar algo nesse patamar será necessário investigar a fundo.

- Você está bem? – Brian se aproximou. – Mal tocou na comida.

Vim dormir na casa dele, passei alguns dias na fazenda. Estou preocupada com a saúde dos meus pais, com tanta pressão.

- Estou com medo do que pode acontecer. – Não tenho um bom pressentimento sobre essa mudança de rumo. – O banco era um inimigo conhecido e estavam jogando dentro da lei.

- Eu deveria ter feito a proposta desde o início, tudo isso poderia ter sido evitado. – Lamentou.

- Você agiu no momento certo, não há razão para se sentir culpado. – Terminei de guardar a louça do jantar que ele tirou da lava-louças. – Vamos descobrir quem são e o que querem, LaToya não saí de lá sem respostas.

- Estou à disposição para o que for preciso. – Seu tom verdadeiro.

- Eu sei, obrigada. – Apanhando a mão dele o conduzi para sala. Nos sentamos, ainda de mãos dadas. – Diga-me, como foi o seu dia?

Brian suspirou pesadamente.

-Difícil, às vezes questiono se meu trabalho faz a diferença. – Desabafou. – Não consigo compreender a atitude de algumas pessoas, a falta de empatia e respeito pelo outro.

- O mundo está doente, entretanto devemos nos manter fiéis aos nossos valores. – Meu tom sereno. – Fazer o que é certo, manter a esperança e a fé.

- Esperança é o que tem me movido há alguns anos, mas confesso que em dias como o de hoje, ela falha. – Ele está muito tenso, não gosto de vê-lo assim.

- Ela pode falhar às vezes, só não é permitido perdê-la. – Levantei do sofá. – Venha, vamos subir para que eu possa te fazer uma massagem. Vou cuidar de você, meu bem.

Brian não hesitou.

Relacionamento é uma troca, um lado não pode se doar sozinho. A harmonia está no equilíbrio da entrega entre ambos. Brian se doa e dá importância para o que acontece comigo, eu não sou diferente. Entretanto não é uma obrigação, quando realmente gostamos e somos correspondidos na mesma medida, a troca é natural.

BRIAN

Não disse nada a ela para não a preocupar ainda mais, porém suspeito que a compra dessa dívida foi algo planejado. Alguém com interesse nos Harris, mas não para ajudá-los. Temo que a fazenda esteja perdida para eles. Quem detém a dívida controla o futuro daquelas terras. Espero que meu instinto esteja errado, não quero que Anna sofra.

Anna MaeOnde histórias criam vida. Descubra agora