Cap. 02 - Beijos e Sapos

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Algumas encomendas chegaram, uma cama, armários, utensílio para a cozinha e banheiro. Trouxe muito pouco comigo, apenas roupas, objetos pessoais e as joias que comprei. Aquelas que foram presente de Philip, devolvi. Os porta-retratos estão vazios, queimei nossas fotos na noite que descobri tudo. Sai das redes sociais e mudei o número do celular. Me afastei de tudo que fazia parte da vida com ele, afinal, não passavam de uma farsa. Soube, pelos noticiários ao retornar de viagem, que Philip venceu a campanha. Agora é um senador, com bons índices de aprovação. Um político nato, literalmente.

- Isso é tudo, assine aqui, por favor. – Falou um dos entregadores apressado.

Não me importo com a urgência dele, vou ler cada linha antes de assinar.

- Aqui diz, montagem na entrega. – Fiz um sublinhado com a caneta.

- Não fui informado, apenas assine senhora. – Ele revirou os olhos.

- Nem pensar, eu paguei pela montagem e exijo que seja feita agora. – Meu tom irritado.

- Então não assine, nós estamos de saída. – Ele disparou pelo gramado.

Os homens entram no caminho e foram embora. Fiquei sem reação, a loja onde fiz a compra fica em outra cidade, não posso ir até lá.

- Eles me pagam!

Ao entrar na casa, tropecei em uma das caixas dos armários. A dor só não foi maior que a raiva. Eles as deixaram no corredor de entrada, que serviço de entrega imundo. Pelo menos a cama foi colocada no quarto, junto a cabeceira. Vou passar o dia organizando o possível, e ameaçando aquela loja com um processo. O trabalho aqui não demanda muito, o juizado de Creek não é tão agitado como o de Chicago. A vida pacata é algo que me desacostumei, necessito de ação.

O café de Holly está cheio, felizmente minha irmã está conseguindo prosperar. Ela me arrastou para trás do balcão, com uma funcionária a menos virei atendente.

- Eu não sei preparar cafés, vou espantar os seus clientes. – Disse receosa.

- Apenas tome os pedidos e entregue para Rosa, ela cuidará do resto. – Ela sorriu. – Você enfrenta um tribunal, isso será fácil.

Assim espero.

A princípio quase me confundi com os nomes e sabores, mas logo consegui controlar o fluxo de clientes. Entre eles estavam Georgia e outros rostos familiares, o que fundamenta a teoria de Creek ser um ovo.

- Dois expressos, com creme batido e canela. – Disse, a mulher com longos cabelos castanhos e pele de marfim. – Desta vez coloque luva para copos, a incompetência de sua colega quase queimou minhas mãos.

- Dois expressos, creme batido, canela e luvas. – Repeti enquanto anotava.

- Tenho pressa, garçonete. – Ela finalmente olhou para mim. – Eu conheço você.

Sorri sem humor. Sim, nos conhecemos.

- Olá, Cherry. – Esta é Cherry Walker, estudamos juntas no colegial.

- Virou garçonete! – Ela não escondeu o prazer. – No café da irmã, quanto sucesso.

Não dei resposta, ser garçonete não é ofensa. Vejo que ela continua a mesma esnobe e, certamente, não esqueceu que a derrotei durante três anos no concurso de Rainha de Creek. Sim, eu participei desses estúpidos concursos de beleza. Entregando o pedido dela a Rosa, parti para o próximo cliente.

- Amanhã irá a fazenda, não é?

Questionou Holly ao nos servir com torta de abóbora, aproveitando que o café está fechado nos sentamos para conversar.

Anna MaeOnde histórias criam vida. Descubra agora