Especial de Natal

191 13 8
                                    

Luzes penduradas, uma árvore brilhando, meias em uma lareira. Biscoitos, rabanada e salada de frutas. Um peru, Chester, e aquele arroz com uvas passas.

De repente, coisas que não faríamos no dia a dia, se tornam lindas e dão alegria. Simplesmente porque é natal.

A presença de um Papai Noel para as crianças, e a companhia da família para os mais velhos. Natal não é só sobre presentes, luzes e risadas. É sobre estarmos unidos. Estarmos juntos. Estarmos presentes.

- Aya-Chan! – Chamou Amao, tirando minha atenção da lareira para ele. – Seu chocolate quente.

- Obrigada.

Peguei a caneca de cerâmica nas mãos, sentindo ela se aquecer aos poucos. Estava frio, nevava do lado de fora, mas não o suficiente para fazer um boneco de neve. Embora eu quisesse muito fazer um.

Observei o fogo mais uma vez. Ele iluminava toda a sala, e parecia deixar tudo mais quente. O som da madeira estalando me deixava relaxada, e era tudo que eu podia escutar.

Senti um peso nos meus ombros, sentindo um pano macio deslizar sobre eles. Amao se sentou ao meu lado no sofá em seguida, fazendo-o se mexer com o peso repentino.

Estendeu o braço e sorriu, e não demorou muito para que estivéssemos aninhados um ao outro.

Estávamos quietos, embora pudéssemos fazer barulho no chalé alugado.

Senti a mão leve dele em minha cabeça, fazendo um cafuné. Nossos pés estavam enrolados um no outro, disputando por espaço naquele sofá de couro.

Estava tudo calmo. As únicas pessoas no lugar éramos nós. Todos nossos amigos e familiares já tinham ido para suas casas.

Apenas nós, uma gata e suas miadas, e a neve na porta de casa.

O tik tak do relógio – que marcavam três e pouca da manhã – me dava certa nostalgia. Lembro de passar alguns finais de semana na casa de uma tia distante, e durante as noites, só se ouvia o relógio de parede. Era irritante, mas de alguma forma, reconfortante.

- Você se divertiu hoje? – Perguntou baixinho no meu ouvido.

- Sim. Seus pais são divertidos, eu gostei deles. Devemos convidar eles para o ano novo também?

- Acho que seria uma boa ideia. E os seus? Eles pareciam super apaixonados, até mais que a gente.

Ri do que disse. Embora eles fossem casados há mais de trinta anos, eles ainda pareciam estar presos na época onde começaram a namorar.

Não era ruim, no entanto. As vezes, é uma saco, mas na maior parte do tempo chega a ser engraçado.

- Aqueles dois vão ficar assim pra sempre. – Levantei a cabeça, olhando para ele. O mesmo abaixou seu olhar para mim. – Nós dois também vamos, não é?

- Nós dois? – Acenei com a cabeça. – Apaixonados para sempre? – Acenei novamente. – Se você se comportar, eu posso pensar no seu caso.

- O que? – Sentei no sofá, ficando no meio de suas pernas. Meus braços se cruzaram antes mesmo que eu percebesse, e fiz um bico com cara de raiva. – Você vai “só pensar”?

- Talvez... – Se sentou, me deixando ainda no meio dele. – Eu possa pensar mais rápido se você fizer uma coisa por mim...

- Que coisa?

Um sorriso sacana apareceu em seu rosto. Estremeci. Era um dos lados dele que apenas eu conhecia.

Levantou seu indicador direito, batendo repetidas vezes com ele em sua bochecha. Não precisava falar nada, eu já sabia o que era.

Coloquei minhas mãos em sua mandíbula e o trouxe para mais perto. Dei um beijinho longo e delicado no lugar pedido, vendo-o ficar vermelho de batom ao terminar.

- Isso foi bem... Estimulante. Mas ainda não é o suficiente. Que tal em outro lugar? – Disse com o indicador no canto da boca.

Eu adorava isso. Era totalmente diferente do Amao tímido e romântico que todos conheciam. Ele muda de personalidade quando ele sente que as coisas podem ficar mais interessantes. Embora fosse mais ousado, não deixava de ser romântico.

- Boa garota. – Disse passando a mão sobre minha cabeça. Desceu e acariciou as minhas maçãs do rosto, me puxando para si. – Quer ir para algum outro lugar mais quente?

- Com todo o prazer, meu amor.

O resto do dia não foi tão diferente disso. Não desgrudávamos um do outro, e na manhã a neve era tanta que eu consegui fazer meu boneco de neve.

Ajudei Amao a assar um bolo na nova assadeira dele – A quinta que ele tinha agora, mas ainda assim, ficou feliz como se fosse a primeira que tinha ganhado em sua vida.

Ele me acompanhou na minha caminhada da noite, e aproveitamos para comer na rua.

O resto da semana não foi muito agitada. Apenas passeamos pelos lugares que achávamos bonitos, ou ficávamos em casa de bobeira.

De qualquer forma, o clima natalino permaneceu por um bom tempo.

-:-:-:-  -:-:-:-  -:-:-:-

Muito atrasado, eu sei. Mas veio de qualquer forma.

Yandere ReverseOnde histórias criam vida. Descubra agora