Comi mais um delicioso pedaço de bolo e Jennifer me acompanhou. O pai dela tinha acabado de chegar e ela insistiu que eu esperasse que eles iam me levar de volta para casa. Aceitei a gentileza, até porquê estava anoitecendo e não seria uma boa ideia andar nas ruas sozinha à noite, era perigoso.
Senhor Lancaster me cumprimentou quando surgiu na cozinha, ele tinha ido tomar um banho primeiro. Me despedi da dona Lancaster antes de ir, agradeci ela mais uma vez pelo bolo e por ter deixado eu vir passar a tarde do dia de hoje. Ela me abraçou e me desejou um feliz aniversário, dizendo que eu podia voltar sempre que quisesse.
Eu e Jennifer nos encaminhamos para o lado de fora da casa, esperando seu pai tirar o carro. O caminho foi tranquilo, o pai de Jennifer perguntou se eu tinha gostado do bolo e se tínhamos nos divertido, eu concordei com tudo. A tarde de hoje tinha sido fantástica, tinha sido um dos meus melhores aniversários. A melancólia foi substituída por uma doce alegria.
Ao chegar na rua de casa, pude notar o carro do meu pai já estacionado. O pai de Jennifer parou logo atrás. Eu agradeci a ela pela carona e me despedi deles.
- Até amanhã! - Jennifer me fala sorrindo e acenando.
- Até! - eu digo após sair do carro.
Eu espero senhor Lancaster dar partida para então eu poder entrar. A noite caía, o céu em uma tremenda escuridão anunciando que mais tarde teria chuva.
Abro o portão e sigo para a entrada de casa, quando me aproximo noto que a porta está entreaberta. Entro devagar, olho pela sala em busca do meu pai, e me assusto ao vê-lo sentado no chão, ao seu lado tinha algumas garrafas de vidro já vazias, enquanto ele tomava goles de outra que estava em sua mão, ele se mantinha encostado na parede, seus olhos e nariz estavam vermelhos, aparentemente de chorar. Eu fico perplexa ao presenciar essa cena, isso nunca tinha acontecido, ele bebia mas não exageradamente, e pelas garrafas espalhadas ele tinha feito isso demasiadamente. Eu não sabia o que fazer, se me aproximava ou não. Estava estática pela surpresa.
Foi então que ele me viu parada próximo a porta de entrada.
- Aurora - ele diz com a voz denunciando sua embriaguez. Ele tinha dito o nome da minha mãe.
- Não pai sou eu, Violet - digo com a voz um tanto que preocupada.
Ele me olha por um instante, e toma um gole da sua bebida.
- Ah, Violet! - seu olhar estava me amedrontando, mas tentei manter a calma. Ele estava bêbado tinha que cuidar dele. Meu pai virou mais uma vez a bebida, bebendo pelo gargalo.
- Para de tomar isso! - digo em reprovação.
- Cala boca! - ele grita e eu me assusto com sua reação. Meu coração acelera. Não era meu pai diante de mim e sim uma versão abominável que a bebida tinha despertado.
- Pai - tento soar gentil - por favor, deixa essa bebida de lado, vá tomar um banho... - Ele me olha mais uma vez, e paro de falar com medo do seu olhar.
- Eu não mandei você calar a boca?! - ele fala mais uma vez, e meu coração acelera ainda mais, penso em subir e deixar ele, mas o mesmo continua a falar. - Você me tirou ela.
- O quê? - indago a ele, que começa a chorar, ele coloca a mão sobre os olhos impedindo que eu veja. Mas posso escutar seu soluço.
- Me deixa em paz - ele diz com a voz embargada. - Você se parece tanto com ela - meu pai olha para a parede a sua frente e segura com as duas mãos a garrafa. Agora podia notar as lágrimas escorrem de seus olhos.
Eu engulo em seco e sinto meus olhos encherem também. Meu pai agora me olha e eu tento controlar a respiração.
- Por que você está chorando? - ele me pergunta, mas sou incapaz de responder. - Eu fiz uma pergunta, POR QUE VOCÊ ESTÁ CHORANDO? - ele grita e eu me assusto mais uma vez, as lágrimas embassam a minha vista. Tento controlar o choro e me acalmar. Mas a situação piora quando meu pai arremessa a garrafa de vidro na parede, cacos voam para todos olhos lados. Dou um grito me assustando. E coloco os braços em frente ao rosto como reflexo.
- VOCÊ MATOU ELA - ouço ele gritar. Começo a chorar. Olho para ele, não o reconhecendo. As palavras dele me ferem o peito. Seus olhos cruzam com os meus, me amedrontam outra vez, então me viro e saio correndo porta a fora.
Corro até o portão o abro depressa e saio correndo sem saber para onde ir, atravesso a rua sem olhar para os lados, meu choro agora se torna audível, chego até o poste da esquina e me apoio nele, segurando-o com os dois braços, como forma de um abraço que eu precisava.
Ouço mais um som de garrafa quebrando vindo de casa, e corro pela calçada, estava com a visão embassada pelo choro, acabo tropeçando e caindo de joelhos, me levanto com um pouco de dificuldade, meus joelhos ardem, tinha ralado os dois, mais dor maior era a que estava em meu peito ao lembrar das palavras do meu pai dizendo que eu tinha matado minha mãe.
Olho para o céu negro sobre mim, e choro ainda mais, uma gota d'água atinge meu rosto e depois outra e mais outra. Estava começando a chover. Eu não sabia para onde ir, mas para casa não iria voltar. Jennifer estava longe de mais, então Aidan me venho em mente, corro o mais rápido que posso até a casa dele, a chuva já me molhando o corpo, os pingos estavam gelados, rodeio os braços em meu corpo, tentando me proteger em vão. Os trovões me assustam, mas continuo correndo até a casa de Aidan.
Quando chego em frente a ela, abro o portão depressa, e vou rumo a porta de entrada, desesperada a bato com força, eu tremia com frio, mechas do meu cabelo estavam grudadas no rosto a água escorria pelo meu queixo. Esperei alguém atender a porta. E me aliviei ao ver Aidan a minha frente, sua expressão era de total surpresa.
- Violet! - ele exclama assustado.
...
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Violet
Teen FictionViolet perdeu a mãe no parto, então para ela seu aniversário tinha um significado um tanto quanto doloroso. A jovem garota não entendia como o destino podia ser tão cruel às vezes. O peso da culpa quando a data se aproximava lhe batia a porta do cor...