Meu celular tocou alto, anunciando que eu já tinha que me levantar. Meia desnorteada desligo o despertador. Demoro uns instantes para enfim me levantar, e quando o faço já vou direto para o banheiro jogar uma água no rosto para me acordar de fato. Me visto com o uniforme do colégio, coloco um tênis nos pés. Amaro meu cabelo em um rabo de cavalo, passo perfume e uma maquiagem leve em meu rosto que acaba tampando minhas poucas sardas.
Desço rápido para a cozinha preparar o café, faço torradas e já deixo a mesa preparada para meu pai. Me sento para comer, olho para o relógio no celular, ainda tinha tempo, podia comer tranquilamente. Quando termino subo as escadas para pegar minha bolsa e a maquete, encontro meu pai descendo.
— Bom dia! — digo a ele.
— Bom dia! — ele me olha com o rosto em confusão. — Já tomou café?
— Sim, vou para o colégio mais cedo, hoje é o dia da minha apresentação de geografia em que tenho que levar a maquete.
— Ah, sim! — meu pai concorda. Continuo a subir as escadas enquanto ele desce para a cozinha.
Chego ao meu quarto, coloco a mochila nas costas e pego cuidadosamente minha maquete que eu e Aidan tínhamos construído juntos e desço novamente.
Meu pai ao me ver, vêm até a sala para abrir a porta para mim.
— Boa sorte! — ele diz para mim. E eu sorrio.
— Obrigada, pai! Até mais — digo passando pela porta.
Sigo pelo caminho até o colégio cautelosamente, cuidando para mim não tropeçar. Segurava firme minha maquete.
Passei pelo portão do colégio, já tinha sido meio caminho andado. Gerald, estava próximo a porta e logo já foi me dando bom dia.
— Já tão cedo no colégio, Violet?! — ele fala.
— Vim mais cedo hoje para trazer minha nova maquete! — digo a ele.
— Ela está incrível!
— Obrigada! — agradeço-o, e adentro o colégio.
Caminho calmamente pelo corredor de entrada do colégio, que estava vazio. Viro, passando pelo corredor de armários e me surpreendo ao ver Staci em frente ao seu armário mexendo em alguma coisa dentro dele. Ela logo nota minha presença.
Minha intenção era passar por ela fingindo que não a tinha visto, mas ela logo me chama a atenção.
— Ora, ora, se não é a coitadinha da Violet com seu trabalho ridículo — ela solta um sorrisinho presunçoso em minha direção.
— Se você está tentando me afetar, saiba que falhou miseravelmente — O que essa menina faz tão cedo no colégio?! De todas as pessoas que pudesse encontrar, Staci era a última que eu esperava. — O que faz aqui tão cedo?
— Vim organizar algumas coisas para o baile — ela diz sem emoção.
— Que ótimo, eu já vou indo! — digo passando por ela. Staci se movimenta rápido na minha frente, eu tento me esquivar, mas ela me passa uma rasteira e eu caio imediatamente no chão. Meus braços doem com o choque no chão, minha maquete tinha voado à alguns palmos a minha frente, a olho com os olhos arregalados, todos os planetas haviam descolados e ainda estavam rolando no chão.
Staci ria ao meu lado. Me viro enfurecida para ela.
— Olha o que você fez! — grito com ela. Mas a sua única reação foi segurar o riso.
— Por que você fez isso, sua idiota?! — pergunto me levantando ficando frente a frente com ela.
— Calma aí, foi sem querer — ela diz com um sorriso de escárnio no rosto. Eu queria arrancá-lo com as unhas.
— Você foi longe de mais, aquele era meu trabalho de geografia... — digo com os olhos em lágrimas.
Ela chega perto de mim, me olhando nos olhos.
— Acho que agora consegui te afetar, não é? — ela diz teatralmente.
Meu sangue ferve em minhas veias. Cerro meus punhos, sentindo intensamente minhas unhas na pele. Tento controlar a respiração e a vontade de lhe dar um tapa.
— O que aconteceu aqui? — me viro de imediato encontrando o rosto de Aidan surpreso ao ver meu trabalho ao chão. Ele nos olha ainda perplexo.
— Eu esbarrei sem querer na Violet e o trabalho dela caiu no chão — Staci fala rápido antes que eu pudesse dizer alguma coisa. Olho para ela incrédula.
— Mentira — falo alto. — Ela fez de propósito! — me viro para Aidan. Ele olha para nós duas. Staci faz cara de vítima. Inacreditável.
— Acredita em mim, Aidan. Eu estava pegando as coisas para nós decorarmos que nem vi ela se aproximar... — Staci fingi estar triste, não podia acreditar na sua tamanha cara de pau, mas o pior, não podia acreditar que Aidan ia cair nessa.
— Não foi isso que aconteceu — digo em desespero para Aidan. Meu coração batia forte no peito.
Seu rosto era inexpressivo, mas algo me dizia que ele iria ficar do lado de Staci.
— Olha, Violet, aquele dia que eu derrubei seu trabalho eu também não fiz de propósito, não acho que a Staci faria isso — meus olhos se enchem ainda mais de lágrimas, é claro que ele ia a defender.
— Exatamente isso! — Staci fala calmamente atrás de mim.
— Não é não! — grito enfurecida, pelo que Staci havia feito e por Aidan ter acreditado nela invés de mim.
— Ei, calma, Violet, podemos explicar para o professor que foi só um acidente — Aidan diz suavemente para mim estendendo a mão para me tocar. Mas eu me esquivo.
— Não foi um acidente! — falo ainda com raiva. — Mas você prefere acreditar nessa cobra, tudo bem, não fala mais comigo! — solto tudo para fora olhando magoada para Aidan.
Saio correndo dali, sem olhar para trás.
— Violet — ouço Aidan me gritar. Mas eu não diminuo os passos. Vou até a árvore do pátio do colégio e me escondo atrás dela, caso ele viesse atrás de mim.
Eu não queria conversar, ele preferiu acreditar em Staci, então era melhor ele ficar com ela. Nesse momento eu queria distância dos dois.
Sentada ao pé da árvore repousei minha cabeça nos meus braços estendidos sobre os joelhos. As lágrimas de raiva escorriam dos meus olhos. Eu me sentia injustiçada. Sentia raiva de Staci, por ter sido tão manipuladora e mais ainda por Aidan ter acreditado em seu teatro.
Eu não sabia como encarar o professor novamente sem trabalho, definitivamente eu iria tirar uma nota ruim, eu estava devastada. Mas eu teria que encará-lo, talvez ele fosse benevolente comigo e deixasse eu ao menos fazer minha apresentação para não levar um zero bem redondo.
Limpei as lágrimas do meu rosto e me levantei, algumas pessoas já transitavam pelo pátio, segui rápido para o banheiro, para me recompor.
Pense em coisas positivas, mentalizei.
Inspirei profundamente e depois expirei. Daria tudo certo, assim esperava.
...
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Violet
Teen FictionViolet perdeu a mãe no parto, então para ela seu aniversário tinha um significado um tanto quanto doloroso. A jovem garota não entendia como o destino podia ser tão cruel às vezes. O peso da culpa quando a data se aproximava lhe batia a porta do cor...