Definitivamente todos estavam falando do baile, esse era o assunto do momento com os dias se aproximando para sua realização. A professora teve que pedir umas cinco vezes para que os alunos fizessem silêncio, mas eles estavam empolgados de mais para se segurarem.
Jennifer havia mostrado uma foto do seu vestido, ele era perfeito, em um tom azul marinho, seus ombros ficavam desnudos nele, já que era um tomara que caia, se estendia até o meio de suas coxas, era levemente rodado. Ela havia ficado maravilhosa nele.
Lembrei do vestido que tia Susi havia me dado, ela também pensava que eu iria ao baile. Poderia usá-lo em outra oportunidade. Achei melhor não comentar com ela que tinha desistido porque assim como Jennifer ela ficaria desapontada.
Mas no fim, era melhor assim.
Quando fosse notar o baile já teria passado, as férias começariam e eu poderia tirar um tempo para mim, sair de Strewood, respirar novos ares. E quem sabe quando tudo retornasse eu encararia melhor as coisas.
Pensar nas férias me parecia uma boa ideia, era melhor focar nisso, me manteria distante de pensamentos como Aidan, Staci e em todo mundo comentando sobre como o baile seria legal.
No intervalo me sentei novamente com Jennifer e seus amigos. Era divertido ficar com eles, me sentia menos sozinha e mais alegre. Quando as aulas voltassem depois das férias eu poderia me juntar oficialmente ao clube de xadrez. Pediria ajuda para meu primo Arthur para podermos jogarmos juntos e ir treinando.
Tenho certeza também que enquanto estivesse com eles, Staci ia pensar duas vezes antes de mexer comigo.
Mas sabia também que nossa rivalidade não iria embora tão cedo. Ela merecia uma lição para perceber que quem sempre foi ridícula é ela.
Eu havia dito que iria tentar parar com esses pensmanetos, mas inevitavelmente me vejo no mesmo lugar.
Enquanto tomo meu suco de morango olho de relance para mesa onde Staci e seus amigos sempre sentam. Aidan estava lá, não podia ver seu rosto pois ele estava de costas, mas podia notar que estava cabisbaixo.
Eu sentia falta de voltar com ele para casa, de vê-lo se despedir, de conversar sobre qualquer coisa banal, eu sentia falta do meu coração levemente acelerado quando estava perto dele, sentia falta de olhar em seus olhos focados em mim, e do seu sorriso gentil. Eu sentia falta dele, mas era orgulhosa demais para admitir isso.
Uma lágrima solitária escorreu do meu olho, e mais do que depressa a limpei antes que alguém percebesse.
Jennifer me olhou desconfiada, eu apenas sorri fechado para ela mostrando que estava tudo bem. Ela sorriu de volta e segurou na minha mão. Nossas pulseiras da amizade estavam em ambos os pulsos. Sorri ainda mais, pelo menos eu tinha Jennifer ao meu lado para me trazer um pouco de luz quando eu precisava. Ela era uma verdadeira amiga.
— Você está bem, Vi, parece triste? — Jennifer pergunta quando estávamos saindo para ir para casa. O sol de meio dia estava quente, ardia minha pele descoberta.
— Estou sim, só morrendo de calor — digo a ela.
— Realmente está bem quente — ela diz concordando. — Quando você vai lá em casa? — ela pergunta sorrindo.
Atravessamos o portão do colégio e paramos em frente a ele.
— Você vai mais uma vez me acompanhar? — ela agora pergunta.
Eu assinto. Caminhamos juntas lado a lado para a direção da sua casa.
— Vou em breve — respondo a sua pergunta anterior. — Aí fazemos nossa festa do pijama — sorrio.
— Justamente por isso perguntei — ela ri.
Caminhamos até o final da quadra onde me despedi dela.
Voltei todo o trajeto que havia feito. Alguns alunos passavam por mim. Estava caminhando ligeiro pois queria chegar logo em casa e tomar um banho e me refrescar.
Quando passei novamente pelo colégio, olhei de relance para dentro dele e me assustei ao ver Aidan ainda ali próximo, conversando com um dos meninos da nossa sala. Ele percebe quando eu passo, aperto o caminhar.
— Violet — ouço ele me chamar, mas finjo não ouvir. Olho rápido para a rua, e cruzo para o outro lado. Não diminuo o passo e nem olho para trás.
Sim, eu estava sendo ridícula em fugir dele. Mas toda vez que eu me lembrava que ele não tinha acreditado em mim, meu sangue fervia. Eu não queria me sentir assim, com um misto de sentimentos explodindo dentro de mim. Mas ele estava me causando isso, e eu não estava sabendo como lidar.
Correr, fugir, se esconder. Me parecia o mais seguro a se fazer, sempre deixando os problemas para depois, sempre adiando as coisas, procrastinando. Esse era meu mal.
Suspiro profundamente após chegar em uma esquina, tinha pegado um caminho diferente para minha casa, olhei para trás nenhum sinal de Aidan. Tentava regular minha respiração antes de atravessar a rua.
Após normalizar um pouco, segui para minha residência. Estava pingando suor. Quando cheguei, segui direto para o banho.
Meu pai havia ido para o psicólogo, ele me relatou no almoço como tinha sido, para uma primeira sessão ele disse que até tinha sido boa, que o psicólogo que tinha o atendido era bem simpático e atencioso e que ele não se sentiu tão desconfortável quanto imaginava ficar.
Ficava feliz por ele, ver meu pai se tratando, dando os primeiros passos para melhorar me faziam me orgulhar dele.
A tarde decidi arrumar as coisas em casa, dar uma boa organizada, ocupar meu tempo e minha mente. Após terminar subi para tomar um outro banho. Enquanto escolhia qual roupa vestir, me deparei com o vestido que tia Susi havia me dado.
Ainda enrolada na toalha o peguei. Coloquei na minha frente enquanto olhava meu reflexo no grande espelho do meu quarto. Dei um giro voltando ao mesmo lugar. Ele era incrível.
O olhei uma última vez antes de guardá-lo cuidadosamente.
Por fim, escolhi um shorts florido com uma camiseta branca com um girassol na frente para eu vestir. Após trocada me joguei sobre a minha cama macia, olhando diretamente para o teto.
Queria poder saber o que minha mãe achava sobre tudo isso, queria poder tê-la aqui para me aconselhar sobre Aidan e até mesmo o baile. Eu poderia pedir ajuda para tia Susi, mas eu não queria conversar com ela pelo celular, eu precisava dela pessoalmente para me aconselhar e eu teria que esperar até sábado para ela vir.
Frustrada solto um suspiro.
Me sentia completamente perdida.
...
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Violet
Teen FictionViolet perdeu a mãe no parto, então para ela seu aniversário tinha um significado um tanto quanto doloroso. A jovem garota não entendia como o destino podia ser tão cruel às vezes. O peso da culpa quando a data se aproximava lhe batia a porta do cor...